Imperador recusou tratamento para lidar com grave quadro de depressão após morte do pai
Adriano construiu uma história gloriosa no futebol, mas não esconde que foi atrapalhado por uma forte depressão. Relembrando os passos dentro e fora de campo na biografia “Adriano – meu medo maior”, o ex-jogador trouxe o relato do período em que a Inter de Milão quis interná-lo em uma clínica de reabilitação.
Afetado pela morte do pai, Adriano perdeu o foco na carreira profissional. Ciente da situação, o presidente do clube italiano sugeriu um tratamento na Suíça, mas a opção foi totalmente rechaçada pelo brasileiro.
“O Moratti (presidente) disse daquele jeito sereno e elegante dele. ‘Eu quero te dar uma sugestão. Nós gostaríamos de te mandar para um lugar muito especial’. Eu olhei para a minha mãe. Ela arregalou os olhos. Pegou na minha mão. ‘O doutor Combi vai te explicar os detalhes, para você entender. Ele vai te explicar sobre esse lugar que fica na Suíça. É uma clínica com discrição…’. Neguinho… eu não entendia aquela conversa”.
“O que eles estavam pensando em fazer? Isso mesmo. Queriam me internar. Falaram que eu deveria passar um tempo numa clínica de reabilitação na Suíça. Eu estava deprimido e não tinha noção das coisas direito. Eu não entendia o que eles estavam falando. Que p…de ideia era aquela de me internar? ‘Eu não sou maluco, presidente. Com todo o respeito. Por que vocês estão querendo me mandar para um manicômio?’, eu falei. Comecei a me alterar na reunião. Aquela ideia era absurda. Tu já viu isso? Jogador internado em clínica de reabilitação?”, relatou.
Adriano não se importava com multas na Inter de Milão
Sem o pai presente, Adriano acabou aderindo ao vício alcoólico. Sem o devido comprometimento nos treinos, o Imperador, que também perdeu espaço na seleção brasileira, passou a ser multado com frequência, mas a situação sequer incomodava. Neste cenário, a passagem pela Inter de Milão foi encerrada de forma melancólica.
“Muita gente usa o futebol como válvula de escape, eu precisava de um escape do futebol. Esse escape era a minha família. Meu pai. Quando olhei, ele não estava mais ali. Uma coisa levou a outra, e a bebida se tornou a minha companheira. Continuei chegando atrasado nos treinos.”
“O clube tentava passar um pano na imprensa, eu recebia as multas no meu salário e nem me importava mais. Era tanta grana que eu ganhava, cara. A primeira multa dói. A segunda, tu fica puto. Na terceira, você já nem liga. E isso vale para os dois lados… “Terminei a temporada acima do peso outra vez. Sofri com algumas lesões durante o ano.””, relatou.