Miguel não pode disputar vaga para Paris por causa de uma lesão no tornozelo esquerdo e agora foca na recuperação
Miguel Pupo, atual nº26 do ranking da WSL (World Surf League), vem do mesmo “berço” de Gabriel Medina: Maresias no Litoral Norte de São Paulo. Só que diferente de Medina, que conquistou o bronze nas Olimpíadas de Paris, Miguel encarou uma dura lesão, às vésperas dos Jogos, o que o impossibilitou de disputar uma vaga no megaevento.
Nesta entrevista exclusiva ao Torcedores.com, o surfista de 32 anos fala desse afastamento, rotina de treinos, começo no esporte, e é claro, a chance de disputar uma vaga em Los Angeles 2028.
Confira o bate-papo na íntegra:
Torcedores.com: Como você começou no surf?
Miguel Pupo: Eu comecei na modalidade muito por influência do meu pai (o também surfista Wagner Pupo). Ele esteve no circuito por 16 anos e chegamos a nos enfrentar. A história dele, influenciou meu irmão (Samuel) da mesma maneira, a começar na carreira profissional.
Torcedores: Quem são os maiores surfistas de todos os tempos na sua opinião?
Miguel: Difícil dizer quais são os maiores de todos os tempos, mas acho que seria o Kelly Slater, pelo nome e por tudo que ele fez pelo esporte. Foram 11 títulos, 57 vitórias no WCT, mais de vinte anos entre os melhores da elite. São números muito difíceis de bater.
Mas cada geração tem um grande nome, o Kelly é o maior deles, o próprio Andy (Irons, que faleceu aos 32 anos em 2010), antes de falecer tinha boas vitórias, três títulos mundiais consecutivos. Ainda tem o Mick Fanning, que apesar da mesma geração que o Andy e Kelly, estava bem naquela época. São os nomes que eu considero os maiores.
Torcedores: O que pensa da “Brazilian Storm”?
Miguel: Foi um nome que nasceu no evento de Trestles (Califórnia), em 2011, no qual eu tive a felicidade de vencer. O evento ficou muito conhecido porque nas quartas de final, de oito atletas, seis eram brasileiros. O Brasil tem conquistado títulos mundiais com o Gabriel (Medina), com o Adriano (de Souza, o mineirinho), com o Ítalo (Ferreira) e com o Filipe (Toledo). Há uma geração muito bem sucedida no geral, mas cada um escreveu a sua história e carreira de maneiras diferentes.
Torcedores: Você realizou uma cirurgia no tornozelo no ano passado. Como tem sido sua recuperação?
Miguel: A recuperação é um processo lento, onde exige muita paciência e a gente sempre fica ansioso para voltar para o mar o quanto antes. Mas ao mesmo tempo eu estava em casa, com as minhas filhas. Com isso, eu tentei aproveitar ao máximo esses momentos com elas fora do mar. Procurei me divertir durante esse processo para que não ficasse chato ou maçante. Consegui aproveitar bastante.
Foram quatro meses e meio fora do mar, em que pude aproveitar com elas, conhecer melhor meu corpo, mudei minha dieta para não ganhar muito peso durante a recuperação, já que eu não estava praticando nenhum esporte. Acho que foi algo válido que aconteceu na minha vida e sem dúvida foi algo que me ensinou muito.
Torcedores: Quando vai participar de campeonatos, quais aspectos você mais se atenta?
Miguel: Quando vou para um evento, primeiro presto atenção primeiro no equipamento: testo todas as pranchas e ver qual equipamento é melhor para a condição do mar. Em seguida, vem o exercício, mas como me planejo bem, geralmente eu treino, bem antes dos eventos e chego bem fisicamente. Já, a técnica e saúde mental está tudo relacionado.
Acredito muito nos treinos pré-evento, então se você vem de uma boa rotina em casa, se está acordando cedo, me alimentando bem, feliz com a minha família, e com o surfe no dia a dia, isso reflete nas semanas seguintes. Então, eu sempre tento priorizar o pré-competição, porque sei que o meu desempenho será uma consequência do que eu já venho fazendo.
Torcedores: Qual será o próximo evento que você participará?
Miguel: O próximo evento que eu vou competir agora é só no ano que vem, do dia 27 de janeiro, até o dia 6 de fevereiro, no Havaí. Acabei de participar da segunda fase do Challengers de Saquarema. E com isso, garanti minha vaga na elite do circuito mundial em 2025.
Torcedores: Existe o desejo de competir em Los Angeles 2028?
Miguel: Sem dúvidas, eu tenho o desejo de competir nas Olimpíadas de Los Angeles. Infelizmente, no ano da disputa da vaga para Paris, foi o ano que me lesionei e precisei passar por uma cirurgia no tornozelo esquerdo, e com isso, não tive nem a chance de disputar a vaga e foi algo que doeu muito.
Eu vinha em um ano muito bom em 2022, onde eu terminei em 6º no mundo, e em 2023, o objetivo era estar dentro dos atletas que garantia a vaga para as Olimpíadas. E no terceiro evento do ano eu acabei estourando o ligamento do tornozelo e mais para frente naquele ano eu tentei voltar, mas não deu e realmente precisei de cirurgia. Meu objetivo agora é me manter saudável, competir bem para que eu possa disputar a vaga para Los Angeles em 2027, e estar presente nos Jogos de 2028.