Zetti não é um adepto do estilo moderno em que os goleiros são construtores de jogadas. Destacando a prioridade de bons reflexos e segurança embaixo das traves, o ídolo do São Paulo vê o estilo simples sendo o mais adequado. Porém, como o futebol sofreu mudanças ao longo dos anos, houve uma sinalização de que Jorge Campos e Higuita, que tinham uma grande ousadia em sair da grande área, seriam atletas prestigiados na atualidade.
Na visão de Zetti, o goleiro não tem a obrigação de jogar bonito. Diante da tarefa crucial de realizar defesas, apenas cumprir o dever básico em jogar com os pés é avaliado como o suficiente no futebol atual.
“O Jorge Campos, neste período, estaria muito bem. O cara saia do gol e jogava de centroavante. O Higuita…”, disse Zetti, em live do The Team Legends.
“Mas eu não gosto de falar que é 50% de jogar com os pés e 50% (com as mãos). O goleiro tem que ter 70-80% de ser bom. Jogar com os pés se aprende, faz o essencial… não é dominar no peito e fazer uma graça. É dominar com a bola e dar passe para o companheiro. O atleta profissional tem que fazer, independente de ser bom com os pés ou não, isso é essencial para o goleiro.”, acrescentou.
Sobre o atual momento do futebol brasileiro, Zetti vê uma ausência da principal essência dos goleiros nacionais. Isso porque o tetracampeão do mundo não vê mais uma postura de chamar a responsabilidade e resolver lances complicados.
“Nós estamos perdendo a nossa essência de como joga o goleiro brasileiro que é resolver o problema. Ninguém quer segurar a bola. Segurar a bola que é bom, sair do gol lá em cima…”, opinou.
Zetti lamenta falta de comprometimento à serviço do Brasil
Antes de virar jogador do Brasil, Zetti tinha o sonho de, inicialmente, disputar uma Libertadores. Após ganhar uma chance na seleção, o ex-goleiro encarou um cenário de extrema pressão, algo que não é mais visto devido ao distanciamento dos jogadores.
“O meu sonho não era jogar na seleção brasileira, era jogar a Libertadores. Tinham duas vagas, campeão brasileiro e da Copa do Brasil. Era um sonho disputar uma Libertadores. Eu consegui ir para a Libertadores jogando no São Paulo. O que aconteceu com minha carreira? Fui convocado para a seleção. O meu sonho de ir para a Libertadores me levou para a seleção brasileira.”
“Ganhando de 1 a 0 ou de 5 a 0, tomava porrada. A gente se encolhia. Hoje, acaba o jogo e o cara pega o jatinho fretado e vão para os países que estão. Não escutam nada. ‘Ah, daqui a pouco vai ser convocado de novo’. A seleção não tem esse compromisso de ‘eu tô aqui pela minha pátria’. Chorar quando toca o hino nacional é para poucos.”, afirmou.