Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa o encaixe do “Little Couto” no time de Rafael Paiva através da vitória sobre o Corinthians
É possível afirmar que o retorno de Philippe Coutinho ao Vasco é a grande contratação do ano até o momento por dois motivos simples. O primeiro é qualidade indiscutível do “Little Couto”. E o segundo (e talvez mais significativo) é a identificação do jogador com o clube que o revelou.
Não que isso seja garantia de bom futebol. O futebol brasileiro ainda sofre com um calendário insano e uma série de problemas que já abordamos aqui neste espaço em outros momentos. O próprio Philippe Coutinho sabe que vai enfrentar uma maratona de jogos em gramados de qualidade duvidosa e que será muito exigido na parte física. No entanto, isso não parece incomodar o ídolo vascaíno nesse primeiro momento. Muito pelo contrário.
Fato é que o time do Vasco vai ganhar muito em qualidade com o retorno de “Little Couto“. E não só isso. Ele chega para ser a referência técnica justo num momento em que a equipe comandada por Rafael Paiva está em ascensão. E a vitória sobre o Corinthians nesta quarta-feira (10) prova essa tese.
Vasco mostra consistência e maturidade contra o Corinthians
É verdade que o Vasco não joga um futebol vistoso. Mas a grande virtude dessa equipe é a competitividade. Rafael Paiva conseguiu reequilibrar os setores fazendo mexidas pontuais, organizando o posicionamento dos jogadores em campo e explorando os pontos fortes da sua equipe.
Contra o Corinthians, o Vasco entrou em campo num 4-2-3-1/4-2-4 com Praxedes jogando mais próximo de Vegetti, Adson e David. Mais atrás, Matheus “Cocão” Carvalho e Hugo Moura protegem a zaga que ganhou consistência com as correções no posicionamento. Tirando algumas finalizações de longa distância, o Trem Bala da Colina levou poucos sustos na partida apesar do espaço grande entre os setores. Principalmente entre o meio e o ataque.
Difícil não observar na faixa amarela destacada no frame acima o setor onde Philippe Coutinho mais se sente confortável. Diante disso, o encaixe na equipe parece ser simples. Basta sacar o voluntarioso Praxedes do meio-campo e posicionar o camisa onze logo atrás de Vegetti. Vale lembrar também que o “Little Couto” precisa de espaço para servir os companheiros. E diante da sua qualidade, não é exagero pensar num time que jogue para ele.
Outro ponto que merece a atenção de Rafael Paiva é a recomposição. Por mais que Adson e David venham jogando bem, os dois ainda deixam espaços demais na frente dos laterais Paulo Henrique e Lucas Piton. Rafael Paiva tentou corrigir o problema recuando Praxedes como um volante, mas o Vasco ainda sofreu com algumas investidas do Corinthians pelo lado esquerdo do Vasco, junto o setor onde Philippe Coutinho se sente mais confortável.
Fato é que Philippe Coutinho chega ao Vasco num time mais pronto e mais ajeitado do que Payet encontrou no ano passado. Hoje, a equipe comandada por Rafael Paiva consegue encontrar soluções para furar retrancas e levar a bola ao ataque sem sofrer tanto como sofria há alguns meses. Principalmente na jogada forte da equipe de São Januário, os lançamentos para Lucas Piton na esquerda buscando os cruzamento para Vegetti dentro da área.
A subida do Vasco na tabela do Brasileirão não chega a ser surpresa para este que escreve. O elenco tem sim bons jogadores e sofria com a falta de confiança não faz muito tempo. Nesse ponto, o grande mérito de Rafael Paiva é a escolha pela competitividade e por jogadores que conseguem executar bem aquilo que é pedido em campo. Philippe Coutinho chega nesse contexto para ser o regente, o organizador de jogadas da equipe de São Januário.
Dá pra Philippe Coutinho e Dimitri Payet jogarem juntos?
Depende muito. Payet e Philippe Coutinho poderiam jogar num 4-3-3/4-3-1-2 logo atrás de Vegetti, mas isso enfraqueceria a marcação e deixaria o time do Vasco com apenas sete jogadores voltando para conter espaços. É possível pensar num deles voltando pela esquerda, mas voltaríamos ao problema que a equipe tinha com Ramón Díaz, já que o francês não tinha vigor físico suficiente para auxiliar Lucas Piton no 4-1-4-1 do treinador argentino.
Acaba que a solução mais simples (tomando o time que entrou em campo na vitória contra o Corinthians) é a entrada de Philippe Coutinho no lugar de Praxedes e a adoção de uma formação que varia entre o 4-2-3-1 e o 4-3-3 com “Little Couto” saindo da esquerda para o meio. É nesse setor que ele se sente mais confortável.
É óbvio que existem outras soluções. Rafael Paiva pode encontrar meios de escalar Payet e Coutinho no mesmo time sem perder o equilíbrio defensivo. Seja como for, o Vasco deve sim ganhar muita qualidade com o retorno de um jogador completamente identificado com o clube e que ainda pode render muito. E este que escreve não se surpreenderia se “Little Couto” começasse a ser cogitado para a Seleção Brasileira. Qualidade ele tem de sobra.