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Olimpíadas: conheça os planos de Arthur Elias para a seleção feminina

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica algumas escolhas do treinador brasileiro e analisa a expectativa por uma medalha em Paris

Por Luiz Ferreira em 11/07/2024 15:28 - Atualizado há 5 meses

Arthur Elias comanda treino da Seleção Feminina na Granja Comary. Foto: Fábio Lopes / CBF

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica algumas escolhas do treinador brasileiro e analisa a expectativa por uma medalha em Paris

A vivência e os últimos ciclos da Seleção Feminina deixaram este que escreve mais precavido com alguns discursos. Afinal, não foram poucas as vezes em que vimos as jogadoras exaltarem o trabalho de Arthur Elias e afirmarem que “agora sim o Brasil joga como o Brasil”. Ou algo do gênero.

Seja como for, fato é que a lista divulgada no último dia 2 de julho traz sim algumas surpresas (a presença de Kerolin e a ausência de Cristiane são as que mais chamam a atenção), mas também indicam um caminho. Arthur Elias sabe melhor do que ninguém que vai precisar fazer com que essa Seleção Feminina se apresente num nível que ainda não foi alcaçado sob seu comando se quiser passar de fase nesses Jogos Olímpicos.

Essa necessidade de jogar muito e errar o menos possível ajuda a explicar algumas das escolhas do treinador da Seleção Feminina. A ideia aqui é aliar versatilidade e polivalência sem fazer com que o time fique previsível ou engessado como aconteceu em outros momentos desse ciclo.

As lições deixadas nos amistosos, na Copa Ouro e na She Believes Cup

Não é de se surpreender que Arthur Elias tente “emular” formações do Corinthians na Seleção Feminina. Difícil pensar em outro caminho diante de toda a vivência do treinador e de tudo que as Brabas fizeram no continente sul-americano. Tendo isso em mente, fica mais fácil entender todo o processo.

Contra a Jamaica, por exemplo, vimos a Seleção Feminina demorar para se encontrar em campo depois do gol marcado por Debinha (logo no começo da partida). Nesses dois jogos, Arthur Elias optou por um 4-2-4 que se desdobrava num 2-4-4 com os avanços de Bruninha e Yasmim para junto de Lais Estevam e Duda Sampaio dando suporte a um ataque mais posicional. Apesar de organizado, o Brasil esteve um pouco estático em alguns momentos.

A Seleção Feminina se organizou num 4-2-4/2-4-4 nos amistosos contra a Jamaica no mês de junho. Faltou mobilidade em determinados momentos. Foto: Reprodução / YouTube / GOAT

Esse problema foi resolvido depois das entradas de Marta, Cristiane e Jheniffer no segundo tempo. Aliás, é possível afirmar que a atacante do Corinthians praticamente carimbou seu passaporte para os Jogos Olímpicos depois de balançar as redes duas vezes e ainda dar toda a mobilidade que não existiu na Seleção Feminina no primeiro tempo do segundo amistoso. Não deixa de ser o poder de decisão que faltava nessa partida.

Jheniffer entrou no segundo tempo, marcou dois gols e deu a mobilidade que faltava ao ataque da Seleção Feminina. Passaporte carimbado. Foto: Reprodução / YouTube / GOAT

Não é novidade pra ninguém que Arthur Elias quer uma Seleção Feminina intensa, cobrindo grandes espaços do campo e mantendo a posse de bola no campo de ataque. As duas partidas contra uma Jamaica muito mais fraca do que aquela que disputou a Copa do Mundo de 2023 mostram bem isso. No entanto, a Copa Ouro e (principalmente) a She Believes Cup já tinham deixado as suas lições para o treinador brasileiro em se tratando de Paris 2024.

Kerolin convocada x Cristiane fora da lista final

Para este que escreve, a presença de Kerolin (que não entra em campo há oito meses por conta de uma séria lesão no joelho) entre as convocadas está diretamente ligada à ausência de Cristiane. Tudo porque Arthur Elias identificou um problema sério na sua equipe nos jogos deste ano.

Isso ficou mais evidente nas partidas contra Canadá e Japão pela She Believes Cup. Com Cristiane e Marta em campo, a Seleção Feminina perdia muito da sua mobilidade e velocidade nas transições ofensivas e exigia muito das meio-campistas (que precisavam cobrir muito espaço). Por mais que a nossa Rainha baixasse para organizar o jogo, faltava aquela movimentação que abre espaços no ataque. O time ficou extremamente previsível.

Com Cristiane e Marta em campo, a Seleção Feminina perdeu mobilidade e ficou extremamente previsível. Sobrou qualidade e faltou movimentação. Foto: Reprodução / YouTube / GOAT

Sem a bola, esse problema fica ainda mais evidente. Com Cristiane e Marta menos envolvidas na pressão na saída de bola, a marcação das adversárias ficava por conta da terceira atacante do 3-4-3 de Arthur Elias e das duas volantes. Com esses saltos no campo adversário, a Seleção Feminina perdia compactação e sofria com as investidas das canadenses e japonesas no espaço entrelinhas e nas bolas lançadas às costas da defesa.

Cristiane e Marta não participam da pressão na saída de bola e sobrecarregam o meio-campo da Seleção Feminina. A equipe perdia compactação. Foto: Reprodução / YouTube / GOAT

A aposta (palavras do próprio Arthur Elias na convocação) em Kerolin visa justamente ter mais uma jogadora que se divida a responsabilidade da armação das jogadas com Marta e Duda Sampaio no meio-campo. Eu e você sabemos que ela foi a melhor jogadora do ciclo até a Copa do Mundo de 2023 jogando como volante com Pia Sundhage. E a sua presença no meio-campo pode ser o início da solução do problema da criação das jogadas na Seleção Feminina.

Não há mais espaço para “defesa das amigas” na Seleção Feminina

Compreender as ideias e o plano de jogo de Arthur Elias para a Seleção Feminina não é complicado. Podemos concordar, apontar caminhos e debater outras soluções para os problemas que a equipe apresentou nesse ciclo. No entanto, um dos pontos que mais incomodou este que escreve foi a “defesa das amigas” feitas por colegas de profissão assim que a lista foi divulgada no último dia 2 de julho. Falta bom senso e sobra condescendência.

Não que as escolhas de Arthur Elias sejam perfeitas e estejam imunes às críticas. O ponto aqui é outro. Não há mais espaço para defesa desta ou daquela jogadora veterana na Seleção Feminina. O espaço da “reparação histórica” não existe mais. O Brasil precisa jogar e muito se quiser uma medalha.

Seja como for, a impressão que ficou para este que escreve de toda a repercussão da convocação final para os Jogos Olímpicos é a de que o processo de fritura de Arthur Elias pode começar em breve. Seja através da imprensa (que insiste na “defesa das amigas”) ou até mesmo de ex-atletas, numa demonstração clara de falta de respeito com a geração que aí está. Todos dizem defender a modalidade, mas estão apenas preocupados em não largar o osso.

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