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MLB pretender testar juízes robôs em 2025

Sistema ABS já é usado nas ligas menores, mas ainda gera inseguranças nos jogadores

Thais May Carvalho
Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero e mestranda de Ciências da Comunicação na Universidade de São Paulo, sou colaboradora do Torcedores.com desde 2020. Escrevo sobre diversas modalidades, com foco mais voltado para futebol americano, beisebol, surfe, tênis, futebol, hóquei no gelo e basquete.

Foto: Tim Nwachukwu/Getty Images

Em entrevista coletiva nesta terça-feira (16), o comissário da MLB, Rob Manfred, disse que a liga pretende testar umpires robôs para revisar chamadas de bolas e strikes no spring training de 2025. Se o teste for bem sucedido, a tecnologia pode ser implementada em jogos oficiais já em 2026.

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A Major League Baseball está testando umpires robôs nas ligas menores desde 2019. O sistema, que se chama “automated ball-strike system”, ou ABS, segundo Manfred, já melhorou bastante desde então, com uma precisão de um centésimo de polegada em relação à zona de strike e o acompanhamento perfeito da trajetória da bola, mas mais ajustes precisam ser feitos. “Precisamos de 2025 para fazer testes nos treinamentos de primavera para ver se conseguimos resolver esses problemas, e isso torna 2026 uma possibilidade viável”, disse Manfred.

O problema em questão é qual zona de strike deve ser levada em consideração. Pelas regras, ela é definida como um cubo da largura e profundidade do home plate, e que vai do joelhos aos cotovelos dos rebatedores. Para fazer a chama de strike ou bola, no entanto, o ABS considera somente o ponto em que a bola está atravessando o meio do home plate (a 8.5 polegadas da parte da frente e de trás da base), ignorando, desta forma, se o arremesso passa na zona de strike em qualquer outra parte deste cubo.

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Uma outra pergunta que está em aberto é se o sistema será usado em todas as chamadas ou apenas para desafios. Em 2023, os testes com o ABS começaram no nível Triple A, com metade dos jogos tendo a zona de strike automática em todos arremessos, e a outra metade contando somente com o sistema de desafios, no qual os técnicos têm a possibilidade de contestar as chamadas dos juízes no home plate três vezes. Porém, a partir do feedback dos jogadores e técnicos, no fim de junho deste ano, a MLB decidiu manter apenas o sistema de desafios (que estão certos em 47% das ocasiões nesta temporada). Dessa forma, este deve ser o sistema inicialmente testado pela liga no spring training.

“Há aqueles que se preocupam, mesmo com o sistema de desafio, sobre como a própria zona de ataque será considerada, como será seu formato, quão consistente será, o que acontece em um mundo onde o Wi-Fi cai no estádio ou se a tecnologia der problema”, disse Tony Clark, diretor da Associação de Jogadores da MLB, também em entrevista coletiva. “Estamos vendo esses problemas, embora em estádios das ligas menores. Não queremos acabar num mundo onde, num estádio da liga principal, terminemos com mais perguntas do que respostas sobre a integridade do jogo, ou sobre as chamadas associadas a ele.”

Em maio deste ano, Rob Manfred disse que esperava que o sistema fosse recebido com mais entusiasmo. Mas “os jogadores sentem que um catcher que enquadra bem [o arremesso] faz parte da – se me permitem usar a palavra – arte do jogo, e que se de fato o enquadramento não for mais importante, o tipo de jogador que ocuparia essa posição poderia ser diferente do que é hoje. Você poderia imaginar um mundo onde, em vez de um catcher focar na defesa, ele se tornasse um jogador mais ofensivo. Isso altera a carreira das pessoas. Essas são preocupações reais e legítimas”, falou o comissário da MLB.

Por fim, mais um ponto importante é quão aberto os juízes estão ao uso desta tecnologia. O acordo de trabalhos que eles têm com a liga se encerra no final deste ano, e a forma como o ABS vai ser utilizado no futuro deve fazer parte das negociações do novo acordo.

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Para que a regra seja alterada e os umpires robôs possam ser utilizados na temporada regular, é preciso que o novo sistema seja aprovado pela maioria de um comitê de 11 pessoas formado por quatro jogadores, um árbitro e seis representantes de equipes.

Better Collective