Emerson Leão costumava adotar um estilo firme na função de técnico. Antes de assumir o São Paulo, o profissional sequer cogitava a possibilidade de autorizar que Rogério Ceni seguisse como cobrador de faltas e pênaltis. Isso porque, em sua visão, os jogadores de linha deveriam se esforçar nos treinos e assumir a responsabilidade em questão.
“Hoje se treina muito pouco com bola. Os jogadores aprendem a fazer as coisas com um método muito antigo que é a repetição. Por que o Rogério Ceni batia falta bem? Ele treinava.”
“Eu estou dando uma mea-culpa aqui. Eu falei: ‘Se eu fosse treinador do São Paulo, o Rogério nunca bateria falta e pênalti’. Eu fui convidado para ser treinador do São Paulo, e o Rogério Ceni estava lá treinando.”, contou Leão, ao Palmeiras Cast.
Inicialmente, Leão aplicou uma bronca no elenco do São Paulo. Isso porque o cenário de um goleiro ser o responsável pelas bolas paradas era avaliado como inadmissível. Porém, como Rogério Ceni tinha uma ampla dedicação e qualidade de manter o posto, o comandante, apesar do risco, não quis promover uma mudança drástica. Neste cenário, o ídolo do Tricolor seguiu a caminhada para virar o maior goleiro artilheiro da história do futebol com 131 gols.
“Eu reuni todo o grupo e falei: ‘Vocês não têm vergonha? Um goleiro bater de falta? Ele tem que sair de trás para fazer uma coisa que vocês não sabem fazer? É uma vergonha. Enquanto vocês não melhorarem, ele vai continuar batendo falta. Mesmo que eu não queira’.”
“O handicap dele é muito bom. De cada 50 gols, ele toma um ou dois por bola nas costas dele. Não posso não admitir que é positivo. A repetição com a bola faz as coisas melhorarem.”, prosseguiu.
Leão lamenta ausência de “boleiros” no futebol
Levando em conta uma necessidade básica no convívio diário, Leão acredita que os ex-jogadores deveriam ter mais espaço nos clubes. Como a relação entre diretoria e elenco necessita de um forte elo, o ex-goleiro sugere que os boleiros, donos de uma grande experiência, tenham cargos importantes no futebol brasileiro.
“Eu gostaria que o ex-atleta, alguns com capacidade, estivessem um pouco mais em postos avançados das equipes. Para que eles fossem respaldo para os treinadores e jogadores. Um cara que pudesse dialogar e mostrar alguma coisa.”, afirmou.