Decisivo, driblador, implacável e goleador podem ser alguns adjetivos para definir Vinicius Júnior após o título do Real Madrid na final da Liga dos Campeões. A ótima atuação (mais uma) do brasileiro contra o Borussia Dortmund, neste sábado (1), não só o coloca como sério candidato à Bola de Ouro no final do ano, mas consolida a sua evolução dentro de campo.
Fato é que Vini Jr já escreveu seu nome na história com a camisa do clube merengue. Além de se tornar o primeiro brasileiro a marcar em duas finais da Champions, o camisa sete do Real Madrid teve uma temporada quase perfeita, sempre aparecendo quando sua equipe mais precisou. Seja com gols, assistências ou levando a defesa adversária com seus dribles e arrancadas. Não há como negar que Vinicius Júnior subiu de patamar.
O que eu e você estamos no futebol europeu é a consolidação definitiva do atacante como um dos melhores do mundo com “apenas” 23 anos.
Pressão do Borussia, mudança tática e mais um gol de título
É verdade que o Real Madrid não fez um bom jogo e que Vinicius Júnior (assim como Rodrygo, Bellingham e outros jogadores importantes da equipe merengue) sofreram com a forte marcação do Borussia Dortmund na primeira etapa. Mais do que isso: o 4-4-2/4-3-1-2 inicial de Carlo Ancelotti sofreu para encontrar espaços na bem postada defesa adversária. Com isso, Vini Jr sentiu demais a falta de companhia no setor ofensivo, seja por dentro ou mais pelo lado esquerdo.
Na prática, o camisa sete foi vigiado de perto por Marcel Sabitzer e Julian Ryerson sempre que recebia a bola na intermediária. Mas vale destacar aqui uma das grandes características de Vinicius Júnior: a persistência. O brasileiro dificilmente desiste de algum lance. Mesmo levando a pior de início.
Do outro lado da decisão, o técnico Edin Terzic apostava nas transições rápidas às costas de Nacho Fernández e Rüdiger e viu Adeyemi e Füllkrug desperdiçarem grande chances na frente de Courtois. O Real Madrid tentava manter a bola no ataque e chegar ao gol de Kobel, mas só conseguiu encontrar o melhor caminho quando Bellingham passou a aparecer mais no ataque. Com isso, Rodrygo e o próprio Vinicius Júnior foram ganhando mais confiança e arriscando mais.
O intervalo foi importante para Ancelotti arrumar o Real Madrid em campo e permitir que Vinicius Júnior pudesse fazer aquilo que sabe de melhor: infernizar as defesas adversárias. O treinador italiano trouxe Tony Kroos para fazer a saída de três com Nacho e Rüduger e deixou Camavinga e Valverde aparecendo no espaço às costas dos volantes Emre Can e Sabitzer. O escrete merengue foi ganhando mais volume e passou a controlar melhor o jogo na segunda etapa.
No entanto, ainda faltava aquele “algo mais” que viria com Vinicius Júnior mais insinuante pelo lado esquerdo. Com Rodrygo e Bellingham mais alinhados e Mendy atento na cobertura, o camisa sete ganhou espaço para trabalhar as jogadas pelo lado esquerdo e transformou a vida de Ryerson num verdadeiro inferno. Sem exageros.
O que se via em campo era a mudança do 4-4-2/4-3-1-2 para um 4-3-3 mais compactado e mais incisivo no ataque. O gol de Carvajal (marcado aos 28 minutos do segundo tempo) deu tranquilidade a um Real Madrid organizado e que passou a explorar ainda mais os espaços que apareciam na defesa do Borussia. Exatamente como no passe errado de Maatsen (que não fazia partida ruim) que Bellingham interceptou antes de deixar Vini Jr finalizar de perna esquerda e correr pro abraço.
Notem que Vinicius Júnior jogou por praticamente todos os setores do ataque. Foi o homem mais avançado do time, dividiu o setor ofensivo com Bellingham e Rodrygo e infernizou a vida da defesa do Borussia Dortmund jogando na ponta-esquerda. A compreensão dos espaços e a melhora nas tomadas de decisão permitiram que ele se transformasse no grande nome do Real Madrid na conquista de mais uma Champions League. Decisivo, implacável e insinuante. Esse foi Vini Jr.
Vinícius Júnior e a disputa pela Bola de Ouro da FIFA
A resposta para essa pergunta é simples. Depende do que veremos na Copa América e na Eurocopa. Mas também depende de outros fatores. Na humilde opinião deste que escreve, é muito difícil que a FIFA, a UEFA ou quem quer que seja dê o prêmio para um jogador que ousou colocar o dedo na cara de todos e denunciar o racismo que ainda existe no futebol. Difícil também entender como Vinicius Júnior teve estômago para seguir jogando na Espanha depois de tudo que aconteceu.
Por outro lado, como dizem os antigos, o campo nos mostra o óbvio. Gostem ou não, Vini Jr foi o principal jogador do Real Madrid numa temporada recheada de emoções e que foi coroada com um título invicto de Liga dos Campeões da UEFA. A evolução tática, o trabalho feito por Ancelotti junto ao brasileiro foi fundamental como eu e você vimos
Vinicius Júnior pode não levar a Bola de Ouro da FIFA por conta de uma série de motivos. Mbappé pode carregar a França nas costas e conquistar a Euro para seu país. A Argentina pode conquistar a Copa América e Messi pode levar mais um Ballon d’Or para a coleção. Ou até mesmo podemos ter um outro protagonista nas competições continentais. Seja como for, nada apaga a grande temporada de Vini Jr. Decisivo e protagonista com apenas 23 anos.