Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação da equipe comandada por Dorival Júnior na partida disputada contra os mexicanos neste sábado (8)
É verdade que a Seleção Brasileira encontrou certa dificuldade para vencer o México neste sábado (8). No entanto, a sensação que ficou para este que escreve é a de que as coisas seguiram seu curso normal durante os noventa e poucos minutos de jogo. A vitória foi justa e há coisas boas para se tirar desse jogo.
Isso porque Dorival Júnior conseguiu dar tranquilidade ao time e apostou em jogadores com poucos minutos e alguns estreantes, além de ainda encontrar boas opções para a disputa da Copa América.
O torcedor mais exigente pode não pensar dessa forma, mas o que o campo nos mostrou é que o técnico da Seleção Brasileira tem sim um plano. E por mais que a equipe tenha enfrentado problemas diante da pressão alta do México, o saldo da partida foi sim bastante positivo.
Vale lembrar esse é apenas o terceiro jogo de Dorival Júnior no comando da Seleção Brasileira. Os problemas apresentados na saída de bola (quando o México subia as linhas de marcação) são comuns em equipes ainda sem entrosamento. A frase é bem batida, mas tempo e paciência são essenciais nesse processo.
Time “reserva” começa bem, mas México se impõe e cria problemas
Dorival Júnior mandou a Seleção Brasileira a campo organizada num 4-2-3-1 bem semelhante ao que usou no São Paulo em 2023.
Com Andreas Pereira jogando como meio-campista, o Brasil conseguiu abrir o placar logo aos cinco minutos de partida com a boa escapada de Savinho da direita para dentro e o passe preciso para o camisa 19 fazer um belo gol. E isso sem falar na chance desperdiçada por Gabriel Martinelli num dos primeiros lances do jogo no Kyle Field.
O posicionamento mais à frente de Andreas Pereira e o entrosamento entre Savinho e Yan Couto (companheiros de equipe no Girona) eram as melhores armas ofensivas da Seleção Brasileira.
Ainda que a equipe tenha encontrado dificuldades quando o México subiu a marcação, o escrete canarinho conseguia encontrar espaços usando esses artifícios. Exatamente no desdobramento para o 3-2-5 no lance do gol marcado por Gabriel Martinelli aos nove minutos da segunda etapa.
No entanto, mesmo antes de abrir dois gols de vantagem, a Seleção Brasileira ja sofria com a marcação mais alta do México (que ganhava todas as “segundas bolas”) e forçava o erro na saída de bola com Alisson, Guilherme Arana (mais contido no apoio do que Yan Couto), Éder Militão e Bremer.
Ao mesmo tempo, a equipe também sofria com uma certa falta de mobilidade no campo de ataque, ponto que ajuda a explicar porque Evanílson participou pouco do jogo.
México cresce e empata, mas Endrick salva a Seleção Brasileira mais uma vez
Dorival Júnior mandou Pepê, Endrick e Lucas Paquetá para o jogo, mas a Amarelinha diminuiu demais o ritmo. E foi num erro do camisa oito que o México conseguiu diminuir.
Luis Tomo recupera a bola e passa para Antuna na direita. Guilherme Arana demora para controlar a profundidade e Douglas Luiz deixa Alexis Vega escapar. Quiñones se antecipa a Yan Couto e finaliza para as redes de Alisson. Gol que resume bem a postura frouxa do Brasil na marcação.
As entradas de Vinicius Júnior, Bruno Guimarães e João Gomes não evitaram o segundo gol do México (marcado por Guillermo Martínez) em mais uma falha coletiva da defesa brasileira.
No entanto, apesar da superioridade do adversário, a dupla formada por Vini Júnior e Endrick acabou sendo determinante mais uma vez. O camisa sete se livrou de dois marcadores e colocou a bola na cabeça do novo atacante do Real Madrid. Gol de quem talento e muita estrela.
A vitória (mais suada do que o esperado) sobre o México serviu para dar mais confiança ao elenco da Seleção Brasileira e também para que Dorival Júnior deixasse claro que todos os jogadores são importantes, do veterano ao novato.
Embora alguns estreantes não tenham ido tão bem (notadamente Ederson e Evanílson), há sim como ver um saldo positivo e boas notícias da partida disputada no último sábado (8). Principalmente com alguns nomes pedindo passagem.
Endrick e Andreas Pereira merecem mais minutos em campo
Cada partida conta uma história e a vitória da Seleção Brasileira sobre o México não é diferente. Ainda que o chamado “time reserva” tenha encontrado dificuldades, não é nenhum absurdo concluir que Andreas Pereira tenha deixado uma pulga atrás da orelha de Dorival Júnior.
Ainda mais diante da atuação ruim de Lucas Paquetá e de toda a polêmica envolvendo o meio-campista do West Ham e a denúncia de envolvimento em esquema de apostas.
Já Endrick virou realidade. São três gols em três partidas com a camisa da Seleção Brasileira em 2024 e a leveza de quem saiu de casa pra jogar uma pelada com os amigos na rua. Não seria surpresa nenhuma vê-lo na equipe titular. Por outro lado, Dorival Júnior acerta em cheio quando pede calma com relação ao jovem atacante.
A tendência é que a Seleção Brasileira enfrente os Estados Unidos com uma equipe bem diferente daquela que venceu o México. Ao mesmo tempo, Dorival Júnior sabe que ainda tem muito a fazer no comando da (ainda) única pentacampeã do mundo, mas já vem colhendo coisas boas.
Porém, é sempre bom lembrar que o trabalho ainda está no início e que ele, comissão técnica e elenco ainda precisam de tempo e paciência para fazer as coisas acontecerem.