A sequência de três derrotas seguidas do Santos no Brasileirão da Série B pode ser encarada de várias maneiras. Há a oscilação pela qual toda e qualqquer equipe do país vai sofrer num calendário insano como o nosso. No entanto, existem outros fatores que ajudam a explicar o desempenho ruim do time comandado por Fábio Carille.
O que mais chama a atenção deste que escreve num primeiro momento talvez seja a falta de uma percepção mais clara da realidade do clube. O Santos está batalhando para retornar à elite do futebol brasileiro numa Série B disputadíssima e cheia de armadilhas.
A derrota para o Novorizontino na última sexta-feira (7) não deixou de ser um choque de realidade para um elenco recheado de bons nomes, mas que perdeu consistência neste início de competição.
É óbvio que a crise e as críticas da torcida santista não podem paralisar o clube da Vila Belmiro. Por outro lado, a impressão que ficou de uma das piores atuações do time no ano é a de que alguns ali dentro do clube não entenderam o contexto geral. O Santos está na Série B e precisa recuperar a competitividade o quanto antes.
Desfalques, erros defensivos e mais uma derrota no Brasileirão Série B
Sem Julio Furch, JP Chermont, Tomás Rincón, Guilherme e João Paulo, Fábio Carille apostou em nomes como Rodrigo Ferreira, João Schmidt e Otero para encarar o Novorizontino no Estadio Jorge Ismael de Biasi.
Enquanto o Peixe entrava em campo no 4-2-3-1 costumeiro do seu treinador, Eduardo Baptista mandou o Tigre a campo no seu conhecido 3-4-2-1 com Paulo Vitor e Reverson nas alas e Neto Pessoa formando trio de ataque com Fabrício Daniel e Lucca.
É lógico que os desfalques atrapalham, mas os problemas do Santos parecem ir muito além. A postura mais passiva da equipe nos lances mais importantes do jogo em Novo Horizonte chamaram a atenção deste que escreve.
Primeiro pela péssima recomposição defensiva e depois pela facilidade que Fabrício Daniel, Lucca e Neto Pessoa e todo o ataque do Tigre encontravam para entrar na área santista. O primeiro gol da noite de sexta-feira (7) é um bom exemplo.
Além da postura frouxa e sem intensidade com e sem a bola, o Santos sofreu com os espaços entrelinhas. O gol de empate logo no começo do segundo tempo foi uma das poucas jogadas trabalhadas do escrete comandado por Fábio Carille, mas nem isso resolveu os problemas.
A equipe seguia espaçada demais e os volantes João Schmidt e Diego Pituca eram facilmente batidos por Geovane e Marlon no meio-campo. Com isso, o sistema defensivo ficava sobrecarregado.
A defesa do Santos (antes um ponto alto da equipe) apresentou problemas sérios nos gols de Reverson e Rafael Donato. E embora não tenha desfeito seu 4-2-3-1 tradicional, Fábio Carille tentou dar mais mobilidade ao time com as entradas de Morelos, Pedrinho, Sandry e Hayner, mas sem muito sucesso.
Do outro lado, o Novorizontino se fechou num 4-1-4-1 com as mexidas de Eduardo Baptista e apenas administrou o resultado (justíssimo) até o apito final.
Rodrigo Ferreira e Gabriel Brazão falharam nos três gols do Novorizontino. Gil dá a impressão de desistir de alguns lances em determinados momentos e os volantes Diego Pituca e João Schimidt ficaram sobrecarregados por conta da falta de ajuda na marcação por parte do setor ofensivo.
Está claro para todos que o Santos tem problemas que precisam de soluções rápidas. E não parece que apenas o retorno dos desfalques vai resolver todas essas questões.
Mais do que nunca, o Santos precisa entender (e aceitar) a sua realidade
Conforme mencionado anteriormente, é difícil encontrar uma única explicação para o desempenho ruim do Alvinegro Praiano. Há a oscilação normal de todo o elenco e isso deve ser levado em consideração.
No entanto, fatores como a insatisfação com as longas viagens e o período jogando longe da Vila Belmiro apontam numa direção perigosa. A impressão que fica é a de que elenco, comissão técnica e dirigentes ainda não compreenderam a realidade do clube.
O Santos está no Brasileirão Série B lutando para retornar para a primeira divisão. Isso precisa entrar na cabeça de todos dentro do clube.
A pressão natural com a necessidade de ser protagonista acaba sendo somada ao desgaste emocional por conta das derrotas seguidas e, com isso, o elenco sofre dentro de campo.
As coisas só devem melhorar a partir do momento em que jogadores, comissão técnica e diretoria compreendam e aceitem a realidade do Santos em 2024. E será preciso muita força mental para suportar todas as idas e vindas de uma Série B intensa, complicada e cheia de jogos pesados.
A falta de ritmo, a ‘bronca’ com as viagens longas e todo o resto acabam sendo assuntos muito pequenos diante do que realmente está em jogo para o glorioso Alvinegro Praiano.