Internacional não sairá do Rio Grande do Sul, alerta presidente do clube
Mandatário do Colorado, Alessandro Barcellos, mandou mensagem dura para os clubes que desejam a continuidade do Brasileirão Série A
Os times do Rio Grande do Sul no Brasileirão Série A, Internacional, Grêmio e Juventude, estão impedidos de jogos devido à imensa enchente que atinge o estado e tem tudo para se tornar o maior desastre natural da história do Brasil.
Devido à situação, a CBF confirmou o adiamento dos jogos dos times gaúchos por 20 dias. Entretanto, ao que tudo indica, as equipes não voltarão a disputar jogos tão cedo.
Enquanto os jogadores de ambos os clubes são filmados salvando pessoas em barcos e botes no alagamento que está a ameaçando as vidas de milhares de pessoas ou mesmo trabalhando na distribuição de alimentos nos alojamentos espalhados pela região, clubes do centro do país ofereceram seus estádios e centros de treinamentos para os atletas gaúchos treinares.
Recentemente, Athletico-PR, Palmeiras, Flamengo e São Paulo ofereceram suas estruturas, entretanto, o presidente do Internacional, durante entrevista para o programa Seleção Sportv, recusou a possibilidade:
“Queria deixar uma mensagem muito importante. Em torno dessa informação, de que os clubes estão dispondo as suas estruturas, a gente agradece. Mas a gente quer deixar muito claro isso. Nós não vamos abandonar o nosso povo nesse momento. Nós não vamos sair do Rio Grande do Sul e deixar as pessoas aqui sofrendo. Isso é fundamental nesse momento”, começou falando ele.
“Fica essa mensagem de agradecimento a todos, mas um pedido de compreensão para que a gente possa achar uma solução que pense nas milhões de pessoas que foram atingidas por essa tragédia”, acrescentou.
Presidente do Internacional mandou mensagem dura para aqueles que querem o retorno do futebol
O mandatário colorado ainda acrescentou que o futebol está em segundo plano neste momento, fazendo uma crítica à falta de empatia do meio do esporte:
“Supondo que fôssemos totalmente insensíveis à situação e preocupados com o negócio futebol. Seria possível vir jogar em algum campo que temos aqui? Viajar até Florianópolis e 13 horas de ônibus, porque as entradas da cidade não existem, depois tomarem a água que os outros não têm para tomar?”, falou veemente, ainda avançando:
“Não tomarem banho, voltarem de ônibus e mais um avião. Todos iriam concordar? Dariam W.O. para essas partidas? Essa é a pergunta que tem que se fazer quando começa a se falar em jogar e treinar aqui e ali. Esse é o exercício mínimo de empatia que esperamos que seja feito”, falou.
Em seguida, o presidente ainda mandou uma mensagem forte:
“Desculpa a veemência, mas um pouco do sentimento de quem está dentro da água ajudando as pessoas, não falo de mim, mas da população que trabalha 24 horas de forma solidária, de quem trabalha no futebol, dos mais humildes até o mais alto, que também foi acometido desta tragédia. Estamos bastante abalados e não vamos, de maneira nenhuma, colocar o futebol na frente da vida”, comentou.
Por fim, o presidente tentou esclarecer para aqueles que estão acompanhando a tragédia pela televisão o tamanho a destruição que está acontecendo no Rio Grande do Sul:
“Foi uma medida emergencial e que eu vejo insuficiente para o tamanho da tragédia que estamos vivendo. Sei que é difícil para quem não está aqui ter essa dimensão”, falou.
“Às vezes, as pessoas podem pensar que foi uma região específica da cidade. Não. Foi o estado inteiro, cidades devastadas, Porto Alegre numa situação em que quase nenhum bairro não foi afetado, 85% da cidade sem água. Insuficiente esse tempo para pensar em futebol, inclusive. Uma medida inicial que tira parte do problema urgente, mas não resolve”, concluiu.
O presidente do Grêmio, Alberto Guerra, também mandou mensagem semelhante, mostrando que não existe a possibilidade de se falar em futebol enquanto a população gaúcha luta por sua vida e, mesmo após tudo terminar, deve ficar um longo tempo lamentando pelas incontáveis mortes.