Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Léo Condé e Rogério Ceni e explica como o Leão superou o Tricolor de Aço
Vitória e Bahia protagonizaram uma das partidas mais emocionantes da temporada até o momento. Sem exagero. Se o primeiro tempo no Barradão foi mais amarrado, a segunda etapa foi marcada pelo volume de jogo quase insano do Leão e por uma virada impensável pra muita gente. Jogaço do tamanho da tradição do Ba-Vi.
No entanto, o que mais chamou a atenção deste que escreve foi a passividade dos comandados de Rogério Ceni, problema já abordado aqui no TORCEDORES na partida contra o Caxias pela Copa do Brasil. É verdade que o Bahia tem mais qualidade individual e mais recursos técnicos, mas o Vitória mostrou mais uma vez porque é tão difícil de ser batido dentro do Barradão. A torcida fez sua parte e o time de Léo Condé teve muita entrega e determinação.
Ao mesmo tempo, é difícil entender o que se passou na cabeça de Rogério Ceni ao trazer a sua equipe para trás diante de um adversário que se expunha demais em campo. Sem conseguir proteger a entrada da área do goleiro Marcos Felipe, o Bahia viu Matheus Gonçalves e Iuri Castilho saírem do banco e decidirem o jogo a favor do Vitória.
Primeiro tempo mais amarrado e estudado no Barradão
Para o clássico deste domingo (31), Rogério Ceni montou sua equipe no 4-3-1-2/4-3-3 costumeiro, com Luciano Juba e Thaciano pelos lados, Cauly de “enganche” à frente de Caio Alexandre, Jean Lucas e Everton Ribeiro. Mais atrás, Rezende guardava sua posição enquanto Santiago Arias saía mais para o jogo. Do outro lado, Léo Condé usou um esquema tático semelhante com Dudu, Willian Oliveira e Rodrigo Andrade fechando o meio-campo e Zeca mais preso com relação a PK.
O primeiro tempo do Ba-Vi foi bem amarrado. Isso porque o Bahia encontrou algumas dificuldades para sair da boa marcação do seu rival. Os encaixes eram bem nítidos. Matheusinho saía da esquerda e fechava em cima de Caio Alexandre por dentro, Dudu ficava com Everton Ribeiro, Willian Oliveira vigiava Cauly e Rodrigo Andrade acompanhava Jean Lucas. Mais à frente, Alerrandro (que perdeu gol incrível no primeiro tempo) pressionava Kanu e Victor Cuesta.
Depois da metade da primeira etapa, Everton Ribeiro e Cauly conseguiam escapar desses encaixes e buscaram as tabelas com Jean Lucas, Santiago Arias, Thaciano e Luciano Juba (que começou a ser mais acionado no lado esquerdo). E apesar da maior posse de bola, o Vitória não conseguiu controlar o jogo e viu o Bahia criar as melhores chances até o momento. Faltava criatividade e um pouco mais de capricho no passe para encontrar espaços na defesa adversária.
Do gol “relâmpago” do Bahia à incrível recuperação do Vitória
A superioridade técnica do Bahia se fez presente logo nos primeiros segundos da segunda etapa. Luciano Juba interceptou passe vindo da defesa e lançou Cauly em profundidade no gol de Thaciano. Com o Vitória mais à frente (e Léo Condé abrindo o time com a entrada de Matheus Gonçalves no lugar de Willian Oliveira), Everton Ribeiro, Jean Lucas e Luciano Juba aproveitaram o espaço para trocar passes na jogada do gol do camisa oito aos dezessete minutos.
O gol de Matheus Gonçalves aos 21 minutos colocou uma pressão enorme no Bahia e fez a torcida rubro-negra explodir no Barradão. Enquanto Rogério Ceni trazia sua equipe para trás com David Duarte e Yago Felipe nos lugares de Thaciano e Caio Alexandre, Léo Condé apostou num insano 4-2-4 com Léo Gamalho, Lucas Esteves, Zé Hugo e Iury Castilho. Foi aí que a passividade tomou conta do Tricolor de Aço nos minutos finais, com gols sofridos aos 44 e aos 52 minutos.
Enquanto o Bahia pagava pela passividade que quase custou a classificação na Copa do Brasil, o Vitória era premiado pela resiliência num cenário complicado. Ao mesmo tempo, difícil não notar a redenção de Matheus Gonçalves. Vale lembrar que o camisa 23 foi expulso no último Ba-Vi com dois minutos em campo. E neste domingo (31), a jovem promessa do Leão entrou e mudou completamente a cara do clássico no Barradão. Dois gols e muita movimentação em campo.
E o que esperar do jogo da volta lá na Arena Fonte Nova?
O Vitória conquistou a vantagem do empate para o jogo da volta na Arena Fonte Nova no próximo domingo (7), mas já sabe que o cenário será completamente diferente daquele encontrado no Barradão. Resta saber se o time de Léo Condé vai “sentar em cima” do regulamento do Campeonato Baiano ou se vai aproveitar a pressão que vai estar sobre os ombros do rival para administrar o resultado e (finalmente) voltar a comemorar um título estadual. A conferir.
Já Rogério Ceni reclamou do cansaço, da falta de opções e de mais uma série de coisas na entrevista coletiva. Mas precisa mesmo é corrigir a passividade que toma conta do Bahia em determinados momentos. Não foram poucos os apuros passados por um time que vem prometendo muito e entregando pouco desempenho na atual temporada.