Vitória sobre o México confirma evolução da Seleção Feminina; confira a análise
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca a atuação do Brasil nesta quarta-feira (6) e os testes feitos por Arthur Elias
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca a atuação do Brasil nesta quarta-feira (6) e os testes feitos por Arthur Elias
Cinco vitórias em cinco partidas, com 15 gols marcados e apenas um sofrido. O crescimento da Seleção Feminina sob o comando de Arthur Elias vai além da frieza dos números. O resultado sobre o México e a classificação para a final da Copa Ouro evidenciam um crescimento e melhor entendimento dos conceitos táticos do treinador.
É verdade que o Brasil encontrou certa dificuldade nos primeiros minutos da partida em San Diego por conta da correria imposta pelas mexicanas. No entanto, bastou um erro da equipe comandada por Pedro López para que a Seleção Feminina abrisse o placar com o oportunismo de Adriana aos vinte minutos.
Além disso, a expulsão de Nicolette Hernández facilitou ainda mais a vida do escrete canarinho, que não teve dificuldades para confirmar a vitória.
O que vimos em campo é um Brasil mais coeso e muito mais intenso nas trocas de passe. Destaque para as boas atuações de Yasmim e Antônia (pelos gols e pelo bom posicionamento em campo), para a regularidade de Duda Santos, o bom jogo de Adriana e para a segurança do sistema defensivo com Tarciane e Rafaelle.
Gol de Adriana e expulsão de Hernández mudam o rumo do jogo
Para o jogo desta quarta-feira (6), Arthur Elias fez novas modificações na Seleção Feminina. Ao invés de um 3-4-3 mais nítido, um 4-4-2 que tinha Duda Sampaio mais à esquerda abrindo o corredor para Yasmim, Adriana ocupando bem o lado direito e Debinha um pouco mais à frente de Bia Zaneratto. Passado o início mais brigado da partida, o Brasil conseguiu controlar as ações com a marcação alta e Ary Borges e Duda Santos muito ativas na criação.
O gol de Adriana (marcado aos vinte minutos do primeiro tempo) já foi um baque imenso num México que defendia 22 partidas de invencibilidade. A situação ficou ainda melhor para o Brasil depois que Nicolette Hernández foi expulsa por falta em cima de Bia Zaneratto.
A jogada que provocou o cartão vermelho também mostrou que a Seleção Feminina está executando melhor as saídas rápidas em contra-ataque com Debinha, as “Dudas” Santos e Sampaio e a “Imperatriz”.
É possível discutir se a falta na “Imperatriz” era mesmo uma chance clara e manifesta de gol. Mas o que não se discute é a imprudência da camisa dois mexicana no lance. Com uma jogadora a mais em campo, a Seleção Feminina não encontrou dificuldades para fazer o segundo com um belo chute de esquerda feito por Antônia. A vantagem no placar permitiu que o escrete canarinho controlasse mais o jogo e diminuísse um pouco o ritmo na segunda etapa.
Brasil confirma a vitória na segunda etapa com a “letra” de Yasmim
Logo depois do intervalo, Arthur Elias mandou Yaya e Gabi Portilho para o jogo nos lugares de Ary Borges e Duda Sampaio respectivamente e viu sua equipe chegar ao terceiro gol com um belo toque de letra de Yasmim.
A essa altura, o México já tentava se defender numa espécie de 4-3-2 e a Seleção Feminina concentrava ainda mais jogadoras no terço final. Destaque para a força do lado direito da equipe com Adriana e Gabi Portilho se revezando no setor.
A Seleção Feminina ganhou ainda mais presença ofensiva com Yaya e Gabi Portilho e ganhou em Gabi Nunes (que entrou no lugar de Bia Zaneratto) a referência ofensiva que segura a marcação adversária. O Brasil teve chances de ampliar a vantagem em cima das mexicanas, mas voltou a esbarrar nos erros nas tomadas de decisão e nas finalizações. Mesmo assim, a equipe mostrou uma boa dinâmica ofensiva e a presença de Yasmim quase como uma ponta pela esquerda.
Júlia Bianchi e Aline Gomes entraram nos lugares de Duda Santos e Yasmim mais para descansar as duas melhores jogadoras em campo e administrar o tempo, já que a classificação para a final da Copa Ouro estava assegurada.
Vale destacar também as boas atuações de Rafaelle na construção das jogadas desde o campo de defesa e Tarciane, muito segura na cobertura defensiva e nos botes certos em cima das atacantes mexicanas. Vaga na final mais do que merecida.
Falta de concentração e queda de ritmo são preocupações de Arthur Elias
Apesar da vitória, da classificação e da evolução mostrada dentro de campo, o técnico Arthur Elias não gostou da postura da Seleção Feminina na segunda etapa: “Gostei do comportamento da equipe relativo ao nosso plano de jogo até uma parte do segundo tempo, quando, a partir de então, o México, uma equipe muito qualificada, conseguiu ter oportunidades mesmo com uma jogadora a menos. Isso nos serve de aprendizado e vamos fazer as correções”.
As palavras de Arthur Elias também não deixam de ser um alerta para a final contra os Estados Unidos. O treinador da Seleção Feminina sabe que será preciso adotar a tática do “erro zero e concentração máxima” contra a equipe de Alex Morgan, Jaedyn Shaw, Lindsey Horan e Rose Lavelle. Principalmente se o Brasil quiser ficar com a taça.
Não é impossível vencer o escrete estadunidense e isso já foi provado pelo México nessa mesma Copa Ouro. Além disso, a grande maioria dessas jogadoras já conseguiu atuar em alto nível contra equipes fortes como a Inglaterra e a Alemanha não tem muito tempo.
No entanto, aconteça o que acontecer nesse domingo (10), o saldo dessa Copa Ouro é bem positivo por conta de toda a evolução do time. A Seleção Feminina tem condições de ir mais longe do que muitos pensam.