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Retorno de veteranas e novos testes marcam mais uma convocação da Seleção Feminina

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa o grupo escolhido por Arthur Elias para a disputa da SheBelieves Cup no mês de abril

Por Luiz Ferreira em 16/03/2024 05:05 - Atualizado há 8 meses

Arthur Elias convocou a Seleção Feminina para a disputa da She Believes Cup. Foto: Nayra Halm / Staff Images Woman / CBF

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa o grupo escolhido por Arthur Elias para a disputa da SheBelieves Cup no mês de abril

A seleção nrasileira feminina foi convocada nesta sexta-feira (15) para a disputa da SheBelieves Cup, competição que será realizada nos Estados Unidos. E a lista divulgada pelo técnico Arthur Elias traz os retornos das veteranas Marta, Cristiane e Tamires, além de seguir a linha de testes antes das Olimpíadas.

Vale destacar que apenas sete jogadoras que disputaram a Copa Ouro permaneceram entre as convocadas, sendo que 15 delas atuam no futebol brasileiro e outras cinco ainda não haviam sido chamadas nesse ciclo. Pode ser um indício de que o grupo da Canarinho permanece aberto e também uma tentativa de não deixar as atletas que já têm vaga certa em Paris (pelo menos na cabeça do treinador da Amarelinha) se acomodarem durante a preparação da equipe.

Seja como for, a tendência é que vejamos mais testes e mais experiências na seleção durante essa SheBelieves Cup. O formato do torneio (com semifinal e final) pode ser útil para dar ainda mais competitividade ao time. Por outro lado, Arthur Elias sabe que ainda precisa corrigir alguns problemas.

O que o vice na Copa Ouro deixou de legado para a seleção brasileira feminina?

É verdade que a seleção brasileira feminina saiu da Copa Ouro com um saldo positivo. A equipe mostrou melhor entendimento do que seu técnico deseja. Por outro lado, também ficou provado que esse estilo de jogo exige muita concentração e intensidade. Contra o Panamá, por exemplo, o Brasil se manteve sempre no campo de ataque e se impondo através do 3-4-3 preferido de Arthur Elias. Mesmo assim, a goleada por 5×0 não escondeu alguns problemas coletivos do time.

O Brasil amassou o Panamá com as alas bastante presentes no ataque e um trio ofensivo que prendia as zagueiras adversárias. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

Vale destacar também que o jogo da Canarinho fluía com mais facilidade sempre que a seleção esteve concentrada em cada lance. Principalmente contra adversários mais fracos. A atuação contra a Argentina nos mostrou essa superioridade técnica e tática, mas a equipe encontrou dificuldades quando diminuiu o ritmo e começou a jogar com displicência. O único gol das nossas “hermanas” surge num desses momentos de desatenção.

A Seleção Feminina conseguia se impor diante de adversários mais fracos e colocava até sete jogadoras na intermediária ofensiva. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

Para que o time consiga executar bem esse modelo de jogo proposto por Arthur Elias, a Amarelinha precisa de jogadoras que tenham intensidade e bom preparo físico. Ponto esse que nos leva à utilização das veteranas. Não foram poucas as vezes em que elas estiveram mais apagadas nessa Copa Ouro. Era nítida a falta de alguém que chamasse a reponsabilidade.

Contra o México, por exemplo, a equipe já havia conseguido se impor nos primeiros minutos com as subidas constantes de Gabi Portilho e Yasmim, quase como pontas à moda antiga. Mesmo assim, este que escreve sentia mais a falta de Debinha, Bia Zaneratto e outras atletas que poderiam assumir o protagonismo mesmo contra um adversário mais fraco.

Yasmim e Gabi Portilho foram bem contra o México e o Brasil aproveitou bem a superioridade numérica para impor seu estilo. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

A final contra os Estados Unidos não deixou de ser um “choque de realidade” para a seleção feminina. Apesar do bom início, o Brasil sentiu demais a forte marcação das suas adversárias e chegaram até a apresentar uma certa apatia em alguns momentos. Não por falta de vontade, mas por falta de confiança. Mais uma vez, faltou personalidade por parte das veteranas para chamar a responsabilidade e também mais organização tática diante do maior carrasco da equipe brasileira.

O Brasil encontrou muitas dificuldades diante da forte marcação dos Estados Unidos. Faltou personalidade em alguns momentos. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

Notem que boa parte dos problemas da Canarinho passa não somente pelo entendimento do novo modelo de jogo (o que é natural nesse início de ciclo), mas da falta de combatividade e até mesmo de personalidade de algumas veteranas. Este que escreve compreende o desejo de Arthur Elias de realizar mais testes dentro das suas opções, mas fica difícil entender (e defender) certas escolhas por atletas que não entregaram o desempenho esperado.

E o que esperar da seleção brasileira feminina nessa SheBelieves Cup?

Para este que escreve, Arthur Elias deve tirar suas últimas dúvidas na SheBelieves Cup e decidir qual será o grupo que vai disputar as Olimpíadas. Porém, é bom deixar claro que dificilmente veremos alguma jogadora que ainda não foi chamada aparecendo na lista final. O que é uma pena diante das boas fases de Nycole Raysla e Bruninha, além da presença de nomes que ainda não mostraram bom desempenho na na Canarinho depois de tantos anos.

O prazo curto para testes até Paris 2024 também é um grande obstáculo para Arthur Elias. Há como se assimilar a necessidade de testes e o fato do treinador já ter suas “preferidas”. Mas será que o pouco tempo para avaliações não justificaria a escolha por uma formação base, e a restrição dos testes apenas nos setores onde ainda restam dúvidas?

A SheBelieves Cup será importante para a seleção também como mais um “choque de realidade”. O formato de “mata-mata” vai exigir ainda mais força mental e mais concentração por parte de um elenco que já deveria ter superado esse problema. Ainda mais com o retorno de veteranas que andam deixando a desejar não é de hoje.

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