Classificado para a final, Palmeiras nos apresenta sua faceta mais fria e objetiva
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória do Verdão sobre o Novorizontino e projeta a decisão do Paulista contra o Santos
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória do Verdão sobre o Novorizontino e projeta a decisão do Paulista contra o Santos
É verdade que o Palmeiras não é aquela equipe que enche os olhos dos mais puristas. Só que eu e você precisamos reconhecer que o time sob o comando de Abel Ferreira sabe ser objetivo como poucos no futebol brasileiro e a vitória suada sobre o Novorizontino na última quinta-feira (28) comprova essa tese.
Quem viu a partida se deparou com um Verdão mais preso em seu campo durante a primeira etapa. Os ajustes feitos pelo treinador durante o intervalo, no entanto, deixaram o time mais solto e mais intenso nas trocas de passe. Some essa organização e foco no plano de jogo ao poder de decisão do cada vez mais iluminado Endrick e você terá pela frente um oponente bem difícil de ser batido. Sem exageros de nenhuma parte.
Mesmo sem jogar tão bem como vimos em outras ocasiões, o Palmeiras chega à decisão do Paulistão com méritos. Contudo, as duas partidas contra o Santos exigirão ainda mais da equipe de Abel Ferreira em todos os sentidos e a vitória sobre o Novorizontino já pode ser considerada um “ensaio” para a decisão.
Palmeiras supera a inércia do primeiro tempo e se encontra depois do intervalo
Abel Ferreira preferiu deixar Gustavo Gómez (recuperado de lesão) e Richard Ríos (que serviu a Colômbia na Data FIFA) no banco de reservas. Ele manteve Luan entre os titulares no seu 4-4-2/3-4-2-1 costumeiro e apostou em Endrick e Raphael Veiga buscando Flaco López na frente. Do outro lado, Eduardo Baptista repetiu a escalação do Novorizontino que eliminou o São Paulo nas quartas de final com Rômulo, Waguininho e Neto Pessoa formando o trio ofensivo.
A primeira etapa nos mostrou um Palmeiras mais tomado pela inércia, mas é nesse ponto que entra a aplicação do Novorizontino na marcação e na circulação da bola. A ideia adotada por Eduardo Baptista era simples: compactar as linhas da sua equipe, fechar as linhas de passe e forçar as ligações diretas no seu adversário. Marlon e Geovane marcavam Zé Rafael e Aníbal Moreno de perto e a defesa “encaixotou” Raphael Veiga. O Tigre do Vale esteve melhor em campo.
O que se via era um Novorizontino confortável em campo e um Palmeiras que não conseguia superar a marcação do seu adversário. Rômulo (negociado com o Verdão) fazia boa partida e as conexões entre Marlon, Waguininho e Williean Lepo pelo lado direito (em cima de Piquerez e Murilo). O panorama só mudou após o intervalo, quando Abel Ferreira adiantou mais a marcação da sua equipe.
Com Aníbal Moreno protegendo bem o trio de zagueiros e aparecendo mais no ataque, o Verdão começou a ganhar mais campo. Em um dos únicos vacilos defensivos do Novorizontino, Mayke escapou pela direita e achou Flaco López dentro da área. O argentino apenas escorou para Endrick marcar o único gol da partida no Allianz Parque. A atitude mudou e o resultado veio rápido.
Com a mudança na postura dos jogadores, a segurança defensiva também aumentou. Não foi por acaso que o Novorizontino não conseguiu mais encontrar espaço no campo ofensivo. Abel Ferreira reforçou ainda mais a marcação com as entradas de Richard Ríos e Gabriel Menino. Com os dois jogando à frente de Aníbal Moreno, o Verdão se fechou numa espécie de 3-1-4-2 com Raphael Veiga e Rony mais avançados. E olha que o escrete alviverde teve chances para fazer mais gols.
Mesmo assim, a vitória e a boa atuação coletiva no segundo tempo não diminui a grande partida do Novorizontino. O Tigre do Vale tem organização tática, boas ideias de jogo e não se manteve preso na defesa. Difícil não apontar o time comandado por Eduardo Baptista (que faz grande trabalho) como um dos favoritos no Brasileirão da Série B mesmo com a possível debandada no clube depois do Paulistão. É o tipo de projeto que precisa ganhar continuidade nessa temporada.
E quais são as lições que ficam para a grande final do Campeonato Paulista?
Nem é preciso ser um “gênio” da análise para concluir que o Palmeiras vai encontrar ainda mais dificuldades nessas duas partidas contra o Santos. Além da atmosfera hostil na Vila Belmiro, o escrete comandado por Abel Ferreira vai se deparar com um adversário que sabe encontrar e explorar pontos fracos. O Peixe encontrou sua melhor versão na vitória sobre o Red Bull Bragantino na última quarta-feira (27). Trata-se de um time “cascudo”, aplicado e bastante coeso.
Além disso, o jogo contra o Novorizontino deixou claro que intensidade e concentração são dois elementos fundamentais e inegociáveis numa reta final de competição. Qualquer erro ou postura mais frouxa será punida com toda a certeza. E Abel Ferreira sabe que sua equipe precisa aprender essa lição se quiser levantar mais uma taça no dia 7 de abril.