Liverpool e City dão show de futebol na “última dança” entre Klopp e Guardiola
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as atuações dos Reds e dos Citzens e a briga pelo título da Premier League 2023/24
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as atuações dos Reds e dos Citzens e a briga pelo título da Premier League 2023/24
Jürgen Klopp e Pep Guardiola protagonizaram alguns dos duelos táticos mais intensos e inesquecíveis nesses últimos anos. Nada mais justo que a “última dança” entre os dois brindasse o amante do futebol com um jogaço. E foi exatamente o que Liverpool e Manchester City fizeram nesse domingo (10).
Além dos três pontos, a partida disputada em Anfield Road também valia a liderança da Premier League (que permaneceu com o Arsenal pelo saldo de gols). Independentemente do placar, o que se viu em campo foi mais um jogo digno do tamanho de dois dos maiores treinadores da história. Ainda que City e Liverpool tenham saído de campo frustrados com o empate, a partida nos mostrou o potencial que essas duas equipes ainda têm até o fim temporada.
É verdade também que o resultado final em na casa dos Reds deixa claro que a briga pelo título do “Inglesão” tem tudo para ser a mais emocionante dos últimos anos. Ainda mais com o time de Klopp superando uma série de problemas para encurralar os Cityzens em alguns momentos da partida. As chances perdidas fizeram diferença.
Primeiro tempo de equilíbrio, mas é o City quem abre o placar
Vale lembrar que as duas equipes tinham problemas. Sem Alisson, Alexander-Arnold, Curtis Jones, Diogo Jota e Konaté, Klopp se virou com Joe Gomez e o promissor Conor Bradley nas laterais, Quansah na defesa, Szoboszlai compondo o meio-campo com Endo e Mac Allister e Elliott jogando pela ponta. Já Guardiola não tinha Grealish e manteve seu 3-2-4-1 com Júlian Álvarez e Foden abertos e John Stones subindo para armar o jogo com Rodri, De Bruyne e Bernardo Silva.
O Manchester City dominou as ações no começo da partida sempre pressionando a saída de bola e usando ligações diretas quando era necessário. O Liverpool conseguiu reequilibrar um pouco as ações quando explorava as subidas de Conor Bradley pela direita. Szoboszlai começou a aparecer mais e Mac Allister ditou o ritmo do jogo para os Reds.
O time de Guardiola não é o melhor do mundo por acaso. O repertório de jogadas é imenso e surpreende até os mais atentos. Exatamente como no escanteio cobrado por De Bruyne da direita que encontrou Stones dentro da pequena área. A ação de Aké fechando a passagem de Mac Allister foi fundamental no gol dos Citzens.
Qualquer outra equipe poderia sentir o golpe, menos aquelas treinadas por Jürgen Klopp. Os Reds melhoraram o encaixe nas pressões pós-perda e começaram a roubar mais bolas no campo do seu adversário. No entanto, faltava “colocar o pé na forma”, como diriam os mais antigos. As jogadas saíam sempre bem feitas, mas o time da casa pecava nas finalizações a gol e no último passe, apesar do ataque ter superioridade numérica em vários lances.
Apesar da vantagem do Manchester City no placar, o Liverpool foi para o intervalo inflamado pela atmosfera em Anfield Road e com a certeza de que incomodou seu adversário, apesar dos desfalques. Por sua vez, os Cityzens também levavam perigo nos contra-ataques buscando Foden, Haaland e Júlian Álvarez nas costas da defesa.
Liverpool empata e melhora com as entradas de Salah e Robertson
Logo aos cinco minutos da segunda etapa, Mac Allister (um dos melhores em campo na opinião deste que escreve) empatou cobrando penalidade sofrida por Darwin Núñez. O gol fez com que o Liverpool ganhasse ainda mais confiança na partida. No entanto, o Manchester City se manteve firme no ataque e buscando o espaço às costas dos volantes dos Reds. Com De Bruyne mais próximo do ataque, os Cityzens sempre se impunham quando colocavam sete ou oito jogadores perto da área.
Klopp respondeu com as entradas de Salah e Robertson nos lugares de Bradley e Szoboszlai. Com isso, Joe Gomez foi para a lateral-direita e Elliott formando o meio-campo com Mac Allister e o japonês Endo. A equipe em Anfield Road começou a vencer mais duelos e a acelerar mais as jogadas assim que recuperava a posse da bola.
Com Salah em campo, o Liverpool ganhou uma referência criativa num segundo tempo, muito marcado pela intensidade de ambos os lados. Darwin Núñez cresceu demais no jogo, seja no quesito defensivo defesa ou na puxada de contra-ataques com Luis Díaz sempre que a equipe tinha a bola. Faltou mesmo é capricho nas finalizações, pois não faltaram oportunidades.
Guardiola viu Ortega substituir Ederson após o goleiro brasileiro sair lesionado e dar conta do recado ao mesmo tempo em que acrescentava força física ao City com as entradas de Kovacic e Doku, além das inversões de lado de Foden e Bernardo Silva. O atacante belga chegou a criar grandes chances de gol, mas o que se viu no final da segunda etapa foi um controle maior por parte do Liverpool, ponto que explica o equilíbrio nos números da partida válida pela 28ª rodada do Campeonato Inglês.
Diante do que se viu em Anfield Road, o empate foi o resultado mais justo. Liverpool e Manchester City seguem na briga com o Arsenal e a expectativa pelas últimas rodadas do “Inglesão” são altas, principalmente pela qualidade dos postulantes ao título.
Muito obrigado, futebol!
A “última dança” entre Pep Guardiola e Jürgen Klopp não poderia ter sido melhor. Um jogo repleto de nuances táticas, variações, lances de perigo e um futebol de altíssimo nível. Exatamente como o trabalho feito por estes dois monstros do velho e rude esporte bretão.
Este que escreve confessa que será (no mínimo) estranho não ver os dois na beira do gramado nas próximas temporadas. Mas sempre lembra que Klopp nos deixou mais uma lição importante: o cuidado com a saúde mental.
Você já leu aqui que o futebol é a melhor invenção do homem depois do sorvete de flocos e do pão de queijo. E o jogaço entre Liverpool e Manchester City nos mostrou um pouco dessa magia. Reverenciar figuras como Klopp e Guardiola e agradecer aos céus pela oportunidade de vermos seus times em campo é o mínimo que devemos fazer.