Home Futebol Goleada sobre a Suécia mostra que Portugal ainda merece respeito; confira a análise

Goleada sobre a Suécia mostra que Portugal ainda merece respeito; confira a análise

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca as ideias de Roberto Martínez e a boa atuação coletiva do escrete lusitano

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.
A seleção portuguesa chegou à sua 11ª vitória sob o comando do espanhol Roberto Martínez. Foto: Reprodução / Twitter / Seleções de Portugal

A seleção portuguesa chegou à sua 11ª vitória sob o comando do espanhol Roberto Martínez. Foto: Reprodução / Twitter / Seleções de Portugal

Este que escreve já falou mais de uma vez sobre a brilhante geração da seleção de Portugal. Há jogadores de raro talento e material humano de sobra para formar grandes equipes. E a goleada sobre a Suécia na última quinta-feira (21) prova isso. A “seleção das Quinas” tem um potencial enorme e os números provam isso.

A vitória no Estádio Rei Dom Afonso Henriques (em Guimarães) manteve os 100% de aproveitamento de Portugal sob o comando do espanhol Roberto Martínez desde a sua chegada após a eliminação na Copa do Mundo do Catar. É verdade que os adversários do escrete lusitano foram seleções da segunda ou da terceira prateleira do futebol europeu, mas quem via a equipe sob o comando de Fernando Santos e vê agora, percebe facilmente a diferença.

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A goleada sobre a Suécia foi construída por um time que tinha sete desfalques (além da estrela Cristiano Ronaldo). Mesmo bastante mexido, Portugal foi muito intenso, vertical e inteligente na busca por espaços na defesa sueca. Pode não parecer muita coisa, mas a “seleção das Quinas” mostrou que merece respeito dos rivais.

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Portugal domina o jogo e coloca a Suécia “na roda” com facilidade

Com Cristiano Ronaldo, Diogo Dalot, João Cancelo, Danilo Pereira, Otávio, Rúben Neves, Vitinha e João Félix poupados, o técnico Roberto Martínez apostou numa equipe forte nas transições, mas que mantinha a qualidade no passe. Portugal jogou num 4-1-4-1/4-3-3 com Rafael Leão e Bernardo Silva abertos, Gonçalo Ramos na frente, Semedo mais solto do que Nuno Mendes e um (ótimo) meio-campo formado por João Palhinha, Bruno Fernandes e Matheus Nunes.

Não demorou muito tempo para Portugal colocar os suecos “na roda” literalmente, com os lançamentos para Rafael Leão do lado esquerdo e as chegadas fortes de Semedo pela direita. Além disso, Bruno Fernandes e Matheus Nunes encontravam facilidade demais para jogar na entrelinha da Suécia (que pouco fazia além de lançar bolas para Kulusevski e para a sensação Viktor Gyökeres).

Formação do ataque de Portugal nos contra-ataques.
Portugal encontrou muita facilidade para jogar na entrelinha da Suécia e aproveitou bem as jogadas com Bernardo Silva e Rafael Leão. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

Aos 32 minutos da primeira etapa, Portugal já vencia por dois a zero. E vale destacar aqui a mobilidade do 4-1-4-1/4-3-3 de Roberto Martínez. A passagem forte de Semedo pela direita permitia que Bernardo Silva flutuasse mais por dentro, quase como um camisa dez à moda antiga. Com isso, os volante faziam a ultrapassagem se juntavam a Rafael Leão e Gonçalo Ramos e confundiam a defesa sueca. A “seleção das Quinas” jogava e jogava bem.

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Circulação de Bernardo Silva da direita para dentro no meio-campo português.
Bernardo Silva sai da direita e aparece por dentro e abre espaço para as chegadas de Matheus Nunes e Bernardo Silva na entrelinha sueca. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

O gol marcado por Gonçalo Ramos é um bom exemplo do que a equipe comandada por Roberto Martínez pode fazer quando tem espaço. António Silva faz a trinca de zagueiros com Rúben Dias e Toti Gomes e faz o lançamento preciso para Semedo (que se lança às costas de Augustinsson e Forsberg). Antes disso, Matheus Nunes puxa a marcação e abre o espaço para o salto do camisa dois na profundidade. O escrete lusitano usou muito bem a inversão para o 3-2-5.

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Início do lance do quinto gol de Portugal.
António Silva faz o lançamento para Semedo às costas da última linha de defesa da Suécia enquanto Matheus Nunes arrasta a marcação. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

Os dois gols da Suécia (marcados por Viktor Gyökeres e Gustaf Nilsson) nasceram das poucas jogadas que a equipe comandada por Jon Dahl Tomasson conseguiu criar na partida. Também não deixa de ser até um relaxamento natural do escrete lusitano por conta da ampla vantagem no placar e pelo domínio das ações do jogo em Guimarães. Ainda houve tempo para que Roberto Martínez mandasse nomes como os atacantes Bruma e Jota Silva e o volante João Neves.

Será que Portugal entra como favorito ao título da Eurocopa?

Pela qualidade dos jogadores e pelo que vem mostrando em campo (mesmo contra adversários mais fracos), Portugal pode sim ser apontado como uma das seleções favoritas ao título da Eurocopa. Por outro lado, a impressão que ficou da última edição da Liga das Nações da UEFA e da Copa do Mundo do Catar foi a de que esse elenco ainda precisava de “casca”, ponto que explica as opções de Roberto Martínez pela manutenção de Pepe e do próprio Cristiano Ronaldo no elenco.

É difícil fazer previsões num esporte como o futebol e num nível tão alto de enfrentamento. Certo é que a “seleção das Quinas” parece ter encontrado em Roberto Martínez o caminho certo para fazer essa incrível geração de atletas jogar de acordo com as expectativas. Portugal pode não repetir o feito de 2016, mas mostrou que merece MUITO respeito dos adversários.

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