Flamengo se impõe na base da técnica e ganha boa vantagem em cima do Nova Iguaçu
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como o Fla de Tite conseguiu travar o ímpeto da Laranja Mecânica neste sábado (30)
O Nova Iguaçu sabia que teria que adotar a política do “erro zero” diante do Flamengo neste sábado (30). Acabou que os comandados de Tite se impuseram na base da técnica e construíram uma boa vantagem no “primeiro round” da final do Campeonato Carioca. A tal “partida perfeita” não aconteceu.
Isso porque o Fla controlou bem o ímpeto da “Laranja Mecânica da Baixada” e foi tomando conta do campo adversário até dominar as ações do jogo por completo. Ainda que o ritmo não tenha sido dos mais intensos, a diferença técnica entre as duas equipes e o material humano à disposição dos dois treinadores fez a diferença dentro de campo. O Flamengo se impôs aos poucos e sem forçar tanto, apesar do esforço do Nova Iguaçu.
Mesmo sem empolgar o torcedor, o Fla vai chamando a atenção pela regularidade e pela consistência defensiva (grande problema do time em 2023). Ao mesmo tempo em que arruma a casa lá atrás, Tite melhorou o posicionamento do ataque rubro-negro, potencializando ainda mais o talento de Pedro e Arrascaeta.
Depois do início frenético, Flamengo toma conta do jogo no Maracanã
Flamengo e Nova Iguaçu entraram em campo sem surpresas. O que surpreendeu foi o início da partida no Maracanã. As duas equipes partiram para a “trocação” nos primeiros minutos e a equipe da Baixada Fluminense conseguiu encaixar boas escapadas às costas de Varela. Bill e Maicon Esquerdinha faziam boa dupla no lado esquerdo do time de Carlos Vitor e obrigavam Pulgar a deixar a proteção da última linha para cobrir os espaços deixados pelo lateral uruguaio.
A partir do momento em que corrigiu o posicionamento defensivo foi corrigido, o Flamengo tomou conta do jogo e passou a jogar praticamente o tempo inteiro no campo de ataque. O gol de Pedro (em penalidade sofrida por Ayrton Lucas) deu a tranquilidade necessária para o time trabalhar mais as jogadas. O 4-2-3-1 utilizado por Tite poderia se desdobrar num 3-2-5 (com os avanços de Pulgar) ou até mesmo num 2-4-4 com Pedro e Arrascaeta ocupando a entrelinha.
Vale destacar aqui mais uma boa atuação do uruguaio De la Cruz. O torcedor rubro-negro pode não ver da mesma forma, mas o volume de jogo gerado pelo camisa 18 é impressionante. Seja ajudando na pressão pós-perda ou na distribuição de passes verticais buscando as infiltrações de Everton Cebolinha, Pedro e Arrascaeta. Por outro lado, Luiz Araújo destoou mais uma vez.
O panorama da partida pouco mudou no segundo tempo. O Flamengo seguiu controlando o jogo, mas adotou uma postura um pouco mais pragmática (bem ao gosto de Tite). Ao invés das linhas adiantadas, um bloco mais baixo para explorar os espaços na defesa do Nova Iguaçu. Exatamente como Luiz Araújo fez no lance do segundo do Fla (também marcado por Pedro) aos sete minutos.
O terceiro gol nasce de jogada semelhante. O time recupera a bola, Pedro e Arrascaeta entram na área e Ronald joga contra o próprio gol. Antes disso, Tite já havia sacado De la Cruz, Everton Cebolinha e Pulgar já pensando na Libertadores. O Flamengo manteve a pegada forte no final do jogo com jovens da base como Igor Jesus, Matheus Gonçalves e Vitor Hugo e fizeram o Nova Iguaçu se fechar com Maxsuell Alegria e Bill bem próximos dos laterais.
O que se viu no Maracanã foi o domínio quase que completo de um Flamengo que fez o simples para construir uma boa vantagem na final do Campeonato Carioca. O Nova Iguaçu, por sua vez, fez aquilo que esteve a seu alcance. Rossi chegou a fazer pelo menos duas boas defesas em finalizações de média e longa distância, mas viu seu adversário esbarrar em mais uma grande atuação do sistema defensivo do Fla. Fabrício Bruno e Léo Pereira estiveram muito bem.
Quer mais um “clean sheet”? Chama o Tite!
Os números do SofaScore (ver no tweet no começo desta análise) nos mostra um Flamengo extremamente seguro nesse começo de temporada. Por mais que o nível de exigência do Campeonato Carioca esteja bem abaixo do que a equipe vai encontrar na Libertadores ou no Brasileirão, fato é que Tite vem conseguindo arrumar a casa ao implementar a filosofia do “clean sheet” na sua equipe. Vencer uma partida começa por não tomar gols. Seja quem for o adversário.
Com a defesa bem postada, meio-campo e ataque passam a ganhar mais confiança para buscar os gols. Quem vê o Fla em campo hoje se depara com uma equipe forte na defesa e que é muito difícil de ser vazada. Até mesmo nos clássicos, o comportamento defensivo se manteve o mesmo. O Flamengo pode não encher os olhos, mas passa muita segurança e regularidade. E isso é ótimo.