O desfalque confirmado de Harry Kane no amistoso de sábado (23), entre Brasil e Inglaterra, pode ser comemorado pelos torcedores da seleção brasileira. Mas também por um jogador da seleção inglesa: o meia Jude Bellingham.
Afinal, o atleta do Real Madrid pode ter, na ausência do artilheiro do Bayern de Munique, a oportunidade de mostrar a sua “nova versão” para o técnico Gareth Southgate.
Volante de origem, Bellingham tem jogado numa posição mais adiantada em campo nesta temporada na Espanha. Com Carlo Ancelotti, o inglês atua como um meia-atacante, “atrás” de Vinícius Júnior e Rodrygo, mas à frente do trio de meio-campistas do Real, normalmente formado por Kroos, Tchouaméni e Valverde.
No novo posicionamento, o meio-campista vem atingindo os melhores números da carreira em termos de produção ofensiva. Em 31 jogos com o Real Madrid, são 20 gols marcados e mais nove assistências anotadas.
Para se ter noção, as estatísticas se assemelham, em média de participação em gols por jogo, à primeira temporada de Cristiano Ronaldo pelo Real, e são até melhores que a última de Karim Benzema pela equipe espanhola. Não à toa, Bellingham tem atuado como uma espécie de substituto do francês.
Com a ausência de Harry Kane, portanto, um atacante centralizado, o técnico Southgate pode optar por ter o “Belligol” cumprindo na Inglaterra mesma função que ele exerce na Espanha.
Estilo de Kane favorece “nova posição” de Bellingham na Inglaterra
Mas por que o treinador inglês optaria por adiantar um jogador de meio de campo para o lugar de um atacante? Especialmente quando há outras opções de jogadores “de origem” na posição, como Ivan Toney (Brentford) e Ollie Watkins (Aston Villa).
A resposta — que ainda não foi confirmada, é bom dizer — está mais no estilo de jogo de Harry Kane do que necessariamente no de Bellingham.
Maior artilheiro da história da seleção inglesa, segundo maior goleador de todos os tempos da Premier League e caminhando a passos largos para se tornar o inglês com mais gols na história da Champions League, Kane não é um centroavante convencional.
Dotado de muita qualidade técnica nos fundamentos e dono de uma visão de jogo privilegiada, o atacante do Bayern de Munique atua muitas vezes de dentro para fora da grande área adversária, atraindo a marcação dos zagueiros e encontrando as infiltrações dos jogadores de meio com passes e lançamentos precisos.
Kane é, além de artilheiro do Bayern na temporada (37 gols), o maior assistente dos Bávaros, ao lado do ponta Leroy Sané. Ambos têm 12 passes para gols anotados.
Assim, pensando em manutenção de estilo de jogo e certos mecanismos dentro de campo, a opção de Bellingham no lugar de Harry Kane se justifica. O meia, afinal, tem por tendência buscar áreas mais recuadas no campo para atuar, mesmo quando escalado mais à frente.
Enquanto isso, Toney e Watkins tem características mais tradicionais quando se pensa em centroavante. Atuam mais dentro da área e buscam mais as costas dos zagueiros do que a dos volantes adversários.
Se Bellingham irá ou não atuar mais adiantado, e se isso será ou não benéfico para ele, só saberemos às 16h de sábado (23), quando Brasil e Inglaterra entram em campo no estádio de Wembley, em Londres.