Jogador “problema” para o São Paulo, “melhor versão” de Bellingham e mais: Bruno Formiga analisa Paulistão e Champions League em entrevista EXCLUSIVA
Comentarista conversou com o Torcedores.com sobre as retas finais das principais competições transmitidas pela TNT Sports
A ideia era entrevistar Bruno Formiga pessoalmente. Refutá-lo e instigá-lo a aprofundar suas respostas, a expandir suas ideias e fugir de lugares comuns, que muitas vezes prendem os comentaristas nos debates mais apressados da televisão.
Por um problema de agenda, especialmente cheia neste momento de decisões tanto na Europa como no Brasil, o papo acabou virando remoto. E por um problema de internet — a minha, no caso — , o debate acabou virando uma conversa no WhatsApp.
Mas tamanha é a vivência e o conhecimento do Bruno Formiga em relação ao futebol, que o que era pra ser uma discussão enriquecedora, virou uma amostra, igualmente enriquecedora, de como um dos comentaristas mais influentes da mídia esportiva enxerga o futebol de hoje em dia, seja o brasileiro, seja o internacional.
A ocasião da entrevista é um dos momentos mais importantes para o Bruno e o seu canal, a TNT Sports, no ano: a culminação dos dois principais eventos transmitidos pela emissora, as semifinais do Paulistão e as quartas da Champions League 2023-24.
Entre a análise do estado competitivo dos quatro grandes times de São Paulo e o equilíbrio financeiro da grande competição europeia, Formiga trouxe análises valiosas sobre alguns dos principais times brasileiros e muitos dos melhores jogadores do mundo. Melhor, o fez se balizando no inevitável pragmatismo do futebol de alto nível, mas sem deixar de considerar um ideal de um bom futebol, de um jogo agradável de se assistir.
Abaixo você confere o resultado dessa conversa — que era para ter sido uma chamada e que antes mesmo era para ter sido uma entrevista — na íntegra. As perguntas e respostas foram editadas para melhor compreensão e para uma adequação do tamanho do texto. Boa leitura!
Entrevista com Bruno Formiga
Pergunta: Segundo ano consecutivo de Paulistão, com um grande eliminado na fase de grupos, e um outro grande que é eliminado nas quartas de final. O que que tá rolando, tem alguma coisa em comum entre esses anos? É mais problema nos grandes, os times do interior estão mais fortes ultimamente, o que que você acha?
Bruno Formiga: Cara, eu acho que tem dois pontos e que não são novidades no Campeonato Paulista. Primeiro a força das outras equipes, que não as ditas grandes. Tem muito dinheiro envolvido, são cidades e clubes com estrutura e com capacidade para tirar jogadores de vários outros clubes de outros lugares. Porque eles (jogadores) querem jogar o primeiro semestre no Paulista, eles sabem que vão receber salários melhores, vão viver em cidades muito legais, com boa qualidade de vida e tudo, e vão fazer o primeiro semestre valer a pena. Depois tem a fórmula de disputa, em ser jogo único (nas quartas e nas semis), acho que deixa a coisa ainda mais propícia a “surpresas”. Mas eu acho que no Paulista a gente não pode tratar como surpresa, porque ele é tido, e corretamente, como o campeonato estadual mais equilibrado e mais forte do país, justamente porque é capaz de proporcionar essas situações.
Falando um pouquinho primeiro de quem ficou no caminho, no caso o São Paulo, rolaram algumas críticas em relação ao Carpini pela escalação contra o Novorizontino, dele ter supostamente escalado um time com quatro atacantes. Pensando nisso, você acha que o elenco do São Paulo tem algum problema de encaixe, principalmente pensando nos principais jogadores? Porque na teoria o Lucas, o James Rodríguez, o Luciano, se eles não estão na mesma posição, então eles estão na mesma faixa do campo, um corredor mais central. Você acha que isso é um problema numa montagem de elenco, ainda mais pensando que são jogadores que na teoria deveriam ser titulares?
Eu acho o elenco do São Paulo esse ano melhor que o do ano do Dorival — acho que é o melhor elenco do São Paulo em algum tempo inclusive. Mas não é que tem problema de encaixe, eu acho que tem alguns jogadores com problema de serem encaixados. Por exemplo, no “São Paulo Prime”, com todo mundo à disposição, eu acho que fica difícil para o Luciano. Ele não gosta de jogar de “nove”, ele não gosta de jogar na ponta, ele gosta de jogar justamente na função que é onde o Lucas rende mais. E ainda tem hoje esse apelo por um James que parece dar alguns sinais de que poderia render alguma coisa.
O James eu imagino e vejo nesse primeiro momento como reserva, a não ser que o Lucas volte a jogar aberto pro James fazer aquela função ali de “dez”. E em termos de peça eu acho que falta ao São Paulo um substituto ou um companheiro à altura pro Caleri, mas no mais é um elenco extremamente competitivo — quer dizer, “extremamente” é forte, é um elenco competitivo, ponto. Acho que hoje tá numa segunda prateleira ali. Se na primeira a gente tem Palmeiras, Flamengo, Inter e Atlético-MG, o São Paulo ficaria ali numa segunda prateleira.
Agora falando de quem continua, no caso o Palmeiras. Você vê o Verdão, especialmente com esse último confronto contra a Ponte Preta, fazendo uma “pré-temporada estendida” durante a fase de grupos do Paulistão? O nível de atuação e até as ideias que o Abel Ferreira colocou em campo no Palmeiras, até o nível de concentração dos jogadores, tudo foi bastante diferente do que a gente viu em praticamente todos os jogos da fase de grupos. Talvez só ali contra o Corinthians a gente tenha visto uma atuação tão sólida quanto a das quartas, Quer dizer, pelo menos antes do empate do Timão.
Me lembrou um pouco, mal comparando, o Manchester City na primeira fase da Champions League. Nem engatou a quinta marcha, ele foi levando ali, usando um time misto em alguns momentos, rodando umas peças e engrenando, engrenando, engrenando. Na real o City jogou uma vez com o time titular, força máxima, que foi no primeiro jogo das oitavas. No geral, administrou. E eu acho que o Palmeiras está em quarta marcha ainda. É o franco favorito. Não vejo nenhuma equipe, ainda mais em dois jogos, que possa ter mais força que o Palmeiras. Pode acontecer do Palmeiras não ganhar o campeonato? Pode, porque eu acho que o risco, talvez mais do que na final, é na semifinal. Como a semifinal é em jogo único, aí existe um risco. Na final em dois jogos, eu acho pouco provável.
Falando especificamente do esquema do Palmeiras, você acha que às vezes o Abel Ferreira não é cauteloso demais?
Eu acho ele um cara precavido. O Abel vem de uma escola — e aí não é só ele, a gente olha outros portugueses que pensam da mesma forma, por exemplo, o Mourinho que eu acho que é o maior expoente, eles são muito camaleões, eles se adaptam muito ao adversário —, acho que a prioridade dele, e ele já falou isso algumas vezes, primeiro é tirar o que o adversário tem de bom e depois explorar o que ele tem de ruim. Então acho que o Abel às vezes olha muito mais para o outro do que para si e isso talvez dê essa sensação de um técnico um pouco mais conservador. Mas não vejo muito problema nisso não.
Apesar da grande atuação que o Mayke teve contra a Ponte Preta, ele é um lateral que acaba atuando mais avançado, muitas vezes atuando como um ponta. Não valeria, por exemplo,ter um ponta de verdade, tentar encaixar ele defensivamente do que fazer o contrário?
Ali na direita eu gostaria de ver mais o Endrick. Eu gosto de ver o Endrick fora da área, gosto bem, ele fez alguns ótimos jogos assim, inclusive contra o Boca Juniors (na semifinal da Libertadores 2023). Eu gosto dele livre, mas eu entendo que tem um aspecto sem bola que o Abel não quer abrir mão, ainda mais contra alguns adversários.
Para fechar o Paulistão, Santos. Você vê o Santos forte para conseguir conquistar o título? E principalmente, vê o Santos pronto para encarar uma Série B, depois dessa reconstrução que o time fez durante o Paulistão?
O Santos está muito bem para o objetivo de verdade que é voltar para o Brasileirão Série A. Para a Série B o elenco do Santos está bom e está com muito perfil de um time que vai subir, não tranquilo, mas vai subir bem. Não é o favorito do Paulista, não sei nem se é favorito contra o Red Bull Bragantino.
O jogo contra a Portuguesa mostrou problemas seríssimos de criação,e aí mirando até a Série B, acho que existe um sinal de alerta. Porque naquele jogo e no anterior, contra a Inter de Limeira, o Santos vai encontrar um perfil muito parecido com o que ele vai encarar na Série B. Ali faltou muita ligação entre os setores, uma transição mais rápida. O Cazares não acho que é o cara para fazer esse papel, claramente é o Giuliano, mas tem que ver o quanto ele vai aguentar. O Santos é um time bom para o que ele se propõe no ano, que é voltar para a série A. Ganhar o Paulista é lucro. E não acho que esteja forte a ponto de entrar de igual para igual contra o Palmeiras numa eventual final. Eu acho que o Palmeiras é o grande favorito contra qualquer um.
Agora passando um pouco para a Champions League: 14 dos 16 mais ricos times da Champions (23-24) passaram para as oitavas. Nas quartas, 6 dos 8 das quartas estão entre os 10 mais ricos clubes do mundo — e Borussia Dortmund e Atlético de Madrid, estão entre os 15 mais ricos do mundo. Já dá para dizer que a gente já tem uma Superliga na Champions League?
Na verdade a gente está numa Super Liga já tem um tempo. A Champions League é uma Super Liga. Só está lá quem é muito rico e só vai passando quem é muito rico. É muito difícil você ter o futebol de altíssimo nível de primeira prateleira sendo feito sem muita grana, até porque quem está recorrentemente na Champions está ganhando muito, né?
Porque ganha por vitória, ganha por empate, ganha por passar de fase, é uma coisa que se retroalimenta. Se a gente for olhar no século XXI, quantas surpresas a gente teve? Ou pelo menos o que a gente pode chamar de surpresa. Teve o Málaga, aí em uma outra temporada você teve aquela final completamente atípica de Mônaco e Porto, que foge totalmente da regra.
Então eu, nesse ponto, acho que eu tenho um outro olhar, assim. A Superliga, ela quer irs além, né? Ela não está preocupada só com o dinheiro, ela está preocupada com a grife. Inclusive, numa proposta inicial, eles estavam botando muita gente na Superliga que nem ricaço é hoje, assim. Tipo o Milan
A La Liga, a Premier League, a Serie A (Itália), nesse sentido estão mais imprevisíveis. Teve o título do Napoli no ano passado, a campanha que o Girona fez esse ano, até que o Arsenal, ainda que ele se encaixe dentro dos mais ricos, né? Muda um pouco a história em relação ao Liverpool e ao Manchester City.
Você sempre você vai ter uma ou outra figura ali incomodando. A gente já teve, você citou o Napoli, mas o Napoli na própria Champions fez bonito. Há uns anos atrás a gente teve a Atalanta, o Ajax, que, putz, assim, hoje pode não ser rico, mas é uma grife e é um clube grande, então eu não consigo olhar pra isso de maneira negativa porque, cara, a gente tá vivendo algo muito parecido, ou até pior, inclusive, eu acho, na Libertadores.
Agora entrando especificamente um pouco mais nos confrontos, Real e City eu acho que você vai concordar comigo que é o confronto mais legal, de maior apelo. Pensando um pouco nos destaques dos times, pelo Manchester City a gente tem o Haaland fazendo muito gol, mas talvez os caras que estão se destacando mais individualmente sejam o Phil Foden, talvez o Rodri, o Bernardo Silva, que são caras que não são exatamente estrelas do futebol. Isso me deixa pensando se o Guardiola, além de ser um ótimo técnico no perfil tático, no perfil motivador, se ele não é um grande formador de jogadores, formador de craques. Fico pensando se eles não seria um dos maiores, se não o maior, nesse sentido, no futebol mundial.
Eu não sei se “formador” é o nome, mas eu usaria o termo lapidador. Eu acho que ninguém tem lapidado tão bem os jogadores quanto o Guardiola. Ele tira a melhor versão dos caras. E a gente viu ele fazer isso com “N” jogadores, inclusive com Sterling lá atrás no próprio City. Quando ele (Guardiola) chegou (o Sterling) já era um contratado e tratado como uma negociação que não deu certo, um dinheiro mal gasto. E ele pegou o Sterling e transformou em um dos melhores pontas, e em, pelo menos em duas temporadas, foi um dos destaques.
Mas de fato ele pega os caras e transforma, né? Às vezes fazendo o básico, ensinando um domínio, um domínio orientado, uma tomada de decisão. O Danilo, hoje capitão da Juventus, falou muito sobre isso, o quanto a cabeça explode quando você é treinado pelo Guardiola. É aquela coisa, a galera acha que sabe jogar. Quando é treinado pelo Guardiola vê que o futebol é outra coisa. E se você for ver, a gente faz muito o “Mano a Mano” lá na TNT (comparação entre times), e o City perde um monte de vezes.
Porque o City não tem o 11 ideal do mundo. Faz aí uma seleção do mundo hoje. É bem provável que as pessoas peguem, sei lá, dois jogadores do City, três no máximo. Vamos ali pegar um Rodri, um De Bruyne, um Haaland, e olha lá, é capaz de pegar às vezes só dois, ou dependendo do time, tu pega só um. Então o Guardiola gastou muito, na verdade, porque a Premier League já naturalmente faz todo mundo ser mais caro para o mercado. E ele no City paga mais caro ainda, mas ele não tem os melhores dos melhores, ele não tem a primeira prateleira, ele bota os caras na primeira prateleira. E o Foden eu acho que é o melhor jogador do time na temporada, por exemplo.
E pensando no Real Madrid, você já vê o Vinícius Júnior com o tamanho de um protagonista? Um cara que o time tem que jogar por ele, ou aquela coisa, pode jogar nele, que ele vai resolver.
Sim, eu acho que o Vini é protagonista do Real, mesmo com o Bellingham lá, e os jogos em que ele foi dono do jogo, os números, tudo mostra que ele segue sendo fundamental e com um poder de decisão absurdo.
E esse “novo” posicionamento do Bellingham? Muitas vezes atuando um pouco mais adiantado, não como atacante, mas como meio campista, quase meia-atacante. Apesar dele estar fazendo números muito bons, isso é tirar o melhor do Bellingham? Um cara que é tão completo no meio de campo. Será que num outro posicionamento ele poderia render até mais?
O Bellingham faz algo nesse momento totalmente fora da curva da carreira dele. Já é a temporada mais artilheira (da carreira). Quando você pergunta se isso é tirar o melhor do Bellingham, eu acho que ele pode contribuir em outras situações. Por exemplo, ele não faz esse papel na Inglaterra e dificilmente vai fazer, até porque ele vai ocupar uma faixa que é ocupada pelo Harry Kane, então assim, isso não vai acontecer.
O Bellingham da Inglaterra nunca vai ser tão goleador quanto o Bellingham do Real Madrid. Mas Ancelotti, querendo ou não, pode ter descoberto o melhor Bellingham. Só que com a chegada do Mbappé isso tudo vai mudar de novo. Mesmo que ele não seja fã, provavelmente o Mbappé vai jogar numa faixa mais centralizada, e o Bellingham vai ser empurrado um pouco mais para trás. A tendência é que a gente veja o Bellingham decidindo menos jogos, fazendo menos gols e funcionando muito mais como um Modric em algum momento, como um organizador, um grande facilitador de jogo.
Em Arsenal x Bayern de Munique, você consegue confiar no Arsenal pra aguentar essa reta final pesada? Disputando por mínimos pontos a liderança da Premier League e agora as quartas de final contra um gigante europeu como Bayern de Munique.
O Arsenal me deu uma decepcionada nas oitavas. O Arteta encontrou poucas soluções pra sair das arapucas lá que o Porto armou, e por muito pouco não foi eliminado, né? Eu inclusive acho que o Bayern tem mais força que o Arsenal pra passar, e isso não tem a ver com falta de confiança na equipe, tem a ver com um teto, assim. O elenco é muito bom, mas quando você tem duas, três peças fora, assim…o (Gabriel) Martinelli fez uma falta danada no jogo, muita, muita, muita falta. O Saka, foi muito bem marcado, ficou “fora do jogo”, no sentido de taticamente anulado, e o time não conseguia criar.
O (Gabriel) Jesus quando entrou deixou o time bem melhor, então, esse time tá pronto pra competir, ele é uma realidade, eu não sei se pra ganhar agora, mas ele vai criando casca. Os caras hoje são um ano mais experientes do que o ano passado. Passaram por um trauma grande de perder a Premier League, tão aí em umas quartas de final que o time não estava há 14 anos, então é aos poucos, ninguém volta do dia pra noite. Eu não vejo o Arsenal favorito contra o Bayern de Munique.
E assim… tá certo que o Bayern de Munique evoluiu nessa reta final da Champions League, mas como que o “Bayern do Kane” não deu certo até agora? Porque na teoria é um encaixe perfeito, né? Um atacante, um centroavante, tanto que tá fazendo gol pra caramba, dando assistência pra caramba, que sai bastante da área e tem uma movimentação muito interessante ao sair da área e servir os companheiros. E ele tem como companheiros um monte de jogador de meio e ataque que entram na área: o Sané, o Gnabry, o Musiala, o Müller… como que não deu certo até agora, pelo menos no sentido do potencial técnico e de encaixe dessa combinação?
O termo “não deu certo” eu tenho alguma resistência, porque o time fez uma primeira frase maravilhosa da Liga dos Campeões e um mata-mata que, durante um tempo, ele jogou mal contra a Lazio, mas no geral, no confronto, ele foi muito melhor, inclusive no primeiro tempo do primeiro jogo, que ele podia ter feito dois, três a zero e não fez.
É que eu acho que está respingando muito as crises administrativas e o fato do Bayer Leverkusen estar fazendo uma parada completamente surreal e está se distanciando ainda mais. Porque no mundo normal, sem esse Bayer Leverkusen fantástico, o Bayern estaria liderando a Bundesliga, provavelmente. Então eu ainda acho um time que deu recados nas oitavas de final, tem muita peça e eu não duvido que passe (nas quartas), acho inclusive que tem vantagem contra o Arsenal em termos de encaixe de jogo, de força, pressão, a forma como joga.
E para finalizar, Barcelona e PSG. E desse confronto, acho que eu não consigo pensar em outra coisa senão o Mbappé. E curiosamente, apesar de ele estar destruindo na Champions, a gente pensa até mais no Mbappé na próxima temporada, em que ele provavelmente vai para o Real Madrid. Não é um pouco de um tiro no pé do Real Madrid contratar o Mbappé, não? Um encaixe tão certinho no elenco em termos de características de jogadores e equilíbrio de estrelato…
Eu já pensei muito nisso. Eu acho que o Real vai comprar um problema, mas é um problema que ele quer ter, e o Florentino (Pérez, presidente do Real Madrid) fala, e não é de hoje, da história de que os melhores têm que jogar no Real Madrid.
Ele quer ter isso e às vezes ele não está muito preocupado com o encaixe. Não sei o quanto ele aprendeu da primeira experiência dos Galácticos lá, porque quando chega o Beckham (em 2003) o time se desequilibra inteiro, o Makélélé vai embora, o Beckham chega e um time que tinha um potencial muito bom se destrói taticamente e acaba que não funciona.
Pode ser que isso aconteça com o Mbappé, porque essa geração que está lá, o time de hoje do Ancelotti, ele funciona e tem uma espinha dorsal altamente vencedora. Já deu certo. Com o Bellingham agora está tentando dar mais certo ainda e está funcionando, está nas quartas da Liga dos Campeões da Europa.
Eu acho que ele pode comprar um problema, mas o Florentino quer esse problema, porque ele acha que o bônus é muito maior que o ônus. O encaixe, no fim, o Ancelotti já mostrou que é capaz de fazer acontecer. O Mbappé joga mais centralizado, ou tem jogado na seleção francesa e tudo, e está até funcionando.
Então acho que não vai ser problema, o vestiário do Real Madrid é totalmente diferente do vestiário do PSG, ele vai ter que se adequar, não tem jeito. E o Ancelotti é o melhor nome para dar uma segurada em qualquer rompante meio egocêntrico, ególatra do Mbappé. Acho que ele vai estar em ótimas mãos para entender que ele está em outro nível agora, em outro holofote, que ele vai ter que se adequar a algumas situações.
E cara, eu estou muito curioso para ver um ataque com o Vini, o Rodrigo, o Mbappé, eventualmente o Endrick e o Bellingham, acho que vai ser divertido. Mas o Florentino quer isso aí, quer causar, quer que o Real Madrid esteja sempre nos holofotes e ele consegue, cara. É o maior presidente de um clube que eu já vi, nunca vi nada igual. O que ele tem feito recentemente com o Real é brincadeira. Após a saída do Cristiano Ronaldo, ele conseguiu manter o time num nível de competitividade gigante. E fez uma renovação muito difícil, muito difícil. E segue fazendo.