A partida entre Palmeiras e Flamengo foi uma boa demonstração daquilo que vem pela frente nesse Brasileirão Feminino. Jogos cada vez mais equilibrados, jogadoras querendo mostrar seu talento para Arthur Elias (e beliscar uma vaguinha em Paris) e muita competitividade dentro das quatro linhas.
O jogo realizado no Estádio Jayme Cintra (em Jundiaí) trouxe todos esses elementos e ainda mais alguns para a nossa análise aqui no TORCEDORES. E não foi difícil concluir que as Palestrinas mereceram a vitória por conta daquilo que mostraram em campo e das ideias de jogo interessantes propostas por Camila Orlando nesse seu início de trabalho. Um time mais pegador, mais brigador, mas que sabe trabalhar a bola e encontrar soluções rápidas.
Já as Meninas da Gávea ainda seguem presas aos seus velhos problemas. Mesmo tendo iniciado a temporada antes do Palmeiras, o time comandado por Maurício Salgado esteve completamente dependente do talento individual e competiu muito pouco. Cenário preocupante para quem quer brigar por títulos em 2024.
Palestrinas aproveitam os erros das Meninas da Gávea para construir a vitória
Não demorou muito para que os constantes problemas defensivos e coletivos do Flamengo fossem expostos em Jundiaí. Bastou que Camila Orlando adiantasse um pouco a marcação do seu 4-3-3/4-1-4-1 em cima da defesa rubro-negra para que as falhas acontecessem. Daiane, Monalisa e (principalmente) Day Silva encontrassem muita dificuldade na saída de bola diante do “encaixe” de Yamila Rodríguez, Amanda Gutierres e Letícia Moreno na pressão no campo de defesa
Na frente, as Meninas da Gávea se depararam com o óbvio: um time formado por jogadoras talentosas precisa jogar em aproximação. E foi só a partir do momento em que Darlene, Gisseli, Cristiane e Crivelari se aproximaram e abriram espaço para as escapadas de Jucinara é que o Flamengo começou a competir mais na partida. Mesmo assim, o time de Maurício Salgado esbarrou em outros problemas como a falta de capricho na finalização e no último passe.
Mesmo assim, esse mesmo quarteto ofensivo pouco ajudava na marcação. E não foram poucas as vezes em que as volantes Duda Francelino e Thaísa Moreno ficaram sobrecarregadas na marcação. E com os saltos das duas para fechar espaços, a última linha ficava desprotegida. Todo esse panorama facilitou demais a vida do Palmeiras que apenas ocupou esse espaço e trabalhou a bola. A facilidade que Brena e Laís Estevam encontravam para trocar passes era enorme.
É verdade que o Palmeiras também encontrou problemas para se defender (ponto que é até natural diante desse início de trabalho de Camila Orlando na equipe). Jucinara encontrou muito espaço às costas de Bruna Calderan (e depois Fê Palermo) e criou algumas das melhores jogadas do Fla na segunda etapa. Por mais que o meio-campo palestrino seja muito técnico, falta ainda acertar um pouco os saltos para a pressão e o posicionamento em determinados momentos.
O final da partida nos mostrou um Flamengo mais presente no campo de ataque, mas que seguia falhando nos mesmos pontos de outros anos. E o fato da equipe comandada por Maurício Salgado ter menos corpo do que o Palmeiras de Camila Orlando (montado no início dessa temporada) não chega a ser uma surpresa. E está claro para este que escreve que as Meninas da Gávea precisam de mais consistência e mais senso coletivo se quiserem ir longe nessa temporada.
Mas calma que ainda tem muito Brasileirão Feminino pela frente
A edição de 2024 do Brasileirão Feminino está apenas começando e muita água deve correr debaixo da ponte. É lógico que os pontos levantados nesta humilde análise merecem a atenção de Camila Orlando e Maurício Salgado nesse início de temporada. Por outro lado, vencer ou perder na primeira rodada não significa que as coisas vão seguir nessa balada até o final da competição. É estudar o confronto, entender o que deu certo e não deu certo e corrigir os erros.
Certo é que Palmeiras e Flamengo têm plenas condições de irem longe nesse Brasileirão Feminino. A tendência é que vejamos jogos ainda mais competitivos conforme o torneio for avançando. No entanto a receita para o título ainda é a mesma. É preciso se apegar menos ao passado e à “grife” desta ou daquela jogadora e jogar futebol. Simples.