Atual campeão, o Corinthians estreou no Brasileirão Feminino com vitória sobre o Grêmio em jogo disputado em Eldorado do Sul. O que alguns podem deixar escapar é o fato da partida ter sido menos tranquila do que o placar final sugere. As Brabas encontraram dificuldades. Principalmente na primeira etapa.
Isso porque a técnica Thaissan Passos apostou num jogo que unia as transições rápidas para a dupla de ataque com uma forte compactação defensiva pelos lados do campo (usando as “dobras” na marcação em cima de Jaque Ribeiro e Fernandinha). Até a (justa) expulsão de Mônica Ramos aos quarenta minutos do primeiro tempo, a partida no CT Helio Dourado se mostrava bastante equilibrada com as duas equipes dividindo a posse de bola.
É verdade que a qualidade individual do Corinthians fez diferença no final das contas, mas precisamos admitir que o Grêmio conseguiu competir e criou boas chances mesmo em inferioridade numérica. Muito passa pela disciplina tática da equipe gaúcha e também por uma certa displicência das Brabas em alguns momentos.
Grêmio consegue competir, mas expulsão condiciona o restante da partida
Ao invés de partir para a “trocação”, Thaissan Passos apostou nas “dobras” pelos lados com Caty e Cássia ajudando Dany Barão e Giovaninha no setor. Por dentro, Rita Bove e Jessica Peña vigiavam as chegadas de Vitória Yaya e Ju Ferreira e ainda fechavam o espaço de circulação de Millene e Vic Albuquerque. Foi assim que as Gurias Gremistas conseguiram travar o jogo das Brabas e ainda acionar Rafa Levis e Raquel Fernandes com ligações diretas.
Difícil não observar uma certa precipitação em Mônica Ramos no lance da sua expulsão no final da primeira etapa. Principalmente quando o Grêmio conseguia causar alguns sustos na dupla de zaga formada por Tarciane e Mariza. Com uma jogadora a menos, as Gurias Gremistas se organizaram numa espécie de 4-4-1 com Rita Bove recuando para a zaga e Raquel Fernandes vindo para o meio-campo. Foi a partir daí que o Corinthians começou a se impor de verdade.
As entradas de Jheniffer e Duda Sampaio deram mais qualidade e mais agressividade no ataque para o Corinthians. No entanto, as Gurias Gremistas responderam com ainda mais compactação na frente da área e boas chances de gol desperdiçadas por Raquel Fernandes, Cássia e Giovaninha (que passou a jogar mais avançada). Difícil não notar também uma certa desorganização e até uma certa displicência das Brabas no segundo tempo, principalmente na recomposição defensiva.
No entanto, além da qualidade técnica bem superior do seu adversário, as Gurias Gremistas também sentiram a exigência física da partida. Lucas Piccinato percebeu isso e mandou Eudmilla e Giovana Fernandes para o jogo para dar ainda mais mobilidade para as Brabas no terço final. Jheniffer fez o segundo aos 38 minutos e Millene fez o terceiro nos acréscimos da partida depois de bela troca de passes feita por toda a intermediária gremista.
Quem via o placar final no CT Hélio Dourado pode pensar que o Corinthians encontrou facilidade para impor seu jogo e envolver o Grêmio com certa facilidade. Contudo, não foi o que a partida nos mostrou e isso precisa ficar claro. As Brabas têm sim seus méritos, mas as Gurias Gremistas conseguiram equilibrar a partida quando estiveram com onze em campo. O grande erro foi não ter aproveitado bem as chances e isso é fatal diante de um adversário tão qualificado.
Os primeiros dias de Lucas Piccinato no Corinthians
Não é novidade pra ninguém que Lucas Piccinato tem um estilo de jogo diferente daquele trabalhado por Arthur Elias. O primeiro tende a valorizar mais a posse da bola e o atual treinador da Seleção Feminina é mais direto, mais vertical. Isso ajuda a explicar um pouco a atuação abaixo do esperado do Corinthians diante de um Grêmio aguerrido e bem organizado. Elenco e comissão técnica precisam de tempo para que esse entendimento aconteça. É natural.
Isso não quer dizer que as Brabas perderam força e/ou não são mais favoritas ao título do Brasileirão Feminino. A mentalidade vencedora ainda está lá. Por outro lado, a tendência é que o Corinthians se depare com oponentes mais preparados e prontos para tirar a equipe da sua “zona de conforto”. Exatamente como o Grêmio fez nesta segunda-feira (18).