Bahia brinca com a sorte diante do Caxias e quase se complica na Copa do Brasil
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa o empate no Estádio Centenário e as escolhas de Rogério Ceni na partida desta terça-feira (12)
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa o empate no Estádio Centenário e as escolhas de Rogério Ceni na partida desta terça-feira (12)
Não é segredo pra ninguém que acompanha o espaço aqui no TORCEDORES que o Bahia é uma das equipes que mais suscita a curiosidade deste que escreve. Só que a equipe comandada por Rogério Ceni quase se complicou diante de um aguerrido Caxias. Tudo porque o Esquadrão resolveu brincar com a sorte.
A partida estava controlada até a metade do segundo tempo. O Tricolor de Aço mostrava um futebol envolvente, de boas trocas de passe e de muito entendimento entre Everaldo, Jean Lucas, Cauly e Everton Ribeiro nas jogadas de ataque. No entanto, tudo isso ficou em segundo plano depois da atuação displicente na reta final da partida e do drama da disputa de penalidades. Foram oito para cada lado até que Victor Cuesta fechasse o confronto.
Frases como “a bola pune” devem se transformar no tema central das preleções de Rogério Ceni com o elenco do Bahia daqui pra frente. Ainda mais sabendo que o Caxias expôs alguns dos problemas defensivos do Esquadrão e só não ficou com a vaga na terceira fase da Copa do Brasil por questão de detalhe.
Excesso de preciosismo quase complica as coisas para o Bahia
Argel Fucks (AQUELE MESMO) mandou o Caxias a campo com a base que vinha disputando o Gauchão (atuando num 4-1-4-1 com Gabriel Silva, Tomás Bastos e Vítor Feijão no ataque). Já Rogério Ceni apostou no mesmo 4-3-3/4-3-1-2 que venceu o Ceará pela Copa do Nordeste. Everton Ribeiro e Jean Lucas jogaram mais adiantados em relação a Caio Alexandre, Everaldo e Thaciano buscavam as entradas em diagonais e abriam o corredor para Santiago Arias e Rezende.
O gol contra de Caio Alexandre não abalou a equipe soteropolitana. Isso porque o Caxias encontrava dificuldade para se defender diante da movimentação de Everton Ribeiro, Caio Alexandre, Jean Lucas e Cauly na frente da área. Os jogadores se aproximavam, trocavam passes e sempre procuravam o espaço generoso que o escrete comandado por Argel Fucks abria na entelinha.
Não demorou muito para que Cauly empatasse a partida aos 18 minutos depois de bela troca de passes por dentro. Aos quarenta, foi a vez de Thaciano aparecer dentro da área para escorar o cruzamento de Everaldo para as redes. O que se via no Estádio Centenário no primeiro tempo era um Bahia envolvente e que não deixava seu adversário respirar na partida.
O Caxias, por sua vez, via que a estratégia de apostar nas ligações diretas não estava funcionando e resolveu sair um pouco mais para o ataque no segundo. Só que isso abriu ainda mais espaços para o Bahia. Não é exagero nenhum afirmar que a equipe comandada por Rogério Ceni poderia ter ampliado a vantagem antes dos vinte minutos de jogo em dois ou mais gols. Principalmente diante da péssima recomposição defensiva do time de Argel Fucks.
O Bahia era sim superior e poderia ter “matado” o confronto. Diante disso, Argel Fucks tentou aumentar o poderio ofensivo do Caxias com as entradas de Álvaro, Geílson e Robinho e a mudança do 4-1-4-1 para um 4-2-3-1 com Tomás Bastos por dentro. A equipe gaúcha conseguiu se manter viva no confronto enquanto seu adversário pecava pelo preciosismo em vários momentos.
As entradas de Biel e Yago Felipe pouco acrescentaram num Bahia que dava a impressão de apenas esperar o apito final. Enquanto isso, o Caxias conseguia encaixar algumas escapadas com Dudu Mandaí às costas de Santiago Arias. Quando Everton Ribeiro e Everaldo não conseguiram fazer a “dobra” na marcação, o camisa seis encontrou Robinho livre dentro da área.
Vale lembrar que o Caxias esteve próximo da classificação depois que Yago Felipe desperdiçou sua penalidade. Mas aí a qualidade técnica e a experiência do elenco do Esquadrão falaram mais alto no Estádio Centenário. Foram dezesseis penalidade cobradas e cinco desperdiçadas, além da sensação de que o Bahia não precisava ter sofrido tanto quanto sofreu no Estádio Centenário.
As lições que ficam para o Bahia e para Rogério Ceni
É verdade que o sentimento da equipe soteropolitana é o de alívio pela classificação na “bacia das almas” para a terceira fase da Copa do Brasil. No entanto, a partida deixa suas lições para o Bahia e para Rogério Ceni. O elenco parece ter entendido que brincar com a sorte numa competição desse tipo não é a escolha mais sábia. Não foram poucas as chances desperdiçadas pelo Esquadrão por puro preciosismo na hora da finalização e do último passe.
Ao mesmo tempo, Rogério Ceni precisa fazer os ajustes necessários na sua equipe. Principalmente no setor defensivo, onde Kanu e Victor Cuesta ficaram desprotegidos na maior parte do jogo. Não é pecado nenhum confiar na qualidade do elenco do Tricolor de Aço, mas é preciso entender que erros não costumam passar batidos no velho e rude esporte bretão.