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Talento não funciona, seleção brasileira joga mal e está fora dos Jogos Olímpicos

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a derrota (justa) do Brasil para a Argentina e as escolhas ruins de Ramon Menezes

Por Luiz Ferreira em 12/02/2024 08:44 - Atualizado há 10 meses

Seleção brasileira em jogo contra a Argentina no Pré-Olímpico - (Joilson Marconne / CBF)

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a derrota (justa) do Brasil para a Argentina e as escolhas ruins de Ramon Menezes

Não foi por falta de aviso deste que escreve e de muita gente. A seleção brasileira viveu de lampejos individuais no Pré-Olímpico da Venezuela. Contra a Argentina, o talento não funcionou e a equipe comandada por Ramon Menezes, o Brasil acabou derrotado e está fora dos Jogos Olímpicos de Paris 2024.

O que se viu neste domingo (11), no Estádio Brígido Iriarte, foi mais uma atuação abaixo da média e do (enorme) potencial que esse elenco pode produzir. É óbvio que os jogadores têm sua parcela de culpa. Por exemplo, Endrick, (talvez pela idade), sentiu demais a catimba dos adversários, Gabriel Pec desperdiçou chance incrível no segundo tempo e a defesa voltou a apresentar dificuldades crônicas na bola aérea e para controlar a profundidade (o popular “correr para trás”).

Mas nada disso esconde o trabalho ruim de Ramon Menezes à frente da seleção brasileira. Por mais que se veja boa vontade do treinador em dar confiança para alguns nomes, faltou mais confiança no elenco que ele mesmo convocou e mais ideias de jogo. E o Brasil acabou pagando o preço pelo trabalho ruim.

Novas mudanças na escalação inicial e na formação tática

Este que escreve chegou a imaginar que Ramon Menezes fosse repetir a escalação utilizada na vitória sobre a Venezuela ou, pelo menos, reforçar o meio com um volante no lugar de Gabriel Pirani. A surpresa veio após John Kennedy ser barrado para a entrada de Guilherme Biro e a escalação da seleção brasileira num 4-2-3-1, que seguia com espaços enormes entrelinhas e com muita dificuldade para superar a marcação da Argentina de Mascherano.

A seleção brasileira voltou a apresentar os velhos problemas e sofreu com a marcação alta da Argentina desde o começo do jogo. Foto: Reprodução / YouTube / CONMEBOL

Bastou um pouco de organização para que a Argentina controlasse os espaços e as ações no jogo sem muitos problemas. Do outro lado, a seleção brasileira sofria para fazer alguma coisa além das bolas longas para Endrick e dos cruzamentos para a área. A formação escolhida por Ramon Menezes não apresentava o mínimo quando tinha a posse da bola e sofria sem ela. As duas linhas de marcação apresentavam espaços demais e a defesa sofria com as bolas aéreas.

Ramon Menezes viu seu 4-4-2/4-2-3-1 ser facilmente dominado pela Argentina. O time não fechava espaços e nem ficava com a bola. Foto: Reprodução / YouTube / CONMEBOL

Na prática, a equipe comandada por Ramon Menezes vivia de bolas longas para um Endrick que sentia demais a forte marcação e a catimba da Albiceleste. Nesse ponto, é até leviano cobrar de um jogador de apenas 17 anos essa maturidade. Por outro lado, as entrevistas do atacante do Palmeiras na qual abria mão de ajuda psicológica deveriam ter ligado o alerta na comissão técnica. Assim como a falta de um plano de jogo claro também deveria ter sido resolvida.

A leve melhora com John Kennedy e a pá de cal na bola aérea

As saídas de Guilherme Biro e Mauricio para as entradas de Gabriel Pec e John Kennedy indicavam que Ramon Menezes havia compreendido o erro na escalação inicial. Não foi por acaso que as melhores chances da equipe surgiram dos pés do atacante do Fluminense. A primeira desperdiçada por Pec em bela jogada pela esquerda e a outra em bola defendida pelo bom goleiro Leandro Brey. Mesmo assim, a seleção brasileira ainda jogava pouco para quem queria a vaga em Paris.

John Kennedy entrou no segundo tempo e criou duas boas chances buscando a entrelinha da Argentina e partindo pra cima da marcação. Foto: Reprodução / YouTube / CONMEBOL

No entanto, nem mesmo a personalidade de John Kennedy conseguiu diminuir a apatia da seleção brasileira. Os problemas defensivos foram escancarados depois que Ezequiel Barco colocou a bola na cabeça de Luciano Gondou no lance do gol da Argentina. Isso minutos depois de Ramon Menezes sacar Endrick e Gabriel Pirani para as entradas de Bruno Gomes e Marquinhos. Difícil entender essas mexidas sabendo que o Brasil precisava da vitória para se classificar.

O gol da Argentina escancarou os problemas defensivos da seleção brasileira. Arthur Chaves e Lucas Fasson não acharam Gondou. Foto: Reprodução / YouTube / CONMEBOL

E aqui vai um detalhe importante. Leandro Gondou marcou o único gol da partida aos 32 minutos da segunda etapa. Daí para o apito final, a seleção brasileira teve mais dezoito minutos para tentar ao menos um “abafa”, mas sem sucesso. Primeiro por conta do nervosismo que tomou conta dos jogadores e depois pelas mexidas equivocadas de Ramon Menezes. Mais uma atuação ruim de uma equipe que poderia ter entregado muito mais apesar de todos os desfalques na convocação para o Pré-Olímpico.

Afinal de contas, de quem é a culpa pelo fracasso na Venezuela?

É muito difícil não apontar o dedo para Ramon Menezes e suas decisões NO MÍNIMO questionáveis à frente da seleção brasileira. Este que escreve entende que o treinador teve problemas para liberar jogadores e sofreu com desfalques antes e durante a competição. Michel, Kaiki Bruno e Marlon Gomes, por exemplo, fizeram muita falta nesse quadrangular final. Mas nem isso apaga ou diminui a culpa que recai sobre seus ombros. O trabalho de Ramon Menezes foi sim muito ruim.

Resta saber o que será dessa geração extremamente promissora. O peso de fica fora dos Jogos Olímpicos depois de quatro edições seguidas subindo no pódio (e duas ficando com a medalha de ouro) é grande e precisa ser processado por todos os jogadores. Ainda há como se tirar algo de bom desse mesmo grupo. É recalcular a rota e pensar em Los Angeles 2028.

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