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Supercopa Feminina: Corinthians mantém a hegemonia e a velha rotina de títulos

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca a atuação das Brabas diante do valente Cruzeiro de Jonas Urias neste domingo (18)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.
Staff Images / CBF

Staff Images / CBF

Ver o Corinthians levantando mais uma taça no futebol feminino já se transformou numa doce rotina. Só que a conquista da Supercopa Feminina em cima do Cruzeiro representa mais do que “apenas mais um título”. É também a certeza de que as Brabas ainda seguem muito à frente das suas adversárias.

Vale lembrar também que o título conquistado neste domingo (18) também foi (muito) valorizado pela grande atuação da equipe comandada por Jonas Urias, ponto que deixa sua saída da Seleção Brasileira Sub-20 ainda mais inexplicável. O comandante das Cabulosas montou o time de modo a explorar bem os pontos fracos do Corinthians e poderia até ter saído de campo vencedor se não fossem os dois gols (bem) anulados de Byanca Brasil (a melhor em campo na opinião deste que escreve).

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Quem acompanha a modalidade sabe que ver um Cruzeiro investindo e batendo de frente contra um Corinthians é muito bom para a modalidade. Por outro lado, a tendência é que as cenas vistas na Neo Química Arena ainda sejam vistas mais algumas vezes. As Brabas fizeram por merecer mais um título e nada apaga isso.

Escalações iniciais e a “armadilha” montada por Jonas Urias

Jonas Urias montou o Cruzeiro pensando em negar espaços ao seu forte adversários. A entrada de Paloma Maciel no lugar de Gaby Soares num 4-1-4-1 bem fechado tinha esse objetivo principal. Só que as Cabulosas não se limitaram a se defender. Sempre que recuperavam a bola, a equipe celeste acionava Byanca Brasil, Fabi Sandoval e Marília se lançando às costas da última linha do Corinthians. Não foram poucas as vezes em que o time mineiro teve superioridade numérica no campo de ataque.

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Vitória Calhau lança Marília às costas de Belinha e Byanca Brasil e Fabi Sandoval atacam o espaço atrás da última linha. Foto: Reprodução / TV Globo / GE
Vitória Calhau lança Marília às costas de Belinha e Byanca Brasil e Fabi Sandoval atacam o espaço atrás da última linha. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

Mesmo assim, o Corinthians era muito mais perigoso nas investidas e controlova mais o jogo. Por outro lado, Gabi Zanotti esteve encaixotada na marcação das Cabulosas e as jogadas se concentraram mais do que o necessário nas bolas longas para Gabi Portilho e Jaque Ribeiro às costas das laterais Límpia Fretes e Clara. Faltava mais jogo pro dentro e a pressão pós-perda nem sempre esteve bem encaixada.

É óbvio que as Brabas tinham a conhecida qualidade individual e o entrosamento que vem de muito tempo. Só que o Cruzeiro fazia um jogo muito inteligente na Neo Química Arena e expunha as fragilidades do seu forte adversário. Com Gabi Zanotti apagada e Duda Sampaio e Ju Ferreira sobrecarregadas na criação das jogadas, encontrou algumas dificuldades para se impôr na Neo Química Arena.

Lucas Piccinato apostou num 4-4-2/4-2-4 com Gabi Zanotti atuando como "dez de ofício". As Brabas encontraram dificuldades. Foto: Reprodução / TV Globo / GE
Lucas Piccinato apostou num 4-4-2/4-2-4 com Gabi Zanotti atuando como “dez de ofício”. As Brabas encontraram dificuldades. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

Além do gol anulado logo nos primeiros minutos da decisão da Supercopa, o Cruzeiro conseguiu incomodar o Corinthians seguindo o plano estabelecido por Jonas Urias. Bola roubada na defesa, passe rápido buscando o trio ofensivo às costas de Belinha e Tarciane com a subida de Maii Maii e Rafa Andrade por dentro e as descidas de Límpia Fretes e Clara pelos lados. A “armadilha” de Jonas Urias dava resultado. Faltava era caprichar no último passe.

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A mudança de postura do Corinthians e o “furacão” Byanca Brasil

Não foi apenas o gol marcado por Duda Sampaio logo aos dois minutos do segundo tempo. O Corinthians realmente voltou melhor do intervalo, adiantou a marcação e conseguiu manter mais a posse da bola sem se complicar na defesa. Com a vantagem no placar, as Brabas foram controlando mais as ações e fizeram o “feitiço virar contra as feiticeiras” diante da liberdade que Ju Ferreira encontrou no meio-campo para lançar Gabi Portilho pela direita.

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O Cruzeiro demorou para se achar depois de sofrer o gol e deixou o meio-campo do Corinthians com muito espaço para criar. Foto: Reprodução / TV Globo / GE
O Cruzeiro demorou para se achar depois de sofrer o gol e deixou o meio-campo do Corinthians com muito espaço para criar. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

Jonas Urias sacou Maii Maii e Paloma Maciel e mandou Gaby Soares e Mari Pires para o jogo. Lucas Piccinato respondeu com Jheniffer, Vic Albuquerque e Yaya nos lugares de Millene, Gabi Zanotti e Ju Ferreira. A partida continuou equilibrada, com as Cabulosas tentando ficar mais com a bola e as Brabas buscando os contra-ataques. Só que faltava mais objetividade por parte do ataque corintiano.

Isso porque não foram poucas as vezes em que Gabi Portilho teve chances de balançar as redes e falhou nas conclusões. Ao mesmo tempo, Jaque abusou dos toques de efeito quando a melhor escolha poderia ser o passe mais simples. Conforme o tempo ia passando, o Cruzeiro ia se impondo no campo de ataque. E as melhores chances surgiram quando Byanca Brasil começou a explorar as costas da lateral Belinha.

Byanca Brasil criou as melhores chances do Cruzeiro jogando no lado esquerdo de ataque. Belinha e Tarciane tiveram dificuldades. Foto: Reprodução / TV Globo / GE
Byanca Brasil criou as melhores chances do Cruzeiro jogando no lado esquerdo de ataque. Belinha e Tarciane tiveram dificuldades. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

O gol anulado da camisa dez das Cabulosas é mais um daqueles lances em que a letra fria das regras do futebol (nem sempre justas) acabam falando mais alto. E embora tenha feito uma arbitragem extremamente confusa e insegura, Deborah Cecilia Cruz Correia acertou nos dois lances mais polêmicos da partida. Há como se discutir uma possível expulsão de Tarciane depois de falta na intermediária, mas nem isso apaga a conquista das Brabas.

E o Corinthians segue soberano no futebol feminino

A rotina de títulos e a hegemonia do Corinthians no futebol feminino ainda deve se manter intacta por mais algum tempo. Mesmo com Lucas Piccinato ainda tentando colocar seu estilo na equipe. O tricampeonato da Supercopa Feminina é apenas a confirmação da superioridade técnica que a equipe tem sobre seus adversários. Ou os demais clubes resolvem seguir o mesmo caminho das Brabas, ou as cenas do tweet abaixo continuarão sendo bem comuns.

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O Corinthians leva o primeiro torneio do ano encontrando um pouco mais de problemas do que em outros anos. No entanto, é impossível não se encantar com essas jogadoras e com o projeto que transformou o clube do Parque São Jorge no mais vitorioso do futebol feminino da história deste país. As Brabas são exemplos de dedicação e bom trabalho dentro da modalidade.

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