Home Futebol Pré-Olímpico: Seleção Brasileira respira, mas segue refém do talento individual

Pré-Olímpico: Seleção Brasileira respira, mas segue refém do talento individual

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Ramon Menezes contra a Venezuela e projeta a “decisão” contra a Argentina

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.
Joilson Marconne / CBF

Joilson Marconne / CBF

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Ramon Menezes contra a Venezuela e projeta a “decisão” contra a Argentina

A vitória sobre a Venezuela valeu mais pelo resultado que deixa a Seleção Brasileira dependente apenas de suas forças para se garantir em Paris. A atuação, no entanto, segue ainda muito abaixo do (enorme) potencial dessa equipe. Principalmente no que se refere à organização tática.

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É possível afirmar sem nenhum medo de soar leviano que o escrete comandado por Ramon Menezes segue TOTALMENTE dependente dos talentos individuais de Endrick, John Kennedy, Maurício, Andrey Santos e companhia. Por mais que o treinador da Seleção Brasileira tenha acertado na escalação inicial (muito mais por necessidade do resultado do que por qualquer outra coisa), ficou claro que faltam ideias na equipe. Ideias de jogo, construção ofensiva e outros aspectos.

Fato é que a péssima atuação contra o Paraguai parece ter ficado no passado. Mas só uma parte dela, já que a Seleção Brasileira teve mais sorte (e talento) do que juízo e organização nesses dois a um sobre a Venezuela. O resultado foi excelente, mas a atuação coletiva deixou a desejar. De novo.

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As escolhas de Ramon Menezes e os (velhos) problemas defensivos

A Seleção Brasileira entrou em campo com uma escalação muito mais ofensiva do que o habitual. Gabriel Pirani entrou na equipe ao lado de Andrey Santos na “volância”, Khellven e Alexsander nas laterais, Maurício e Gabriel Pec nas pontas e Enrdick e John Kennedy formando a dupla de ataque. Isso no papel. Na prática, o Brasil se fechava numa espécie de 4-1-4-1 com JK mais à esquerda, Maurício e Pirani por dentro e Andrey fechando a entrelinha.

Ramon Menezes apostou num 4-1-4-1 com Andrey fechando a entrelinha, JK na ponta e Gabriel Pirani e Maurício por dentro. Foto: Reprodução / YouTube / CONMEBOL
Ramon Menezes apostou num 4-1-4-1 com Andrey fechando a entrelinha, JK na ponta e Gabriel Pirani e Maurício por dentro. Foto: Reprodução / YouTube / CONMEBOL

A escalação trazia cinco jogadores com características ofensivas, mas não acabou com os problemas da Seleção Brasileira. As jogadas de ataque (baseadas nas aproximações e triangulações) saíram poucas vezes e a defesa ficou bastante desprotegida. Aliás, este era um problema que ocorria todas as vezes em que Andrey Santos era batido. Embora tenha feito boa partida jogando improvisado, Gabriel Pirani nem sempre conseguia fechar o setor.

A última linha de defesa do Brasil ficava desprotegida sempre que Andrey Santos era batido nos lances de ataque da Venezuela. Foto: Reprodução / YouTube / CONMEBOL
A última linha de defesa do Brasil ficava desprotegida sempre que Andrey Santos era batido nos lances de ataque da Venezuela. Foto: Reprodução / YouTube / CONMEBOL

As poucas chances de gol da Seleção Brasileira na primeira etapa também passam pelo problema citado anteriormente e pela formação escolhida por Ramon Menezes. Com cinco jogadores de características ofensivas, Khellven e Alexsander tendiam a guardar mais suas posições junto de Arthur Chaves e Lucas Fasson. Isso fazia com que Gabriel Pirani (que fez boa partida jogando mais recuado) e Andrey Santos tivessem que cobrir um espaço enorme na frente da defesa.

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O talento individual resolve a vida da Seleção Brasileira (mais uma vez)

Mais organizada e melhor distribuída em campo, a Venezuela começou a controlar mais o jogo a partir da metade da primeira etapa. No entanto, quem balançou as redes primeiro foi o Brasil em jogada que começou pela esquerda com John Kennedy, passou por Gabriel Pec e Gabriel Pirani antes do cruzamento do camisa sete que achou Endrick dentro da área. Na sobra, Maurício não desperdiçou. Mais uma vez, o talento resolvia as coisas para a Seleção Olímpica.

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Gabriel Pec recebe de JK e inicia a jogada do primeiro gol braslieiro. Destaque para a movimentação de Endrick e Maurício. Foto: Reprodução / YouTube / CONMEBOL
Gabriel Pec recebe de JK e inicia a jogada do primeiro gol brasileiro. Destaque para a movimentação de Endrick e Maurício. Foto: Reprodução / YouTube / CONMEBOL

No entanto, a Venezuela aproveitou as fragilidades do escrete de Ramon Menezes para balançar as redes duas vezes. A primeira, com Bolívar, foi validada. A segunda, em belo chute de Lacava, foi anulada pelo VAR. Mesmo assim, “La Vinotinto” seguiu pressionando até que Endrick encontrou Guilherme Biro se infiltrando entre os zagueiros no lance do gol da vitória num dos poucos momentos em que a Seleção Brasileira teve superioridade numérica no campo de ataque.

Endrick encontrou Guilherme Biro às costas da zaga venezuelana no gol da vitória da Seleção Brasileira. O talento resolveu. Foto: Reprodução / YouTube / CONMEBOL
Endrick encontrou Guilherme Biro às costas da zaga venezuelana no gol da vitória da Seleção Brasileira. O talento resolveu. Foto: Reprodução / YouTube / CONMEBOL

Notem que os dois gols da Seleção Brasileira nasceram de lances em que o talento individual falou mais alto em cada lance. Isso não seria um problema se a equipe comandada por Ramon Menezes tivesse ideias mais claras de jogo e não dependesse tanto dos seus principais jogadores. A vitória (muito mais pelo resultado em si) foi importantíssima. No entanto, ver o Brasil jogando abaixo do que pode e já jogou nesse Pré-Olímpico preocupa bastante.

A “decisão” contra a Argentina

Nem é preciso mencionar o que estará em jogo no próximo domingo (11) diante da Argentina. A vaga em Paris 2024 depende exclusivamente das forças e do talento da Seleção Brasileira. Uma vitória simples é suficiente para carimbar o passaporte para a capital francesa. O grande medo deste que escreve, no entanto, é justamente esse. Ver a equipe comandada por Ramon Menezes dependendo apenas de si diante de todos os problemas mencionados nos parágrafos e prints desta humilde análise.

Fato é que o Brasil vem tendo mais sorte do que juízo neste Pré-Olímpico. E isso parece ser uma tônica com Ramon Menezes. Foi assim na conqusita do Sul-Americano Sub-20 e na conquista da medalha de ouro no Pan de Santiago há alguns meses. Torcida não vai faltar para a Seleção Brasileira. Mesmo sabendo que a equipe terá que jogar o que ainda não jogou na Venezuela.

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