Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Ramon Menezes nesse início de quadrangular final
A atuação da Seleção Brasileira na derrota para o Paraguai, nesta segunda-feira (5), e o revés para a Venezuela disputam pau a pau o posto de pior apresentação do time de Ramon Menezes nesse Pré-Olímpico. E isso não é nenhum exagero da parte deste que escreve. A situação é preocupante.
Se a derrota para “La Vinotinto” podia ser justificada (até certo ponto) pela utilização dos reservas, a atuação diante dos paraguaios beirou o desastre quase completo. O Brasil seguia completamente dependente do talento individual de Endrick e John Kennedy e apresentou muita fragilidade na defesa. Principalmente nas bolas aéreas. A Seleção Brasileira só não se complicou ainda mais por causa do empate entre Argentina e Venezuela também na segunda-feira (5).
É verdade que Endrick desperdiçou penalidade sofrida por ele mesmo quando o placar ainda estava zerado e que John Kennedy pecou pela individualidade em determinados momentos. No entanto, a atuação abaixo da média da dupla de ataque da Seleção Brasileira é apenas mais um sintoma da desorganização da equipe comandada por Ramon Menezes. É até complicado apontar um ponto positivo. Talvez, apenas o fato do Brasil ter perdido por “apenas” um gol. E olhe lá.
Opções reduzidas, fragilidade defensiva e domínio paraguaio
Para suprir a ausência de Marlon Gomes (mais um jogador cortado por lesão), Ramon Menezes optou pela entrada de Bruno Gomes ao lado de Andrey Santos. Mais à frente, Gabriel Pirani ficou com a vaga de Maurício e jogou pelo lado direito do 4-4-2 costumeiro do treinador. No entanto, o que se via desde o começo da partida era um Brasil acuado no seu campo, sem saída de bola e que sofria demais para proteger o espaço atrás da última linha.
O que mais impressiona (e preocupa) na equipe comandada por Ramon Menezes foi a postura dos jogadores. Há como se falar até numa certa apatia com e sem a posse da bola. Também pesava a falta de presença na área, já que John Kennedy tinha que recuar para armar o jogo no meio-campo. Na prática, a Seleção Brasileira só levava perigo quando o atacante do Fluminense e Endrick conseguiam trocar passes e sacavam alguma carta da manga. Nada além disso.
A penalidade desperdiçada por Endrick diminuiu ainda mais o ímpeto da nossa Seleção Olímpica. E além dos problemas no setor ofensivo, a equipe brasileira apresentou problemas enormes no sistema defensivo. Saltos para a pressão nos momentos errados, cobertura dos laterais e proteção da última linha com muitas falhas, dentre outras questões. Não foi por acaso que o Paraguai de Carlos Jara Saguier encontrou tanta facilidade para jogar.
A insistência do Paraguai nas bolas levantadas não foi mero acaso ou falta de recurso. “La Albirroja” percebeu que poderia superar a defesa brasileira facilmente usando esse recurso. Tanto que o gol marcado pelo volante Peralta sai de uma dessas jogadas (e de falha de Khellven e Mycael no lance). Enquanto isso, a Seleção Brasileira seguia refém dos seus principais jogadores que, por sua vez, haviam sido anulados pela marcação adversária.
A falta de identidade da Seleção Olímpica
Este que escreve entende que os desfalques de Michel, Kaiki Bruno e Marlon Gomes atrapalharam demais o planejamento de Ramon Menezes nesse Pré-Olímpico. No entanto, o treinador ainda tem peças para fazer a Seleção Brasileira ter um jogo coletivo mais consistente e acabar com a dependência da dupla de ataque. A falta de uma identidade, de uma maneira de jogar é evidente numa equipe que, apesar das baixas por lesão e na convocação, tinha condições mostrar muito mais.
Não vai faltar torcida para o Brasil contra a Venezuela e contra a Argentina. Mas fato é que é difícil imaginar uma melhora de desempenho diante do que eu e você vimos nesse Pré-Olímpico até o momento. Principalmente por falta dessa “cara”, dessa marca registrada e de um plano de jogo claro que Ramon Menezes não conseguiu elaborar e executar.