Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a grande atuação do Glorioso e projeta as partidas contra o Red Bull Bragantino na Pré-Libertadores
A goleada do Botafogo por 6×0 sobre o Aurora nesta quarta-feira (28) significa muito mais do que a vaga na terceira fase eliminatória da Libertadores. É o reencontro do time com a essência perdida em algum lugar do passado recente e a recuperação da confiança de uma equipe que nadou de braçada no primeiro turno do Brasileirão Série A de 2023.
É óbvio que o adversário apresentou fragilidades além do esperado, mas nem essa extrema facilidade encontrada no ótimo gramado do Estádio Nilton Santos diminue o feito do Glorioso. Não deixa de ser também uma virada de página nas derrotas traumáticas sofridas diante da torcida alvinegra. Os números da partida mostram bem isso. A Estrela Solitária fez exatamente o que deve ser feito diante de um oponente mais fraco. Venceu, convenceu e não deu chance ao azar.
Essa essência recuperada na noite de ontem representa o melhor Botafogo dos últimos anos. Um time coeso, concentrado e que baseia seu jogo nas transições rápidas às costas da última linha adversária. Tivemos um pouco de tudo isso na implacável goleada sobre o não mais do que esforçado time boliviano.
Eduardo, Tiquinho Soares e Júnior Santos ditam o ritmo do Botafogo
O técnico interino Fábio Mathias mandou o Glorioso a campo com o que tinha de melhor à disposição. A equipe jogou num 4-2-3-1 que poderia virar um 4-3-3 conforme a movimentação de Tchê Tchê e Eduardo no meio-campo e que explorava bem os espaços atrás dos alas Ezequiel Michelli (zagueiro improvisado no setor) e Jair Torrico. Os pontas ultrapassavam, os laterais chegavam e o Aurora não se achava na marcação. O caminho era esse.
Com Danilo Barbosa firme na saída de bola, Eduardo livre para circular e Tiquinho Soares abrindo espaços para as entradas de Savarino e Júnior Santos, as coisas ficaram mais fáceis. Não foi por acaso que a equipe encontrou tanta facilidade para bagunçar o já bagunçado 5-3-2 do Aurora. O segundo gol alvinegro mostra bem isso. Damián Suárez carrega a bola sem ser incomodado até fazer o cruzamento para o camisa 9 alvinegro Soares dentro da área.
O grande diferencial desta atuação do Botafogo para as demais estava na postura. Além de não baixar o ritmo diante do adversário, os jogadores pareciam mais seguros e confiantes do que fazer com e sem a bola. A pressão pós-perda e os encaixes na marcação (seja ela com as linhas mais altas ou em bloco médio) também funcionaram bem na partida. Foi através dessa combinação que a Estrela Solitária passeou no Estádio Nilton Santos.
Vale destacar também a grande atuação de Júnior Santos. Não somente pelos quatro gols na partida (que somados ao tento marcado em Cochabamba o colocam como um dos maiores artilheiros do Glorioso na Libertadores), mas pela dinâmica colocada nas jogadas pelo lado direito e pelas combinações com Tiquinho Soares, Tchê Tchê e Damián Suárez. O camisa 11 e todo o escrete alvinegro fizeram a torcida voltar a sonhar com dias melhores.
Jogos contra o Red Bull Bragantino e clássico contra o Fluminense
Muita coisa foi dita sobre o Botafogo nos últimos meses. Principalmente depois da derrocada ainda inacreditável para este que escreve no Brasileirão de 2023. Uma coisa é certa: esse time precisava de PAZ e de uma vitória como a desta quarta. Respirar aliviado, espantar o azar e ganhar confiança. Pontos que não vieram com o treinador Tiago Nunes e suas entrevistas, no mínimo, infelizes que o fizeram perder a confiança do grupo.
Diante disso, não existe tática ou motivação que resista. A SAF que comanda o Glorioso parece ter feito o movimento certo na hora certa. Não é por acaso que a equipe alvinegra se mostra mais confiante e disposta a repetir as grandes atuações do ano passado. Principalmente contra o Red Bull Bragantino no caminho para a fase de grupos da Libertadores.
A impressão que fica é a de que o Botafogo está vibrando numa sintonia bastante diferente daquela de 2023, mas isso só os resultados e as atuações podem confirmar. O clássico contra o Fluminense no final de semana e as duas partidas diante do Massa Bruta serão fundamentais nesse início de temporada. Ainda mais sabendo que a Estrela Solitária quer se manter na primeira prateleira do futebol brasileiro. É hora de sacudir a poeira e finalmente dar a volta por cima.