Atuações abaixo da média e falta de intensidade ligam o alerta no Fluminense
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca os problemas do time de Fernando Diniz e a necessidade de reação na final da Recopa Sul-Americana.
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca os problemas do time de Fernando Diniz e a necessidade de reação na final da Recopa Sul-Americana.
A conquista da Libertadores de 2023 e o futebol vistoso e alegre colocaram o Fluminense no patamar mais alto do continente. Só que “grandes poderes trazem grandes responsabilidades” como diria aquele personagem de história em quadrinhos. A cobrança por bom desempenho aumentou na mesma proporção da empolgação da torcida.
As atuações burocráticas diante de Sampaio Corrêa-RJ e Madureira, além das derrotas (justíssimas) para LDU Quito e Flamengo ligaram o alerta lá pelos lados das Laranjeiras. E ao contrário do que Fernando Diniz afirma, não se trata apenas de se observar os resultados.
De fato, o Fluminense não tem jogado bem. Nem a altitude e a arbitragem polêmica do jogo em Quito e nem um possível cansaço no clássico de domingo (25) servem de desculpa.
É óbvio que o cenário de cada partida deve ser levado em consideração nas análises. No entanto, todos nas Laranjeiras concordam que o Fluzão precisa reagir rápido e dar uma resposta na próxima quinta-feira (29). Voltar a controlar os jogos e recuperar a intensidade tão defendida por Diniz é fundamental.
Lições deixadas pelas derrotas para LDU e Flamengo
É preciso deixar claro que o Fluminense apresenta diversos problemas quando enfrenta adversários minimamente mais organizados e até mais qualificados. Contra a LDU em Quito, por exemplo, Diniz tentou preservar mais o fôlego de sua equipe ao baixar mais as linhas e fechar a entrada da área. Estratégia louvável, dede que seja bem executada. E o Tricolor sofreu com o bombardeio dos equatorianos.
Se o time de Diniz encontrou dificuldades enormes para sair do seu campo no jogo em Quito, o clássico contra o Flamengo nos mostrou uma equipe mais displicente e muito menos concentrada.
A intensidade tão pedida por Fernando Diniz deu lugar à desorganização e o time concedeu muito espaço nas entrelinhas. Não foram poucas as vezes em que Arrascaeta, De La Cruz e companhia tiveram liberdade para criar.
Outro problema está na lentidão na saída de bola. Por mais que André e Martinelli se movimentem e busquem o espaço às costas da marcação, o Fluminense apresentou dificuldades diante da marcação encaixada da LDU em Quito.
Por mais que a altitude tenha minado o fôlego dos jogadores, o Flu se perdia nas trocas de passe perto da meta defendida por Fábio e corria riscos desnecessários em vários momentos.
A falta de organização e de coesão no preenchimento da “paralela cheia” no time de Fernando Diniz tem provocado alguns estragos. O primeiro (e mais evidente) está na recomposição defensiva ruim e o segundo nos saltos errados para a pressão de volantes e zagueiros.
O gol de Everton Cebolinha no clássico nasceu de um salto errado de Alexsander em cima do uruguaio De La Cruz ainda na linha do meio-campo.
É óbvio que podemos (e devemos) consider a altitude de Quito e o cansaço do elenco no domingo (25). Do mesmo modo, vale lembrar que a arbitragem do jogo de ida contra a LDU deixou de marcar penalidade clara em cima de Germán Cano no começo da partida.
Mas nada disso serve de muleta ou justificativa para as atuações ruins. Se quiser comemorar mais um título na quinta (29), o Fluminense precisa melhorar muito.
Nem tudo é tragédia no Fluminense
É preciso ressaltar que a equipe de Fernando Diniz conseguiu levar perigo nos poucos momentos em que se manteve organizada e concentrada. Contra o Flamengo, o time foi intenso enquanto teve fôlego.
Já contra a LDU, o Fluminense foi envolvente quando acelerou as jogadas pelos lados do campo e explorou o espaço às costas da última linha adversária. Esse pode ser um caminho interessante na decisão da Recopa.
O Fluminense tem plenas condições de vencer sem muitos problemas no Maracanã, principalmente se Ganso aparecer mais para o jogo e não deixar Jhon Arias, André e Martinelli tão sobrecarregados na criação.
A LDU deve chegar mais fechada na defesa e explorar bem os contra-ataques, além das claras dificuldades da defesa tricolor em controlar a profundidade (o popular “correr para trás”). Será um jogo de paciência.
A grande verdade é que o Fluminense precisa dar uma resposta rápida. Se “grandes poderes trazem grandes responsabilidades”, grandes resultados exigem desempenho, dedicação e superação de expectativas. E não se trata apenas de vencer a LDU e conquistar a Recopa Sul-Americana: o Tricolor das Laranjeiras precisa voltar a jogar bem e pra ontem.