Home Futebol Derrota para o São Bernardo prova que Corinthians ainda repete os erros de 2023

Derrota para o São Bernardo prova que Corinthians ainda repete os erros de 2023

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica o que há de errado na equipe comandada por Mano Menezes

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Rodrigo Coca / Agência Corinthians

O Corinthians é mais um que parece ter iniciado 2024 preso aos erros da temporada passada. A derrota para o São Bernardo neste sábado (27) escancarou as fragilidades do escrete comandado por Mano Menezes e liga o alerta para o restante do ano.

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Não somente pela derrota, mas pela forma como ela aconteceu. Com um jogador a mais desde os treze minutos da segunda etapa, o Timão simplesmente não conseguiu aproveitar o espaço que teve e se limitou a levantar bolas na área. Pior: a equipe sofreu com os contra-ataques bem encaixados do Bernô durante toda a partida disputada no Estádio Primeiro de Maio. Essa é a segunda derrota seguida do Corinthians no Paulistão.

E ainda há o destempero de Mano Menezes na beira do gramado e as cobranças públicas aos jogadores. Por mais que estejamos falando apenas do TERCEIRO JOGO do clube em 2024, a impressão que fica é a de que o Corinthians ainda segue preso ao passado recente. E isso é preocupante.

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Da expulsão de Rodrigo Souza ao gol de Silvinho

Quem via a partida no Estádio Primeiro de Maio (em São Bernardo do Campo) já percebia que o Timão seguia com os mesmos problemas das duas primeiras rodadas do Paulistão. Os números do SofaScore (no tweet abaixo) mostram que o Corinthians cria e ataca pouco. Contra o Ituano e o São Bernardo, a tônica foi a mesma. E até mesmo na vitória sobre o Guarani na primeira rodada. Faltava profundidade e agressividade no terço final.

Contra o Bernô, Mano Menezes apostou numa espécie de 4-1-4-1 com Raniele afundando entre Caetano e Félix Torres, Fagner vindo mais por dentro como um “lateral-armador”, Diego Palacios mais espetado pela esquerda e os “pontas” Wesley e Rojas se aproximando de Yuri Alberto. A expulsão de Rodrigo Souza aos treze minutos deixou a impressão de que o Corinthians não teria problemas para tomar conta do jogo. Não foi o que se viu.

Logo aos 25 minutos da primeira etapa, o lateral Vitor Ricardo escapou pelo lado esquerdo da defesa do Timão e fez cruzamento perfeito para Silvinho finalizar no canto direito de Cássio. Todo o lance do único gol da partida mostra a desorganização da defesa corintiana, justamente um dos pontos fortes dos trabalhos de Mano Menezes.

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Vitor Ricardo cruza, Lucas Tocantins arrasta a marcação e Silvinho recebe livre nas costas da defesa. Belo gol do Bernô. Foto: Reprodução / YouTube / Paulistão
Vitor Ricardo cruza, Lucas Tocantins arrasta a marcação e Silvinho recebe livre nas costas da defesa. Belo gol do Bernô. Foto: Reprodução / YouTube / Paulistão

A partir do gol do São Bernardo, o Corinthians se desorganizou completamente. Ao invés de trabalhar mais a bola pelo chão, a equipe insistiu em cruzamentos para a área procurando um Yuri Alberto completamente perdido. E nem mesmo a entrada de Romero no lugar do zagueiro Caetano resolveu os problemas do Timão. O panorama seguiu o mesmo.

Corinthians esbarra no “ônibus” do São Bernardo

Como era de se esperar, o técnico Márcio Zanardi recuou as linhas do São Bernardo depois do gol de Silvinho e orientou seus jogadores a atacar somente “na boa”. E olha que o Bernô poderia até ter ampliado o marcador se tivesse aproveitado melhor as chances que teve. Já o Corinthians esbarrou no “ônibus” estacionado na frente da área e pouco fez para superar a retranca. A falta de criatividade do time era clara e cristalina.

O São Bernardo se fechou com duas linhas na frente da sua área e o Corinthians não fez nada além de levantar a bola na área. Foto: Reprodução / YouTube / Paulistão
O São Bernardo se fechou com duas linhas na frente da sua área e o Corinthians não fez nada além de levantar a bola na área. Foto: Reprodução / YouTube / Paulistão

Mano Menezes tentou dar mais agressividade à sua equipe com as entradas de Gustavo Mosquito, Hugo, Matheus Araújo e Arthur Sousa nos lugares de Fausto Vera, Diego Palacios (lesionado), Rojas e Yuri Alberto. No entanto, ao recuar Raniele para a zaga, Mano perdeu a qualidade no passe na saída de bola e viu o Corinthians viver de cruzamentos. O São Bernardo apenas se fechou com seis jogadores na frente da sua área e esperou o apito final.

O Corinthians se mandou para o ataque, mas a equipe pouco fez para superar o "ônibus" estacionado na frente da área do Bernô. Foto: Reprodução / YouTube / Paulistão
O Corinthians se mandou para o ataque, mas a equipe pouco fez para superar o “ônibus” estacionado na frente da área do Bernô. Foto: Reprodução / YouTube / Paulistão

Curiosamente, as melhores chances do Timão surgiram dos momentos em que os jogadores trabalharam mais a bola. A finalização de Romero para fora depois de boa jogada pela direita foi um desses poucos momentos. Além disso, ficou claro que o Corinthians ainda precisa de calma para superar cada situação que o jogo apresenta. Falta uma referência dentro de campo.

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Os constantes destemperos de Mano Menezes

E o Corinthians ainda precisa lidar com alguns destemperos de Mano Menezes. Contra o Ituano, foi a crítica preconceituosa disfarçada de “orientação tática” para Raniele. Contra o São Bernardo, foram os xingamentos de “burro” para Yuri Alberto num momento em que o jogador mais precisa de quem lhe passe confiança. Não há argumento que justifique essa postura. A impressão que fica é a de que Mano está fazendo de tudo para ser demitido. Complicado.

É nesse clima que o Corinthians se prepara para o clássico contra o São Paulo na próxima terça-feira (30) na Neo Química Arena. Por mais que se tenha em mente que o Timão fez APENAS TRÊS JOGOS NO ANO e que o elenco ainda precisa de tempo, a sensação é a de que 2023 não acabou. A diretoria pode ser outra, mas os erros seguem os mesmos. Infelizmente.

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