Botafogo parece não ter aprendido a grande lição de 2023; confira a análise
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a derrota do Glorioso para o Boavista e os grandes desafios de Tiago Nunes na temporada
O Botafogo iniciou a temporada de 2024 ainda sob a sombra da derrocada impressionante do Brasileirão do ano passado.
Pelo menos, essa foi a impressão deixada na derrota para o Boavista na quarta-feira (24). A equipe tem seus pontos positivos, mas ainda peca numa série de aspectos. E no meio desse furacão está Tiago Nunes.
O treinador do Glorioso chegou no final do ano passado já com a “canoa furada” e tentou encontrar dentro do elenco forças para superar a queda de rendimento vertiginosa do final de 2023.
No entanto, o início da temporada nos mostra que o Botafogo, de um modo geral, ainda não conseguiu aprender a grande lição da temporada passada. A equipe segue hesitante e sem confiança alguma nos momentos decisivos.
O revés diante do organizado Boavista de Filipe Cândido é apenas mais um tropeço no meio de tantos outros no Glorioso. Encontrar soluções dentro de um grupo sem um lateral-direito confiável e peças de reposição no meio-campo tem sido o grande desafio de Tiago Nunes.
Os três zagueiros e as improvisações no time
Sem Di Plácido (que voltou para o Lanús) e Rafael (que ainda se recupera de grave lesão), o Botafogo entrou em campo na última quarta-feira (24) no esquema tático usado no final da temporada passada: o 3-4-3.
Danilo Barbosa virou zagueiro (ao lado de Lucas Halter e Alexander Barboza, Victor Sá virou ala pela direita e Tchê Tchê entrou no meio-campo e se juntou a Marlon Freitas e Eduardo no setor. Nos momentos defensivos, o time se fechava num 5-3-2.
Apesar da derrota, o Botafogo não sofreu muito diante do Boavista. O grande problema estava no setor ofensivo.
Com Jeffinho alçado à condição de titular no ataque (ao lado de Tiquinho Soares) e sem um lateral de confiança para jogar pela direita, Tiago Nunes se vê obrigado a apelar para as improvisações.
Nesse ponto, o desconforto de alguns jogadores é nítido. Tanto que, não por acaso, o Glorioso insistia tanto em jogadas pela esquerda.
A sensação de que o Botafogo como um todo não entendeu nada do que aconteceu no ano passado persiste.
Victor Sá teve seus melhores momentos em 2023 jogando no lado esquerdo de ataque, mas é “sacrificado” por Tiago Nunes para ocupar a lateral-direita já que Tchê Tchê é altamente necessário no meio-campo.
Por sua vez, o camisa seis está sobrecarregado na criação por conta da má fase de Marlon Freitas e Eduardo. Um problema leva a outro no Glorioso.
Os problemas do 3-4-3 de Tiago Nunes
A improvisação de Victor Sá na ala pela direita também é uma forma de encaixar Jeffinho no ataque. O camisa 47 não vem fazendo um início de temporada ruim no Botafogo. Em três partidas, marcou duas vezes e parece ser um dos poucos mais lúcidos na equipe comandada por Tiago Nunes.
No entanto, com ele ao lado de Tiquinho, a característica do ataque alvinegro muda um pouco, já que Jeffinho carrega mais a bola do que Victor Sá.
A princípio, isso não deveria ser um problema. No entanto, o que se viu diante do Boavista foi um Botafogo sem profundidade e que dependia demais dos cruzamentos para a área.
Tiago Nunes ainda mandou Júnior Santos para o jogo e este chegou a se revezar com Victor Sá na ala pela direita. Só que Tiquinho permaneceu isolado no ataque e as jogadas seguiam concentradas em Jeffinho pelo lado esquerdo. O 3-4-3 não funcionou muito bem.
Mais atrás, a falha de Gatito Fernández, Marlon Freitas e Lucas Halter no gol marcado por Sheldon (aos 31 minutos do primeiro tempo) fez com que a confiança do time praticamente derretesse no restante do jogo.
Se ainda com todos os problemas listados anteriormente, o Botafogo ainda conseguia tocar a bola e criar jogadas pelo chão, a equipe passou a levantar bolas na área insistentemente depois de ser vazada pela primeira vez no ano.
Há luz para o Botafogo no final desse túnel?
Está claro para este que escreve que o momento é de calma. Por mais que o torcedor alvinegro ainda esteja machucado por conta da temporada passada, a chegada de Tiago Nunes no final de 2023 já indicava por si só uma mudança na rota.
O problema é que a diretoria (leia-se John Textor) ainda não repôs as saídas de jogadores como Adryelson, Cuesta e Di Plácido. Além disso, Eduardo precisa de uma “sombra” no meio-campo e Tiquinho de alguém que divida a responsabilidade com ele.
O Botafogo tem sim condições de fazer um grande ano, mas precisa aprender a lição que 2023 deixou. É preciso recuperar a confiança e compreender o contexto que cada jogo apresenta.
Do contrário, a tendência é que o Glorioso siga decepcionando sua torcida por mais tempo. A atuação contra o Boavista já foi o primeiro alerta. E é bom abrir o olho.