Apesar da vitória, Seleção Olímpica segue muito dependente das individualidades
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Ramon Menezes e a atuação contra a Colômbia
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Ramon Menezes e a atuação contra a Colômbia
Em mais uma atuação bem abaixo do esperado, a Seleção Olímpica venceu a Colômbia por dois a zero nesta sexta-feira (25). E o resultado em Caracas não escondeu os problemas coletivos da equipe comandada por Ramon Menezes.
Isso porque o Brasil segue muito dependente do brilho individual de nomes como Endrick, John Kennedy, Andrey Santos e Marlon Gomes e parece sofrer com “apagões” em determinados momentos da partida. Não parece ser um problema de falta de peças de reposição ou de má fase técnica dos jogadores, e sim algo muito mais relacionado às orientações de Ramon Menezes nos treinamentos e na beira do gramado. A vitória veio, mas a atuação coletiva foi preocupante.
Apesar do discurso otimista do técnico da Seleção Olímpica, o crescimento da sua equipe ainda está bem abaixo do potencial que esses jogadores já mostraram nos seus clubes. E assim como na vitória sobre a Bolívia, o jogo contra a Colômbia deixa lições importantes.
Mudanças na escalação e na formação tática
Guilherme Biro, Marquinhos e Bruno Gomes foram sacados para as entradas de Maurício, Alexsander e Khellven. A formação tática também mudou. Ao invés do 4-4-2/4-2-4 da vitória contra a Bolívia, algo próximo de um 4-3-1-2 com Andrey recuando entre os zagueiros e John Kennedy iniciando a partida como um “dez de ofício”. No entanto, a Seleção Olímpica encontrou muitas dificuldades diante da marcação alta da Colômbia de Héctor Cárdenas.
Foram dois “apagões” no começo da partida. O primeiro logo aos dois minutos da primeira etapa, e o segundo perto dos dez minutos. A Seleção Olímpica só começou mesmo a se acertar quando Ramon Menezes desfez o losango no meio e deu mais liberdade para Andrey Santos subir ao ataque e aproximou John Kennedy de Endrick. As melhores jogadas do Brasil (incluindo o gol do camisa nove) saíram depois dessa mexida tática.
Mesmo assim, a Seleção Olímpica seguia com problemas em todos os setores. Marlon Gomes e Alexsander tinham que cobrir uma grande faixa do campo por conta da falta de compactação e o zagueiro Michel foi substituído ainda aos 18 minutos do primeiro tempo por Luan Patrick. O Brasil ia para o intervalo à frente no placar muito mais por conta do brilho individual dos seus atletas do pelo seu jogo coletivo.
Mais mudanças táticas e vitória no contra-ataque
Assim como aconteceu no primeiro tempo, a Seleção Olímpica encontrou dificuldades para levar a bola até o ataque por conta da forte marcação colombiana. A equipe até conseguiu valorizar a posse quando Kaiki Bruno fechou junto de Luan Patrick e Arthur Chaves para organizar a saída de bola e deu mais liberdade para Andrey Santos. Mesmo assim, o Brasil só conseguia levar perigo nas bolas longas para Endrick e John Kennedy.
Com Maurício mais aberto pela direita, Khellven usava mais o corredor central e deixava o lado esquerdo com Alexsander. No entanto, nem mesmo a mudança para um 3-2-5 na saída de bola fez com que a Seleção Olímpica ganhasse mais contundência. Acabou que o gol da vitória só saiu em jogada de contra-ataque bem encaixado por Andrey Santos, Gabriel Pec e John Kennedy. Foi um dos poucos momentos de boa troca de passes da equipe.
As entradas de Gabriel Pec, Gabriel Pirani, Rikelme e Ronald nos lugares de Endrick, Maurício, Kakiki Bruno e Khellven respectivamente reorganizaram a Seleção Olímpica numa espécie de 4-1-4-1 com mais liberdade para Andrey e Alexsander. Apesar do meio-campo mais povoado, o time seguia dependente das individualidades e das bolas longas. Muito pouco para quem quer chegar nos Jogos Olímpicos de Paris 2024.
Encontrando soluções para os problemas
É lógico que o resultado final merece sim ser comemorado por Ramon Menezes e pelo grupo da Seleção Olimpica. Mas é preciso jogar muito mais. Organizar melhor a defesa e a cobertura dos laterais. Definir os saltos para a pressão e as ultrapassagens quando a dupla de ataque está com a bola. E isso só pra começar. A formação inicial é interessante e pode render se houver um mínimo de consciência coletiva.
Este que escreve ainda acredita que esse time pode fazer mais do que dar a bola para Andrey Santos, Endrick e John Kennedy e esperar que um deles tire um coelho da cartola. E Ramon Menezes sabe que precisa resolver esses problemas. Na segunda-feira (29), a Seleção Olímpica enfrenta o Equador (líder do seu grupo com sete pontos). Qualquer vacilo pode ser fatal.