Mundial de Clubes: Fluminense apresenta suas armas, mas precisa resolver seus problemas defensivos
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória sobre o Al-Ahly e projeta a decisão contra o Manchester City
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória sobre o Al-Ahly e projeta a decisão contra o Manchester City
Este que escreve entende bem o peso que uma estreia tem na mente de um elenco. Ainda mais numa competição de tiro curtíssimo como é o Mundial de Clubes da FIFA. O Fluminense viveu todo um carrossel de emoções na última segunda-feira (18) com a vitória por dois a zero em cima do organizado Al-Ahly e se garantiu na grande final conforme sua torcida esperava.
Por outro lado, a equipe comandada por Fernando Diniz passou por momentos de instabilidade durante a partida por causa de velhos problemas defensivos apontados aqui no TORCEDORES. Problemas esses que podem ser explorados pelo poderoso Manchester City.
Não se trata de diminuir o feito do Fluminense diante de um adversário com muita história na competição. É lógico que o mais otimista dos torcedores sonha com uma vitória em cima da equipe de Pep Guardiola no jogo marcado para a próxima sexta-feira (22).
O fato de termos um jogo único na decisão (diante da imprevisibilidade do velho e rude esporte bretão) pode facilitar a vida dos comandados de Fernando Diniz. Só que a equipe precisa adotar a tática do “erro zero” contra o Manchester City se quiser pensar num resultado positivo. Na vitória sobre o Al-Ahly, vimos um Fluminense que sofreu bastante em alguns momentos.
Era esperado por todos que Fernando Diniz fosse mandar sua equipe a campo sem mudar sua filosofia e seu estilo de jogo. Com Martinelli próximo a André (os melhores em campo na opinião deste que escreve), o Flu ganhou mais força na marcação e qualidade no passe desde a saída de bola.
No mais, a equipe das Laranjeiras apostou na velha “paralela cheia” bem conhecida de quem acompanha a coluna aqui no TORCEDORES. Porém, vimos alguns pontos interessantes, como Jhon Arias e Keno abrindo o campo, Paulo Henrique Ganso e Martinelli se projetando, Cano arrastando a zaga e Marcelo se transformando num meia de criação.
O problema é que o Al-Ahly mostrou contra o Al-Ittihad como uma equipe joga em transição e explora bem os espaços às costas de uma linha defensiva. Tanto que o temor deste que escreve estava no fato do escrete egípcio basear seu jogo nos pontos fracos do Fluminense.
Não foram poucas as vezes em que Percy Tau, Kahraba, El Shahat e outros conseguiram circular nos buracos deixados pelo sistema defensivo do Tricolor das Laranjeiras. Se o experiente e cada vez mais decisivo Fábio não estivesse numa noite inspirada debaixo das traves, as coisas poderiam ter sido muito diferentes no King Abdullah.
Na semifinal do Mundial de Clubes, Al-Ahly e Fluminense se revezavam na posse de bola até mesmo para dosar o fôlego e repensar a estratégia. E o estilo do escrete egípcio explica a opção de Fernando Diniz pela escalação de Martinelli e André,a ssim como a manutenção dos dois volantes durante toda a partida.
As entradas de Marlon, John Kennedy e Lima ajudaram a reoxigenar o Tricolor das Laranjeiras num momento em que a equipe sofria com as bolas longas para os pontas no espaço entre zagueiros e laterais. O 4-4-2/4-2-3-1 de Fernando Diniz não foi modificado, mas ganhou mais consistência para brigar contra o 4-3-3 bem organizado do time de Marcel Koller.
Jhon Arias abriu o placar cobrando penalidade sofrida por Marcelo (após belíssimo lançamento de Paulo Henrique Ganso) aos 23 minutos da segunda etapa. Além de Marlon, John Kennedy e Lima, Fernando Diniz trocou os laterais para renovar o fôlego da equipe e reforçar a perseguição aos pontas do Al-Ahly.
Porém, é o lance do segundo gol (marcado por John Kennedy) que merece atenção. Desde a saída de bola, a solução encontrada por André para sair da pressão e o giro de Martinelli na marcação até a finalização do camisa nove tricolor. Tudo isso justifica e premia a confiança dada por Fernando Diniz aos seus jogadores.
O Fluminense conseguiu superar seu primeiro (e talvez mais espinhoso) obstáculo se mantendo fiel aos conceitos de Fernando Diniz e vencendo o nervosismo da estreia num Mundial de Clubes da FIFA. No entanto, a final contra o Manchester City vai pedir um nível de intensidade e consistência muito maior do que vimos contra o al-Ahly e até mesmo na final da Libertadores.
É por isso que os problemas no sistema defensivo preocupam este que escreve e também devem preocupar a comissão técnica tricolor. Principalmente no setor onde Marcelo e Felipe Melo jogam, o mesmo que Bernardo Silva e Kyle Walker gostam de explorar.
Por outro lado, é bem possível que o Fluminense entre em campo mais descansado e com muito menos pressão do que na última segunda-feira (18). Afinal de contas, o favoritismo para título do Mundial de Clubes está todo do lado do Manchester City de Pep Guardiola.
Uma vitória em cima do melhor time do mundo não é um sonho impossível de ser realizado, mas vai pedir a tática do “erro zero” e concentração absoluta. Num nível que ainda não vimos aqui no Brasil, por exemplo. De toda maneira, será um daqueles jogos que vai marcar a história do velho e rude esporte bretão. Podem ter certeza.