Home Futebol Ídolos falam qual time será campeão do Brasileirão Série A

Ídolos falam qual time será campeão do Brasileirão Série A

Campeões por Atlético-MG, Botafogo, Flamengo e Palmeiras relembram fatores que levaram às conquistas no passado

Victor Rocha
Tenho paixão pelo jornalismo esportivo. Trabalho há mais de 10 anos na área de comunicação e já escrevi para sites como R7, Yahoo! e atuei na agência de relações públicas CDI. Possuo formação em Análise de Desempenho pela CBF Academy e participei como pesquisador do livro Doutor Sócrates, de Andrew Downie.
Amaral, ex-jogador do Palmeiras, comenta sobre o Santos (IMAGO/Fotoarena)

Amaral, ex-jogador do Palmeiras, comenta sobre o Santos (IMAGO/Fotoarena)

O Campeonato Brasileiro 2023 está chegando ao fim e a edição ficará marcada como uma das mais disputadas da história. Faltando apenas dois jogos para o término da competição, quatro times estão com possibilidades reais de levantar a taça. Atlético-MG, Botafogo e Flamengo estão com 63 pontos e o Palmeiras, com três a mais.

Em entrevistas exclusivas ao Torcedores.com, ídolos dos quatro times postulantes ao título responderam sobre as possibilidades para a reta final e relembraram os principais fatores que levaram os clubes a serem campeões nacionais. Confira as opiniões de Andrade, Amaral, Humberto Ramos e Wilson Gottardo.

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Humberto Ramos (Atlético)

Mesmo com a vitória por 3 a 0 do Atlético-MG sobre o Flamengo no Maracanã, Humberto Ramos, ídolo do Galo, não acredita que o clube em que foi campeão em 1971 será o vencedor.

“O Atlético foi muito mal no meio do campeonato e ficou uma série longa sem vencer. Agora está em recuperação, mas acho que a oportunidade já passou. O Palmeiras mostrou uma regularidade muito maior e estabilidade emocional. Nenhum outro time demonstrou isso. Essa questão de que o Felipão demorou a conhecer o elenco é besteira. Podia ter mostrado resultado antes. A diferença de postura do Palmeiras é muito grande.”

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O meia que vestiu a camisa 8 no primeiro Campeonato Brasileiro conquistado pelo Atlético-MG, contou detalhes do título de 1971. Ele viria também a ser vice-campeão brasileiro em 1999, como treinador.

“O Telê foi fundamental naquela conquista. Soube extrair o melhor de cada jogador e a melhor escolha em cada posição. O padrão sempre era mantido e ele priorizava jogar futebol, trabalhar com a bola. Outro fator importantíssimo foi o Dadá. Ele decidiu vários jogos e não perdia gols. Eu estava na dúvida para comprar o meu primeiro apartamento, e ele me falava “pode fechar esse imóvel que eu vou fazer os gols, vamos ganhar esse bicho. O Dadá garante”. Todos do time procuravam ele. Sabiam do enorme poder de decisão que ele tinha. A conquista foi a partir do Telê Santana, a gente obedecia tudo que ele falava. Ele cobrava muito a questão da disciplina. Dizia: “você é jogador de futebol ou artista de cinema?” Mandava eu cortar meu cabelo. Falava para não comprar carro caro, orientava muito”.

Wilson Gottardo (Botafogo)

Wilson Gottardo, que levantou a taça com o Botafogo em 1995, enxerga o campeonato em aberto e aponta o principal culpado para o declínio do time de General Severiano.

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“O Bruno Lage foi o grande responsável pelo momento atual do Botafogo. Ele não entendeu a maneira de jogar do time e não conhecia o campeonato. Ele tentou mudar muita coisa em pouco tempo. Tentou seu modelo de jogo que não funcionou, aliado a falta de convicção.

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Penso que os jogadores também têm responsabilidades no processo. Hoje os jogadores possuem condições de opinar, o diálogo é mais aberto. O atleta tem plenas condições de apontar quais características não estão dando certo. A oscilação era prevista. Mas o time teve uma mudança tática que sentiu muito, somado a falhas técnicas. Mesmo assim, ainda acredito que qualquer um pode vencer, pois há imprevisibilidade”.

Gottardo foi enfático ao comentar o título de 1995 sobre o Santos, onde as circunstâncias levaram ao inesperado acontecer.

“O elenco foi montado às pressas. Muitos garotos na equipe. Só tinha um campo para treinar (Caio Martins) e treinávamos numa academia externa. Fazíamos muito treinamento na praia também. Não tem explicação, tudo encaixou. Jogamos bem todos os jogos, exceto um contra o Bragantino. Foi o título mais marcante que eu ganhei”.

Andrade (Flamengo) 

Andrade, campeão brasileiro quatro vezes como jogador e uma como técnico, acredita que o Flamengo ainda tem grandes chances de conquistar o título.

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“O Flamengo ainda tem grandes chances de levar essa. Deve ganhar os dois jogos que faltam. Se houver algum tropeço dos outros, estará na frente. A equipe apresentou alguma dificuldade nos jogos fora de casa, mas agora se ajustou bem com o Tite. Mesmo assim, ele ainda está descobrindo o que tirar de melhor de cada jogador. Alguns jogadores não estão no melhor nível, como Gabigol e Bruno Henrique. Mas a tendência é que se recuperem e voltem a decidir jogos. Entendo que a equipe já poderia estar na frente, se o Tite tivesse vindo antes”.

Andrade relembrou o contexto de seu título brasileiro mais recente em 2009, como treinador.

“O entendimento do grupo de que um título brasileiro traria uma grandeza para cada um dentro do clube foi o diferencial. Eles entenderam o peso que um Campeonato Brasileiro teria. Adriano, Léo Moura e Petkovic foram grandes lideranças que ajudaram a reforçar isso. Antes da minha chegada, tinham algumas divergências dentro do clube. Deixei claro que cada um tinha que fazer o seu o melhor. Eu conversava individualmente com cada jogador e deixava claro qual seria o papel de cada um. O Adriano é um cara de bom caráter, de personalidade. Depois do treino, ele chamava os mais novos para treinar finalização. Estava totalmente comprometido”.

Amaral (Palmeiras)

Amaral, que faturou o bicampeonato brasileiro com o Palmeiras em 1993/94, enxerga o cenário bem favorável para o alviverde, mas ressalta que nada está decidido.

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“Todo mundo achava que o Botafogo ia ser campeão. Mas o Palmeiras sempre manteve o foco, continuou na mesma batida e não deixou cair muito em questão de resultado, mesmo quando o desempenho não estava bom. O Palmeiras entra em campo com a mão na taça, mas não está garantido. Se o Palmeiras empatar duas, outro time vai ganhar. Uma linha de trabalho do treinador é muito importante. O grupo aceita a ideia do Abel Ferreira. O ideal é que o grupo todo aceite a proposta do treinador, e é isso que acontece com o Palmeiras. Com o Endrick, o Abel fez o certo de deixar ele no banco um pouco, para aproveitá-lo no momento certo”.

Quando se sagrou bicampeão pelo Palmeiras, Amaral relembra que o grupo era muito unido, e os nomes de peso contribuíram muito para a conquista.

“O time de 93 era praticamente uma seleção, pois metade era convocado. Em 1994, todo mundo ficou, então facilitou muito as coisas. Era uma equipe muito unida e todos tinham a consciência de que precisávamos brigar para ser campeão, pois tínhamos todas as condições”.

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