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As qualidades e defeitos do Urawa Red Diamonds, adversário do Manchester City no Mundial de Clubes da FIFA

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória sobre o León e as ideias do técnico polonês Maciej Skorza

Por Luiz Ferreira em 16/12/2023 17:52 - Atualizado há 11 meses

Reprodução / Twitter / Urawa Reds Diamonds

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória sobre o León e as ideias do técnico polonês Maciej Skorza

Quem acompanha futebol mais a fundo sabe que voltar as atenções para o futebol africano ou asiático ajuda a expandir os horizontes sobre a prática do velho e rude esporte bretão e como clubes nem tão conhecidos do grande público se organizam e conseguem chegar longe em competições como o Mundial de Clubes da FIFA. Este é o caso do Urawa Red Diamonds. O escrete japonês mostrou organização e muita disposição na vitória sobre o León por um a zero no Estádio Príncipe Abdullah al-Faisal. Mas será que o futebol mostrado nesta sexta-feira (15) é suficiente para causar um mínimo de problemas para o milionário e poderoso Manchester City?

Este que escreve não pretende criar nenhum tipo de ilusão com relação às semifinais do Mundial de Clubes. A ideia aqui é mostrar que times de fora do “mainstream futebolístico” conseguem ser competitivas e jogar um futebol com um mínimo de qualidade. Por mais que a vitória sobre o León tenha sido marcada por uma atuação pouco inspirada por parte dos comandados do técnico Maciej Skorza, fato é que o Urawa Reds foi organizado a ponto de criar problemas sérios para seu adversário as jogadas de pivô feitas pelo guineense José Kanté no 4-2-3-1 básico do escrete nipônico e pela disposição do meio-campo na marcação do 3-4-2-1 dos “Panzas Verdes”.

Formação inicial das duas equipes. O Urawa Reds entrou em campo apostando nas jogadas de transição e no pivô do guineense José Kanté na execução do 4-2-3-1 de Maciej Skorza.

Do outro lado, o técnico Nicolás Larcamón apostava na velocidade dos alas Iván Moreno e Osvaldo Rodríguez e na circulação de Ángel Mena e Alvarado atrás de Viñas, a referência ofensiva do León. E sendo bem sincero, o confronto foi muito mais brigado do que jogado em alguns momentos, com a equipe mexicana criando chances de gol nas falhas de cobertura do Urawa Reds. Por outro lado, a equipe japonesa conseguiu ser mais eficiente quando tinha a bola, principalmente com as infiltraçoes de Okubo, Kaiton Yasui e Koizumi no espaço aberto por Kanté na linha de cinco defensores do adversário. Os “Red Devils” levavam uma certa vantagem nesse quesito.

José Kanté recua e Okubo ataca o espaço às costas da defesa do León. A jogada “manjada” do Urawa Reds Diamonds criou problemas para o Léon. Foto: Reprodução / YouTube / CazéTV

É interessante notar também que a marcação por encaixes no meio-campo do Urawa Reds também funcionou bem na partida desta sexta-feira (15). Por mais que o León tivesse um pouco mais de qualidade com a bola, os espaços eram bem fechados pelos volantes Atsuki Ito (este saltando um pouco mais para a pressão) e Ken Iwao (este mais atento à circulação de Viñas e Ángel Mena pelo seu setor). Foi assim que a equipe comandada por Maciej Skorza conseguiu travar a saída de bola do seu adversário em determinados momentos no Estádio Príncipe Abdullah al-Faisal.

Isso porque também faltava aos volantes Ambriz e Lucas Romero (AQUELE MESMO que jogou pelo Cruzeiro não tem tanto tempo assim) um pouco mais de mobilidade na troca de passes por dentro. Esse cenário obrigava os pontas a deixarem suas posições para virem ajudar na construção das jogadas e dava a vantagem numérica ao Urawa Reds Diamonds (embora este ainda abrisse espaços generosos entre suas linhas). Num jogo mais disputado e mais pautado na “trocação”, o escrete nipônico parece ter entendido melhor cada situação e se adaptado melhor ao contexto.

O quarteto ofensivo do Urawa Reds fecha as linhas de passe no meio-campo e deixa o trio defensivo do León fica sem opções na saída de bola. Foto: Reprodução / YouTube / CazéTV

Na prática, as duas equipes só produziram três chances claras de gol na primeira etapa: o chute de Okubo que o goleiro Cota bloqueou, a finalização de longa distância de Ambriz (bem defendido por Nishikawa) e o arremate de Alvarado bem bloqueado por Höibraaten. No entanto, os quarenta e cinco minutos finais nos mostrariam um Urawa Red Diamonds mais incisivo e mais organizado (mesmo com as saídas de Sekine e Akimoto, ambos lesionados). Coube ao holandês Alex Schalk marcar o gol da vitória dos “Red Devils” em mais uma jogada de pivô do guineense Kanté, que aproveitou a completa indecisão do quinteto defensivo do León em todo o lance.

José Kanté recebe na entrada da área e Schalk se posiciona às costas dos zagueiros Frías e Barreiro para marcar o gol da vitória do Urawa Reds. Foto: Reprodução / YouTube / CazéTV

A vida da equipe japonesa ficaria ainda mais fácil depois da expulsão do zagueiro Tesillo aos 38 minutos do segundo tempo. O Urawa Red Diamonds simplesmente baixou o bloco de marcação e seguiu apostando nas transições para o ataque. A vaga na semifinal do Mundial de Clubes da FIFA premia a aplicação de um time que conhece bem suas limitações, mas que também possui qualidades que precisam ser respeitadas. Principalmente nas bolas longas para José Kanté brigar contra a defesa adversária e nos passes para os velozes Okubo, Kaiton Yasui e Koizumi atacarem os espaços na intermediária. Parece pouca coisa. Mas não é.

Mesmo assim, a sensação que fica para este que escreve é que tudo isso que foi descrito anteriormente parece insuficiente para se pensar numa possível “maior zebra de todos os tempos”. O Manchester City tem muito mais qualidade com e sem a bola e não deve encontrar muitos problemas na semifinal marcada para a próxima terça-feira (19), no Cidade dos Esportes Rei Abdullah, em Jidá. Por mais que o Urawa Red Diamonds tenha mostrado pontos positivos, a tendência é que a lógica seja seguida e que o time de Pep Guardiola avance para a grande final.

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