Há pouco mais de um mês, a mídia esportiva brasileira foi surpreendida com a saída de Natalie Gedra da ESPN, rumo à Sky Sports. Em entrevista para a programa ‘Fim da Tarde’, da Rádio Eldorado, na última terça-feira (21), a repórter relatou a coragem de deixar os canais do grupo Disney e ainda deixou escapar o time do coração.
“O Corinthians é meu time”, afirma Natalie Gedra, quando perguntada se tinha time do coração na Inglaterra
Na primeira parte da entrevista concedida a Leandro Cacossi, Natalie foi questionada se sentia falta de torcer na arquibancada. Ela se diz com saudades do clima na torcida e afirmou ser corintiana, contando histórias.
“Fui pro Brasil esse ano levar o meu sobrinho pro Museu do Futebol e quando olhei o Pacaembu em reforma, deu um aperto no coração. Aquela relação afetiva que a gente tem. Eu sinto muita falta disso, de ser torcedora”, conta a jornalista. Em seguida, Natalie relata experiência recente nas arquibancadas sem obrigação profissional.
“Eu fui pra arquibancada, uma vez agora quando fui cobrir a Copa do Mundo Feminina. Fiquei alguns dias de folga lá. Minha cobertura terminou mais cedo por causa da eliminação da Seleção e daí fui pra assistir a semifinal”, relembra a repórter da Sky Sports.
“Foi a primeira vez em anos, não me lembro quando fui para uma arquibancada só pra ver o jogo, só pra torcer e às vezes sinto muita falta de ser torcedora. Porque foi assim que a gente se apaixonou pelo futebol e é muito legal”, disse Natalie. Apesar de confessar um certo distanciamento, a jornalista avalia que a intensidade dos profissionais da imprensa com seus respectivos times do coração são diferentes.
“Às vezes vejo amigos meus que têm uma relação muito forte com os clubes que torcem. O Fred Caldeira (jornalista da TNT Sports), que foi ver a final da Libertadores, e dei maior força. Mas acho que desde que comecei a trabalhar com futebol, acabei me distanciando um pouco desse lado de torcedora”, reconhece a repórter.
“Tem gente que consegue manter as duas coisas, mas acabei me envolvendo muito mais com as pessoas, do que com instituições. É claro, eu tenho meu time, sempre vou ter meu time. Apesar do Corinthians não estar tão bem agora, mas enfim vamos falar de outra coisa”, revela Natalie, trazendo risos do estúdio.
Perguntada se hoje pode revelar o time em que torce a Natalie afirmou: “Hoje fico mais relaxada já que não estou mais no ar no Brasil. O que é uma coisa muito triste pois a gente poderia ter mais liberdade de todos esses anos não ser contestado o profissionalismo pelo time que você torce”.
“Mas eu acompanho um pouquíssimo do Corinthians até pela questão dos horários, mas eu sinto falta, porque era muito legal ir para o estádio. Mesmo quando não dava certo”, conta Natalie Gedra sobre a proximidade atual com o Timão, time do coração.
Uma das experiência que Natalie Gedra aponta que ‘não deu’ certo foi um duelo entre Corinthians e River Plate. “Me lembro que estava com o Leandro quando a gente perdeu para o River Plate em 2006. A gente ira para o jogo, desistimos de última hora e fomos assistir na casa de um amigo”, recorda a jornalista.
Por sua vez, o entrevistador Leandro Cacossi relembrou de quando foi com a Natalie no jogo do Corinthians contra o Cianorte em 2005, com o treinador Daniel Passarela agachado e ela completou: “Até nisso sinto falta, era muito legal você ir no estádio, tem aquele clima pré-jogo, é muito gostoso. Aqui na Inglaterra muita gente pergunta pra que time você torce e eu realmente não tenho um time na Inglaterra.
“Pra mim torcer é um negócio muito sério. Se eu não tiver emocionalmente envolvida com o time, não vou falar que torço. Daí eu falo: ‘Não, eu não tenho nenhum time aqui, tenho um time no Brasil. O Corinthians é meu time, o resto a gente cobre’. É isso”, revelou Natalie.
“Fiquei em pânico”, sobre convite para a Sky Sports
Após falar sobre o time do coração, a jornalista comentou o começo das conversas com a emissora inglesa. Natalie revela que não acreditava na oportunidade no início do contato. No entanto, com o avanço da proposta, ela viu que era realidade e teve momentos que se sentiu assustada com o tamanho do desafio.
“Fiquei bem surpresa na verdade, porque nunca foi uma meta que eu tive. Eu faço coisas para as TVs daqui, podcasts, mas sempre como convidada. Então não é algo regular, mas nada fixo. E daí quando me procuraram para conversar, a primeira e a segunda vez, estava super cética”, lembra a jornalista. De acordo com Natalie, quando o convite para trabalhar na Sky Sports se concretizou, o sentimento foi de ‘pânico’.
“Comentei com alguns amigos e falei ‘gente, relaxa, não vai virar, não se preocupem’. Mas é legal ter essa experiencia de conhecer as pessoas. E daí quando o convite veio, aí nossa eu fiquei em pânico. No dia do convite tive dor de úlcera e falei: ‘Ahh o que vou fazer, amo a ESPN, amo meu trabalho'”, explica Natalie Gedra sobre o momento da decisão de acertar ida à Sky Sports.
“Eu conhecia a chefia da Sky no Workshop da Premier League que aconteceu no verão, que fazem para os detentores dos direitos. Foi uma conversa despretensiosa, porque pensei que essa gente da Sky não tem o que impressionar, nunca vou trabalhar lá mesmo”, relata a jornalista.
Segundo Natalie Gedra, durante a conversa com a equipe da emissora inglesa, surgiram perguntas ligadas à situação profissional na Inglaterra. “Contei história, 7 anos de Premier League… Quando percebi já estavam perguntando: ‘Qual a sua situação de vista do trabalho?’, ‘Quantos idiomas você fala?’, Quantos anos você cobre a Premier League?, Falei que torei minha residência permanente, ‘Um Brinde! Um brinde'”.
“E na verdade já estavam fazendo nota e quando o convite veio, eu entrei em pânico, porque era um grande passo. Eu tenho uma relação afetiva com a ESPN, gostava muito de trabalhar lá, então foi muito difícil. Conversei com os meus chefes, o pessoal da ESPN foram maravilhosos, do começo ao fim”, destaca Natalie.