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Flamengo cresce na hora certa e mostra que Tite tem feito muito bem ao time; confira a análise

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como o treinador rubro-negro recolocou a equipe na briga pelo título do Brasileirão

Por Luiz Ferreira em 27/11/2023 02:06 - Atualizado há 12 meses

Foto de jogadores do Flamengo de Tite celebrando diante do América-MG no Brasileirão

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como o treinador rubro-negro recolocou a equipe na briga pelo título do Brasileirão

O Flamengo não precisou ser brilhante para derrotar o lanterna e já rebaixado América-MG na noite deste domingo (26). Mesmo tendo passado por alguns maus bocados no começo da partida disputada em Uberlândia, o escrete rubro-negro fez valer sua superioridade e construiu a vitória por 3 a 0 sem se esforçar muito. Por outro lado, a boa fase do Fla e a manutenção do time na briga pelo título do Brasileirão tem nome e sobrenome: Adenor Bacchi, o Tite. Difícil não perceber a mudança no astral com a chegada do ex-treinador da Seleção Brasileira ao clube. Além da recuperação de jogadores que vinham em baixa, o time como um todo ganhou mais consistência e competitividade.

As boas vitórias sobre Palmeiras, Fortaleza e agora sobre o América-MG têm muito do trabalho feito na beira do gramado. Isso porque Tite vem conseguindo encontrar soluções rápidas de forma simples, seja modificando o posicionamento de um jogador ou até mudando completamente o desenho tático inicial. Tudo é feito de acordo com o que o jogo pede. O Flamengo é hoje uma equipe mais coletiva e muito mais competitiva por conta desse trabalho feito pelo treinador junto de sua comissão técnica. E o crescimento de produção de alguns jogadores é significativo.

Gerson assumiu de vez a função de “todo-campista”, Pedro passou a usar mais as jogadas de pivô, Pulgar ganhou ainda mais importância na saída de bola e Arrascaeta está recuperando a forma de outros tempos mais gloriosos do que este 2023. Mas nenhum deles subiu tanto de produção como Everton Cebolinha. Além de estar com a confiança lá em cima, o camisa 11 do Flamengo parece mais à vontade em campo e vem cumprindo bem suas funções táticas. “Little Onion” se transformou na principal válvula de escape do Fla nesta reta final de temporada. Tudo graças a Tite.

O papel do treinador do Flamengo tem sido fundamental na resolução de problemas que o campo apresenta. E falando sobre a atuação contra o América-MG, não foi difícil ver o que acontecia. O Fla começou a partida meio desligado e encontrou dificuldades para conter os avanços de Emmanuel Martínez, Felipe Azevedo, Everaldo e Mastriani às costas de Pulgar e Gerson. O Coelho acertou a trave de Rossi e ainda dificultou muito a vida do escrete comandado por Tite. Foi só após os vinte minutos que o Flamengo começou a valorizar mais a posse de bola e os jogadores começaram a se aproximar mais. Não foi à toa que o time como um todo subiu muito de produção depois da metade da primeira etapa.

Emmanuel Martínez, Felipe Azevedo, Everaldo e Mastriani encontraram espaços na frente da última linha do Flamengo. O América-MG levou perigo. Foto: Reprodução / Premiere

É bom que se diga que Tite não fez nenhuma mágica. Apenas deixou Gerson um pouco mais fixo e baixou um pouco o bloco de marcação de modo a aproveitar a velocidade de Everton Cebolinha às costas de Daniel Borges. Notem que o time do Flamengo atacava com mais quatro jogadores se juntando ao camisa 11: Ayrton Lucas (aproveitando o corredor aberto na esquerda), Arrascaeta, Pedro e Bruno Henrique (que jogou como ponta pela direita). Matheuzinho guardava mais sua posição pela direita e se aproximava de Pulgar no início da construção de cada jogada de ataque.

Aos poucos o Flamengo foi se impondo dentro de campo. Seja na base da velocidade ou na base da qualidade mesmo. O gol marcado por Everton Cebolinha (aos 28 minutos da primeira etapa) deu a tranquilidade que faltava ao Fla para trabalhar mais a bola no seu campo e sair só “na boa” por conta dos resultados de momento no Brasileirão. Mesmo assim, o time não perdeu a intensidade na troca de passes e nem diminuiu o ritmo. E tudo sempre com passes rápidos e objetivos, com Pedro fazendo bem o trabalho de pivô na intermediária e Arrascaeta atacando o espaço à frente.

Everton Cebolinha tem a bola e Pedro abre espaço para a infiltração de Arrascaeta, Bruno Henrique e Ayrton Lucas. O gol deu confiança ao Fla. Foto: Reprodução / Premiere

O segundo tempo nos mostrou um Flamengo ainda mais à vontade no Parque do Sabiá. Tanto que Pedro aumentou a vantagem rubro-negra logo aos dois minutos da segunda etapa. E vendo que Diogo Giacomini tentou dar mais fôlego e velocidade ao América-MG com as entradas de Rodriguinho e Benítez, Tite respondeu com Thiago Maia, Filipe Luís e Everton Ribeiro em campo. Ao invés do 4-2-3-1 inicial, um 4-4-2 mais nítido que explorava bem os lados do campo com Cebolinha em velocidade pela esquerda e com Gerson abrindo o corredor para as descidas de Matheuzinho (depois Wesley) no outro lado. Pedro desperdiçou pelo menos três boas chances antes de Everton Ribeiro marcar de letra aos 39 minutos.

Tite mudou peças e apostou num 4-4-2 mais ortodoxo com Everton Ribeiro se juntando a Pedro no ataque e Gerson e Cebolinha pelos lados do campo. Foto: Reprodução / Premiere

Conforme mencionado anteriormente, o Flamengo não precisou ser brilhante para vencer o América-MG e igualar a pontuação do Palmeiras na liderança do Brasileirão (ainda que seja superado nos critérios de desempate). No entanto, a melhora significativa no desempenho da equipe está na conta do trabalho de Tite. Não somente por organizar uma equipe que sofreu demais com as trocas no comando técnico e as lambanças da sua diretoria neste 2023 difícil, mas por recuperar a confiança e o futebol de jogadores que estão sendo muito importantes na reta final de competição. Fala-se muito em Everton Cebolinha, mas todo o time subiu bastante de produção. Principalmente no setor defensivo.

O confronto direto contra o Atlético-MG será a grande prova de Tite no comando do Flamengo. Além do que estará em jogo, o oponente da próxima quarta-feira (29) está em ótima fase e joga de uma maneira que deixa os jogadores rubro-negros extremamente desconfortáveis dentro das quatro linhas. Principalmente por conta da pegada no meio-campo e pelo jogo intenso de transição envolvendo Hulk e Paulinho nos contra-ataques. Além das fortes emoções, será interessante ver Tite e Luiz Felipe Scolari travando um duelo tático na beira do gramado do Maracanã.

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