Escolhas de Fernando Diniz indicam uma seleção brasileira bastante renovada e ainda mais ofensiva
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a preparação do Brasil para os jogos contra Colômbia e Argentina
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a preparação do Brasil para os jogos contra Colômbia e Argentina
Este que escreve confessa que ficou com uma boa impressão da lista de convocados da Seleção Brasileira divulgada na semana passada por dois motivos. O primeiro deles é a vontade do técnico Fernando Diniz de caminhar na direção da renovação do grupo e encontrar possíveis soluções para as ausências de Neymar e Casemiro (ambos lesionados). E o segundo deles é a escolha de nomes promissores e que já vinham pedindo passagem como Paulinho, Douglas Luiz e o jovem e decisivo Endrick. Além das boas escolhas na lista de convocados, Diniz também deixa claro que pretende seguir com seu estilo altamente ofensivo na Seleção Brasileira. Basta observar os treinamentos da equipe.
É óbvio que o grupo chamado para as partidas contra Colômbia e Argentina pelas Eliminatórias da Copa do Mundo poderia abrir espaço para Marcos Leonardo (atacante do Santos), Yan Couto (lateral do Girona) e até mesmo Anderson Talisca (companheiro de equipe de Cristiano Ronaldo no Al-Nassr). Mesmo assim, é possível enxergar uma tendência de renovação em vários setores. O mais óbvio parece ser o ataque da Seleção Brasileira, onde a posição de centroavante vive uma certa “má fase” já analisada por este que escreve aqui neste espaço. Ao mesmo tempo, é bom ver que Fernando Diniz parece ter compreendido a necessidade de se preservar alguns jogadores que não vinham rendendo.
E talvez o ponto mais interessante dessa convocação tenha sido o fato do treinador pensar em jogadores com características que valorizam seu estilo de jogo tão conhecido de todos. Principalmente Endrick e Paulinho, jogadores jovens, de muito vigor físico e que sabem atacar o espaço como poucos. É claro que a juventude pode dificultar um pouco as coisas diante de adversários mais cascudos. Mas, como diz um velho comentarista amigo meu, “o momento de arriscar é esse e não perto da Copa do Mundo”. Vale o teste e vale sim a pena dar minutos para que estes e outros jogadores possam mostrar seu futebol e, quem sabe, colocar uma dúvida na cabeça de Fernando Diniz.
Só que a questão principal desta humilde análise nem é o resultado final das suas próximas partidas da Seleção Brasileira. É possível afirmar sem muito medo de errar que todo o contexto que envolve a equipe pentacampeã mundial obriga Fernando Diniz a pensar em renovação de nomes e de ideias em determinados setores. Principalmente por causa das lesões de Casemiro e Neymar. Há um trabalho sendo construído e que pode muito bem ser aproveitado por Carlo Ancelotti (se vier mesmo) a partir de 2024. Ainda mais sabendo que Endrick vai se juntar a Rodrygo e Vinícius Júnior no já estrelado elenco do Real Madrid quando completar 18 anos. Percebem o futuro sendo construído?
E não são apenas as caras novas na Seleção Brasileira que fazem este que escreve pensar dessa maneira. O próprio estilo ofensivo que ficou caracterizado como “Dinizismo” ajuda nessa escolha de novos nomes ou (pelo menos) de jogadores que tenham características que se encaixem nesse modelo de jogo. A tal “paralela cheia” descrita aqui mesmo neste espaço não faz muito tempo pede jogadores inteligentes, mais velozes, donos de ótimo passe e também de boas tomadas de decisão. Bruno Guimarães já declarou em outra ocasião ainda “estranhar um pouco” esse estilo trabalhado por Fernando Diniz. Mas todos nós concordamos que é algo muito legal de se ver quando ele funciona bem.
Vale lembrar que Fernando Diniz já trouxe um esboço da escalação que pretende mandar a campo no jogo contra a Colômbia, em Barranquilla. Ao invés do 4-2-3-1 das suas primeiras quatro partidas, o treinador da Seleção Brasileira optou por um 4-4-2 bem semelhante ao utilizado no Fluminense com Cano e John Kennedy dividindo o comando de ataque. A diferença é que o escrete canarinho deve jogar sem um atacante de referência e usar bastante o jogo pelo chão. Vinicius Júnior e Rodrygo dividem o comando de ataque com Raphinha e Gabriel Martinelli se aproximando de fora para dentro e abrindo o corredor para as descidas de Emerson Royal e Renan Lodi. Time leve e de muita mobilidade.
É lógico que o meio-campo fica mais destrotegido nessa formação e que a opção por nomes mais jovens pode cobrar seu preço diante de adversários mais cascudos (o que é perfeitamente natural nesse cenário). Mas o que este que escreve quer destacar é a tentativa de Fernando Diniz de deixar um legado para seu substituto em 2024. Se seu estilo de jogo não é tão parecido com o de Carlo Ancelotti assim (indo contra alguns coleguinhas nas redes sociais que insistem em se levar pelo saudosismo e se esquecem de pelo menos sentar e ver os jogos), os minutos dados a atletas mais jovens e a vivência de competição com a camisa amarelinha pode ser muito útil nessa sequência de ciclo.
É gratificante ver que há um trabalho sério sendo feito na Seleção Brasileira apesar de todas as trapalhadas e bobagens feitas pela CBF nesses últimos meses. Pode ser que Fernando Diniz continue no comando da equipe e pode ser que Ancelotti realmente pinte por aqui em meados de 2024. O futuro, só os deuses do velho e rude esporte bretão conhecem. Por outro lado, a renovação que o “Dinizismo” está se propondo a fazer pode ser extremamente útil (e vitoriosa) daqui a algum tempo.