Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação das Palestrinas, as escolhas de Ricardo Belli e a busca pelo bicampeonato
Não foi um jogo fácil, é verdade. Assim como aconteceu na fase de grupos, o Atlético Nacional complicou a vida do Palmeiras com um jogo mais físico, bolas longas às costas da última linha de defesa e muita velocidade na troca de passes. Só que a equipe comandada por Ricardo Belli manteve a consistência, superou as adversidades que surgiram no jogo desta terça-feira (17) e se garantiu na decisão da Libertadores Feminina pela segunda vez consecutiva. Vale destacar aqui as grandes atuações de Bia Zaneratto e Amanda Gutierres, talvez as grandes responsáveis pelo sucesso das Palestrinas até esse momento da competição. A busca pelo bicampeonato sul-americano continua firme e forte.
Se o Palmeiras encontrou facilidade na goleada sobre o Olimpia, o mesmo não pode ser dito da partida contra o Atlético Nacional. O escrete comandado por Jorge Barreneche tinha o apoio da torcida no Estádio Metropolitano de Techo e já havia causado sérios problemas para o adversário desta terça-feira (17) durante a fase de grupos. Não foi por acaso que a estratégia da equipe colombiana foi manter a pegada no meio-campo e aproveitar o espaço às costas da linha de cinco defensoras do Palmeiras. Laura Aguirre, Manuela González e Quejada foram tormento constante.
Do lado das Palestrinas, seguia a confiança de Ricardo Belli no 3-4-2-1/5-2-3 utilizado nas últimas partidas. A saída de Andressinha logo aos dez minutos de partida (por lesão) mudou um pouco o jeito da equipe paulista jogar. Lorena Benítez não tem as mesmas características da camisa vinte e o Palmeiras sentiu um pouco essa diferença nos primeiros minutos. Principalmente quando o Atlético Nacional explorava o espaço atrás do trio ofensivo e buscava o espaço às costas de Bruna Calderan e Camilinha. Demorou um pouco, mas as Palestrinas se acertaram.
Com o bloco de marcação mais baixo, o Palmeiras conseguiu encontrar o espaço que tanto procurava. Amanda Gutierres começou a explorar as costas das laterais Geraldine Cardona e Montoya e Duda Santos se junto a Bia Zaneratto na criação. A camisa dez abriu o placar aos 34 minutos em penalidade sofrida por Laís Estevam. Pouco tempo depois, as Palestrinas dariam uma verdadeira aula de movimentação no contra-ataque que resultou no belo gol de Amanda Gutierres. Com a posse recuperada, Bia Zaneratto atrai a marcação das volantes e Duda Santos arrasta a marcação para o lado, abrindo o espaço para a camisa oito se lançar e chegar até a área adversária. A estratégia de Ricardo Belli funcionou.
O Atlético Nacional seguiu com a estratégia e teve gol bem anulado de Manuela González em impedimento bem marcado. Por outro lado, Amanda Gutierres também viu o VAR agir e assinalar toque de mão naquele que seria o terceiro gol alviverde. O panorama do jogo não mudou depois do intervalo. O Palmeiras seguia apostando num jogo mais vertical e na rapidez nas trocas de passe e o a equipe colombiana manteve a estratégia das ligações diretas. O técnico Jorge Barreneche mandou Karina Valencia para o jogo e trocou o 4-1-4-1 do primeiro tempo por um 4-2-4 de maior presença no campo de ataque. As mudanças funcionaram e o escrete colombiano criou pelo menos três grandes chances na segunda etapa.
Marcela Restrepo, Yoreli Rincón e Karina Valencia desperdiçaram boas chances na frente de Amanda Souza, mas as Palestrinas conseguiram o gol do alívio aos 22 minutos do segundo tempo novamente com bela cabeçada de Amanda Gutierres. Já sem muitas forças, o Atlético Nacional ainda descontou com belo chute da lateral Montoya (em apagão da defesa palmeirense). Daí para o final do jogo no Metropolitano de Techo, muita trocação no meio-campo, mas nenhuma grande oportunidade para as duas equipes. A equipe de Ricardo Belli se garantia em mais uma decisão de Libertadores Feminina com a certeza de que fizeram aquilo que o jogo pedia sem se perder em provocações e mantendo a concentração.
A classificação para a grande final não deixa de ser também um prêmio para o trabalho realizado no Palmeiras desde o ano passado. O título sul-americano em Quito abriu muitas portas e permitiu que o projeto de futebol feminino do clube continuasse forte e com investimento. Mesmo sem Ary Borges e Byanca Brasil, Ricardo Belli conseguiu recuperar a “alma copeira” de uma equipe que surpreendeu muita gente e que vem mostrando um ótimo jogo coletivo com Bia Zaneratto criando, Duda Santos se multiplicando e Amanda Gutierres decidindo.