Será que você acerta o placar Apostar na Betnacional PUBLICIDADE

Home Futebol Escolhas táticas duvidosas e péssima gestão de crise explicam o insucesso de Bruno Lage no Botafogo

Escolhas táticas duvidosas e péssima gestão de crise explicam o insucesso de Bruno Lage no Botafogo

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a saída do treinador português e a queda de produção do Glorioso nas últimas partidas

Por Luiz Ferreira em 04/10/2023 20:03 - Atualizado há 1 ano

Vítor Silva / Botafogo

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a saída do treinador português e a queda de produção do Glorioso nas últimas partidas

É possível enxergar a demissão de Bruno Lage de duas maneiras diferentes. A primeira tem relação direta com o desempenho do time do Botafogo dentro de campo. Apesar de algumas escolhas táticas questionáveis por parte do treinador português, oscilações são absolutamente normais dentro de um torneio como o Brasileirão. Anormal mesmo era o rendimento assustador do Glorioso e a distância para os concorrentes ao título. Por outro lado, a segunda diz respeito à gestão do grupo de jogadores botafoguenses. A reação intempestiva de Bruno Lage na derrota para o Flamengo (quando entregou o cargo) e a montagem do time no empate contra o Goiás foram cruciais na saída do treinador.

Na prática, tudo está interligado. É praticamente impossível separar, por exemplo, o desempenho pífio do Botafogo contra o Goiás na última segunda-feira (2) de algumas escolhas táticas do treinador português e da forma como o elenco foi comunicado da barração até agora inexplicável de Tiquinho Soares. O golaço marcado pelo camisa nove poucos minutos depois de entrar em campo e algumas declarações absurdas nas últimas entrevistas coletivas acabaram fazendo com que o caldo entornasse de vez junto ao grupo alvinegro e a situação do treinador se complicou de vez.

Para este que escreve, fica a impressão de que Bruno Lage, mesmo prometendo uma “transição muito pacífica” em relação ao trabalho de Luis Castro e Cláudio Caçapa, quis colocar um pouco da sua assinatura no Botafogo, um pouco da sua forma de ver o futebol. Não é absurdo pensar dessa forma, já que cada um é cada um. Não existem dois treinadores ou dois jornalistas exatamente iguais. Só que a falta de jogo de cintura num cenário que poderia ter sido encarado como absolutamente normal e parte do processo foi determinante na saída de Bruno Lage do Botafogo.

A escalação do Botafogo na partida contra o Goiás (justo no dia em que a torcida realizou o “TIQUINHO DAY” nas redes sociais) explica bastante coisa sobre todo esse processo. Não somente pela barração do artilheiro do Brasileirão e melhor jogador da equipe, mas pela forma como Bruno Lage montou a equipe. Diego Costa ficou mais isolado no ataque enquanto Eduardo (justamente o meia de ligação da equipe) ou estava recuado demais (quase alinhado a Gabriel Pires) ou avançado demais (como um segundo atacante). Essa insistência em escalar os atletas em posições onde não se sentem confortáveis (Tchê Tchê na ponta pela direita é um exemplo disso) foi minando a confiança do grupo aos poucos.

Não foi apenas a barração de Tiquinho Soares. A formação escolhida por Bruno Lage para o Botafogo deixou o time espaçado demais contra o Goiás. Foto: Reprodução / SPORTV / GE

A entrada de Tiquinho Soares logo depois do intervalo não deixou de ser a mexida óbvia no time. Era o “recibo” que Bruno Lage passou para todo o elenco e toda a torcida presente do Estádio Nilton Santos. Não foi por acaso que o camisa nove acertou a movimentação ofensiva ao jogar um pouco mais recuado em relação a Diego Costa abrir espaços para as escapadas de Victor Sá e Luis Henrique da diagonal para dentro. O golaço marcado logo no começo do segundo tempo foi um verdadeiro “tapa na cara” do treinador português. No entanto, o Botafogo só ameaou a meta do Goiás com um chute de Tchê Tchê que acertou o travessão e bolas levantadas na área. Muito pouco para o líder do Brasileirão.

Tiquinho Soares entrou no jogo e acertou toda a movimentação ofensiva do Botafogo. Além do golaço, o camisa nove abriu espaços na defesa do Goiás. Foto: Reprodução / SPORTV / GE

Vale lembrar também que o Botafogo não faz bons jogos há algum tempo. A sequência sem vitórias pode ser explicada por uma série de maneiras que vão desde a oscilação natural dentro de uma temporada extenuante e chegando nas escolhas táticas ruins de Bruno Lage. A derrota para o Atlético-MG, por exemplo, nos mostrou um time sem muitas ideias e que apenas rodava a bola no meio-campo sem muito sentido e propósito. O gol marcado por Paulinho fez com que o Botafogo se lançasse ao ataque sem organização alguma. Com isso, os erros ficaram ainda mais evidentes. Com Eduardo espetado no ataque e Diego Costa embolando por dentro, faltou alguém que organizasse o time no meio-campo.

Na derrota para o Atlético-MG, Eduardo jogou quase como um segundo atacante e se embolou com Diego Costa e o demais jogadores de ataque do Botafogo. Foto: Reprodução / SPORTV / GE

Mesmo as escolhas táticas ruins de Bruno Lage poderiam ser justificadas pela oscilação natural que todo time tem numa temporada extenuante como a nossa e também pela necessidade de adaptação entre treinador e jogadores. O limite entre “não mexer no que vem dando certo” e resolver os problemas que surgem em cada jogo (sejam eles desfalques por lesões, suspensões ou convocações para seleções nacionais) é muito tênue. No entanto, a impressão que fica é a de que Bruno Lage se perdeu no meio dessa oscilação e geriu muito mal a sua relação com elenco, torcida e dirigentes. A absurda entrevista depois da derrota para o Flamengo é marcante. Assim como a barração de Tiquinho Soares.

No momento como esse, é preciso ter calma nas escolhas que serão feitas daqui por diante. Por mais que Bruno Lage tenha ido muito mal no Botafogo, está claro que o time está passando por uma fase que poderia ser bem menos prejudicial do que vem sendo. O time ainda tem uma boa vantagem na liderança do Campeonato Brasileiro e tem atletas com qualidade suficiente para sair dessa situação. E no final dessa história toda, ficou claro que John Textor preferiu preservar o bom ambiente do que apostar num treinador que não foi aceito pelo grupo botafoguense.

Exit mobile version