Bia Haddad fala sobre seu status no cenário mundial do tênis e sonhos na carreira
Após conquistas na China, tenista brasileira já inicia seu planejamento para a temporada 2024
No último domingo (29), Bia Haddad faturou os títulos de simples e nas duplas do WTA Elite Trophy, em Zhuhay, na China. Com esse desempenho ela voltou ao top-11 da WTA e pode começar a próxima semana novamente no Top-10, repetindo sua melhor marca na carreira.
Depois de uma temporada com marcas expressivas, a tenista fez um balanço do ano, comentando sobre o sonho de disputar as Olímpiadas de Paris e a meta de vencer um Grand Slam.
“Eu tenho o sonho de ganhar um Grand Slam, mas um ano olímpico é especial, nunca joguei uma Olimpíada. Vou encarar os torneios de forma otimista, pé no chão, mas sei que posso entrar em qualquer torneio e enfrentar qualquer jogadora”, declarou Bia Haddad em entrevista coletiva concedida nesta terça-feira (31), na cidade de São Paulo.
Bia também comentou sobre ter conquistado o respeito no cenário mundial e que espera que isso ajude novas tenistas do Brasil.
“Meu status hoje mudou. Aos poucos fui conquistando com meu jeito e personalidade, não só com meu tênis. Sendo mulher, brasileira também, sabendo das dificuldades do meu caminho, a sensação é que me precisa sempre se provar para se sentir igual a países como França, Estados Unidos e outros”, declarou.
Confira abaixo outros trechos da entrevista de Bia Haddad
Balanço do ano
“Em 2023 tiveram coisas que poderiam ter saído melhores em alguns momentos, mas tudo que fiz foi dando meu 100%. Tenho certeza que se olhar para trás, terminando o ano, tudo que passei, jogando na Austrália, torneios com muita dor como foi e Roma e consegui me superar, Roland Garros como foi….
Tive meus altos e baixos, oscilei, assim como todos os seres humanos. Depois do US Open passei por situações difíceis, que não estavam no meu controle. Mentalmente não foi fácil, mas consegui terminar o ano de forma positiva.
Em 2024 quero melhorar alguns aspectos específicos, mas ainda quero fechar 2023 no Top-10 e classificada para o Finals”.
Bia Haddad valorizada no Brasil?
“Eu me sinto valorizada no Brasil. Não gosto de me alimentar nem do lado negativo ou positivo. As pessoas que falam não sabem do dia a dia, não sabem do que você está passando. A pessoa que te critica não está querendo te colocar para cima.
A crítica é fundamental e quando você é uma pessoa pública precisa saber lidar, mas tem critica que não é necessária. Eu comecei a entender que o problema do comentário é da pessoa, talvez aquela pessoa não saiba o que ela era para a vida dela e comenta coisas desnecessárias.
Nós brasileiros somos muito resultadistas e colocamos muita expectativas no que temos de bom, como já foi com Pelé, Ayrton Senna, Neymar, Medina. Não me coloco nem na posição deles, que são fenômenos, mas sempre tentei fazer o meu trabalho da melhor forma possível, com maior honestidade e sinceridade”.
Elogios para Laura Pigossi e Olímpiadas
“Estamos em um momento especial, acompanhei a Laura de longe e fiquei muito feliz pelo resultado. Ela é uma menina que trabalha duro, muito disciplinada. Da forma como ela encarou sua carreira, abriu mão, saiu da zona de confronto para buscar o sonho dela na Espanha mostrou que ela tinha um objetivo e merece isso.
Pretendo estar nas Olímpiadas e vai ser um sonho poder compartilhar com uma brasileira, ainda mais sendo um lugar que tem lugar especial no meu coração”.
Susto no México
“Tive um susto em Guadalajara, os cortes, estar sangrando, ter que ir no hospital, longe de casa, eu estava em momento muito positivo. Mas como sempre encarei todas dificuldades na minha carreira sempre tento tirar algo positivo, consegui desfrutar de alguns dias em casa.
Os pontos prejudicaram minha preparação para a Ásia. Perdi não só Guadalajara, mas também Tóquio e viajei para Pequim com os pontos na mão, isso atrapalhou, se adaptar ao ritmo, ao jogo e isso mentalmente me deixou mais insegura, meu lado emocional mais aflorado e isso reflete.
Conversei com os advogados e não vamos processar (hotel no México). A lei do México é diferente. Tive que comprar voos, alimentação e o hospital. Essas conseguimos conversar e ter uma indenização”.
Premiação recebida pela tenista
“O que me move não é o dinheiro. Falamos sobre quanto o atleta ganha, temos isso exposto e acho que é uma das poucas profissões que isso acontece. Mas dentro desse valor, eu como cidadã brasileira eu pago 27,5% em cima de qualquer torneio que eu jogue, independente do país que eu esteja.
Além disso eu tenho que pagar a comissão para meu time, a semana de salário deles, voo, hotel, alimentação viajando literalmente dez meses por ano em dólares, com quatro pessoas comigo. Minhas contas são bem altas e meu maior investimento hoje é com a minha equipe, com meu tênis, com minha carreira.
Tudo que eu recebo eu de alguma forma eu invisto em mim mesma assim como sempre fiz na quantidade que recebi anos atrás. Ainda não penso no meu pós-carreira, gostaria de jogar mais 10 anos e vou me fazer o que precisar para seguir jogando”.