2023 é um ano histórico na carreira de Bia Haddad, que teve mais um grande feito no último fim de semana, com a conquista dupla do WTA Elite Trophy (simples e duplas) na China.
Por conta desse desempenho a tenista subiu da 19ª para a 11ª posição da WTA, com chances de entrar novamente no Top-10 mundial.
Ídolo da modalidade, Fernando Meligeni afirmou que “não se surpreenderia” em ver Bia assumir o posto de número 1 do mundo.
Em entrevista coletiva concedida na cidade de São Paulo nesta terça-feira (31), a atleta agradeceu os elogios do ex-tenista, afirmando que pode chegar a primeira posição do ranking.
“É muito especial (elogios do Fernando Meligeni). São pessoas que vivenciaram isso de perto, agradeço todas as palavras, a torcida. Quando falamos de número 1 do mundo, eu estou no 11º lugar cada posição é muito esforço. Meu objetivo é subir uma de cada vez.
A partir que entra no Top-4 você briga por coisas maiores. Meu principal objetivo é entrar no Top-10 e consolidar. A partir do momento que você faz uma semifinal de Grand Slam você se coloca numa posição de ganhar o torneio. E quando você chega nesse nível sonha em ser a melhor do mundo e eu acredito que possa chegar a ser a melhor”, declarou a tenista.
Confira outros trechos da coletiva de Bia Haddad abaixo
Reconhecimento do público
“É diferente (ser reconhecida), eu ainda acho engraçado em alguns momentos, mas é muito especial. Em Pequim, quando saí da quadra recebi um presente, uma cartinha, um ursinho de pelúcia, é muito bacana ver que você inspira pessoas.
Elas falam de um jogo específico, de uma semana x que você jogou em tal lugar. Elas te marcam por um momento de superação, de vitória e isso é muito especial. Me sinto honrada e cada vez mais com essa vida de tenista e essa forma de encarar, de deixar meu legado, quero usar minha imagem para fazer isso ser construtivo para o tênis, sociedade”.
De onde Bia Haddad tira sua força mental
“A força primeiro vem de onde vim, da minha família, do carinho, da forma como fui criada e educada desde cedo. Todas as dificuldades que passei me ajudaram a enxergar a vida de uma forma positiva.
Um jogo de tênis ou um game não é nada perto de perder uma pessoa, uma doença irreversível. Quando falamos de esporte, falamos de entretenimento, de sonho, não de vida. Estou aqui porque quero, porque escolhi. Se estou em momento perto do Top-10 é porque eu batalhei, eu busquei isso.
Eu tenho uma sementinha dentro de mim de me desafiar, de me superar, de achar que é possível. A vida muda muito rápido, muito especial e tento viver intensamente cada bola do jogo. O jogo de tênis é muito mental, talvez 80%. As meninas que têm um Grand Slam e hoje estão fora do top 30, 40, 100, elas estão amadurecendo e não é fácil lidar com essa pressão, a expectativa.
Por isso valorizo muito o que fizemos este ano. A expectativa depois de Roland Garros ficou grande”.
Cenário do Brasil no tênis mundial
“Culturalmente outros países como França e Estados Unidos já têm essa tradição no tênis, muitas jogadoras de alto nível. Seria difícil me comparar com elas, mas hoje tenho o respeito e o carinho das meninas do Top-20 e espero usar isso para abrir portas para as brasileiras”.
Estilo de jogo de Bia Haddad e se manter entre as melhores do mundo
“Se você colocar as 20 melhores do mundo, uma característica é que todas têm um jogo muito agressivo, que eu também tenho. Por isso estou nesse pelotão.
As top-10 são mais constantes, conseguem manter esse nível por mais semanas durante o ano e as cinco melhores fazem isso nos torneios grandes, nos Grand Slam e Master 1000.
Em seis, sete deles não tive um resultado expressivo e que não consegui performar. Um dos meus objetivos é melhorar minha performance e constância nos torneios de alto nível. De eu tivesse feito dois Master 1000 melhor, quem sabe onde estaria no ranking.
Semana passada eu era 21, hoje sou 11ª, tocando no Top-10. Em relação ao jogo eu já mostrei a mim mesma que é possível, mas vai depender da forma como eu conseguir manter a constância no ano que vem.
Sempre coloco um objetivo de terminar um torneio da melhor forma possível. Esse é o legal da vida. Se eu fosse viajar para um torneio sabendo que já iria ganhar, não sei se iria mexer comigo. O legal é a trajetória.
Em Wimbledon eu tracei o melhor cenário terminar no Top-10 e se não conseguirmos isso, vou ficar bem perto e já estou feliz. Por saber que era um ano muito difícil, de consolidação, sendo cabeça de chave, algo que eu nunca tinha sido, sendo favoritas em torneios. Estou feliz de terminar a temporada com esses dois canecos”.
Participação da tenista em melhoras na WTA
“Temos reunião da WTA, eu participei das últimas com as top-20. De alguma forma tentamos colocar os pontos de melhora, mas claro que não é fácil. Muitas vezes a visão do jogador não é a melhor para o torneio, que não é melhor patrocinador, tem a televisão que acaba comandando tudo no final. Tem decisões políticas, do presidente, a voz das jogadoras que fazem parte do conselho, enfim, temos um contato diário, é um processo”.
Cuidado com críticas
“As críticas têm que ser construtivas. As pessoas não têm noção do quão é difícil disputar um circuito de tênis. É muita pressão em todas as semanas, condições novas, lugares novos, altitude diferente, momentos de vida diferentes”.
Evitar tratar atletas do Brasil como heróis ou vilões
“É importante a gente lembrar, mostrar sempre o equilíbrio. Não é sobre mim, mas os atletas brasileiros, muitas vezes colocamos eles como melhores do mundo, elogiando muito, colocando como heróis. Temos que ter equilíbrio, entender que são seres humanos. Nem sempre tudo é maravilhoso ou as coisas são um lixo quando não estão dando certo”.