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Arthur Elias aposta na experiência e na manutenção da base em nova convocação da Seleção Feminina

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a lista de convocadas e o que se pode esperar das duas partidas contra o Canadá

Por Luiz Ferreira em 04/10/2023 19:52 - Atualizado há 9 meses

Arthur Elias aposta na experiência e na manutenção da base em nova convocação da Seleção Feminina
Joilson Marconne / CBF

É preciso dizer que as últimas convocações feitas “às pressas” pela CBF mais prejudicam todo o processo de consolidação do futebol feminino do que “preservam” a comissão técnica. É compreensível que Arthur Elias deseje divulgar a lista antes do início da Libertadores Feminina para se dedicar totalmente à competição. No entanto, é duro ver apenas dois jornalistas presentes (e do mesmo grupo de comunicação) numa entrevista coletiva que poderia esclarecer uma série de pontos. Dito isto, a lista divulgada nesta segunda-feira (2) mantém a ideia inicial de Arthur Elias na Seleção Feminina. O treinador precisa ganhar tempo e por isso aposta na experiência e na manutenção da sua base.

Das trinta jogadoras convocadas para um período de treinos na Granja Comary no mês de setembro, Arthur Elias reduziu a lista para vinte e quatro nomes com algumas novidades. Lauren (zagueira do Kansas City) e Gabi Nunes (atacante do Levante), jogadoras que estiveram na última Copa do Mundo, ganharam a primeira chance com o treinador na sua “estreia oficial” no comando da Seleção Feminina nas duas partidas contra o Canadá no final de outubro. De resto, o grupo é praticamente o mesmo que esteve em Teresópolis no mês de setembro e isso não deixa de ser um indício daquilo que Arthur Elias pretende para a sua equipe nessas primeiras Datas-FIFA e já visando o ciclo até Paris 2024.

É possível dizer que a grande missão de Arthur Elias seja atingir um bom nível de competitividade sem abrir mão da vastíssima experiência que nomes como Tamires, Marta, Rafaelle e Cristiane trazem consigo. Ao mesmo tempo, a ausência de nomes fortes da nova geração como Amanda Gutierres (artilheira da última edição do Brasileirão Feminino), Aline Gomes (uma das melhores jogadoras da competição e presença fixa na seleções de base) e outros jovens valores levanta o questionamento sobre a renovação que vem se fazendo cada vez mais necessária na Seleção Feminina. Será que não era o momento de trabalhar um grupo mais novo com metas mais “realistas” num primeiro momento?

De fato, é algo a se pensar. Ainda mais sabendo que Marta e Cristiane, por exemplo, estão bem próximas dos quarenta anos de idade e precisam ter todo um time que compensem essa falta de combatividade das duas lendas da Seleção Feminina. A formação escolhida por Arthur Elias nos treinos na Granja Comary trazia as duas formando uma dupla de ataque com Angelina, Kerolin e Ary Borges no meio-campo, Adriana e Tamires nas alas e Antônia como zagueira pela direita. Este que escreve já abordou os prós e contras dessa formação em outra oportunidade. Mas, resumindo tudo, ter Marta e Cristiane no ataque pode sobrecarregar um pouco o meio e exigir ainda mais intensidade do restante da equipe.

Formação utilizada por Arthur Elias durante os treinos na Granja Comary. Marta e Cristiane formam a dupla de ataque e Antônia vira zagueira pela direita (numeração fictícia).

É bom que se diga que o esquema com três zagueiras não é novidade para esse grupo. A formação em questão (ainda que com algumas diferenças) foi utilizada por Pia Sundhage em alguns momentos no último ciclo. O mais marcante aconteceu na goleada por seis a zero sobre a África do Sul logo depois da Copa América. A equipe tinha Jaque Ribeiro e Tamires mais espetadas, Duda Francelino e Ary Borges por dentro e Adriana, Bia Zaneratto e Debinha se movimentando mais à frente. Ao invés da troca de passes pelo chão, mais ligações diretas e lançamentos buscando a velocidade. Ao invés do 3-1-4-2 de Arthur Elias, uma espécie de 3-4-2-1/3-2-5 com o sistema ofensivo dando bastante profundidade.

Pia Sundhage já utilizou o esquema com três zagueiras em alguns jogos do ciclo passado. Antônia ficava e Tamires jogava mais solta pela esquerdo. Foto: Reprodução / SPORTV / GE

Jogar com uma dupla de ataque também não é novidade. Contra a Noruega, por exemplo, o Brasil jogou numa espécie de 4-1-3-2 com Duda Sampaio mais presa, Ary Borges se alinhando a Adriana e Geyse e Ludmila mais próxima de Bia Zaneratto. A própria movimentação do time dentro de campo poderia fazer com que a formação variasse para duas linhas com quatro jogadoras ou a utlização de três zagueiras. Essa facilidade para variar esquemas táticos é um dos pontos que Arthur Elias vai explorar nessa sua passagem pela Seleção Feminina. E com Marta e Cristiane na frente (mesmo com a falta de pegada na saída de bola adversária), a tendência é que a equipe ganhe ainda mais qualidade nas trocas de passe.

A utlização de uma dupla de ataque também não é novidade na Seleção Feminina. Arthur Elias pode usar algumas das dinâmicas utilizadas anteriormente. Foto: Reprodução / SPORTV / GE

Está mais do que claro que Arthur Elias tem suas convicções e pensa o futebol de forma muito diferente do que Pia Sundhage. Por outro lado, já está mais do que provado que o treinador chega na Seleção Feminina com terreno fértil para colher os bons frutos que foram plantados. A grande missão agora (como este que escreve lembrou aqui mesmo neste espaço no dia do anúncio oficial e da convocação para o período de treinos na Granja Comary) é dar o passe que a treinadora sueca não deu. E os amistosos contra o Canadá são ótimas oportunidades para que Arthur Elias observe se suas escolhas podem dar certo. Principalmente a escolha por uma dupla de ataque mais experiente e menos combativa.

Estamos falando sobre o início de um novo ciclo na Seleção Feminina, com novas ideias, novos conceitos e uma nova metodologia de trabalho. O grupo segue praticamente o mesmo dos últimos anos, mas a tendência é que as coisas mudem conforme o tempo for passando. E Arthur Elias sabe que vai precisar de toda a experiência e artifício possível para tirar o máximo de um grupo altamente talentoso, mas que “bateu na trave” com a camisa da Seleção Feminina e que está numa das suas “últimas danças” antes de dar lugar para uma nova geração.

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