Derrota da Seleção Olímpica para Marrocos escancara as escolhas ruins de Ramon Menezes; confira a análise
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca o primeiro compromisso da equipe brasileira Sub-23 e o início do ciclo olímpico
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca o primeiro compromisso da equipe brasileira Sub-23 e o início do ciclo olímpico
Quem acompanha o espaço aqui no TORCEDORES lembra bem do alerta feito por este que escreve na época da convocação da Seleção Olímpica por Ramon Menezes. A grande oferta de talento presente na lista de convocados colocaria ainda amis pressão em cima do técnico da equipe Sub-23. A derrota para Marrocos em jogo disputado nesta quinta-feira (7) segue exatamente essa linha de raciocínio. Não somente por causa do resultado em si, mas por conta da atuação coletiva abaixo da média do Brasil durante quase todos os noventa e poucos minutos. Ao mesmo tempo, difícil não perceber que o que aconteceu na cidade de Fez foi consequência direta das escolhas ruins de Ramon Menezes.
Não que uma derrota logo no primeiro compromisso desse novo ciclo olímpico deva ser encarada como uma tragédia. Muito, mas muito longe disso. Por outro lado, a atuação da equipe preocupa muito mais do que o resultado final da partida em si e ainda aumentam os questionamentos sobre o desempenho das equipes comandadas por Ramon Menezes diante de adversários mais fechados e organizados na defesa. Mesmo com Vitor Roque, Paulinho, Lázaro, Andrey Santos e outros ótimos nomes à disposição na Seleção Olímpica, o time simplesmente não conseguiu ser contundente conforme o esperado. Faltou mais movimentação e mais repertório tático. Pelo menos nesse início de ciclo olímpico.
Ramon Menezes apostou num 4-4-2/4-2-4 posicional com Igor Paixão e Lázaro pelos lados do campo e Paulinho mais próximo de Vitor Roque no comando de ataque. Com a pouca ultrapassagem dos laterais Arthur e Abner, o Brasil dependia demais dos passes e infiltrações dos volantes Andrey Santos e Marlon Gomes a partir do meio-campo para superar o “ferrolho” imposto pelo técnico Issame Charaï nos “Leões do Atlas”. Aliás, é preciso dizer que a estratégia marroquina era bastante simples. Preencher a entrada da área do goleiro Bellaarouch e apostar nos lançamentos em velocidade para os atacantes El Ouazzani e Begraoui às costas da última linha de defesa da Seleção Olímpica.
Muito dessa dificuldade passa pelo desenho tático escolhido por Ramon Menezes. Se no Campeonato Sul-Americano Sub-20 (vencido pelo Brasil), o treinador apostou na movimentação dos volantes no meio-campo, a escolha por quatro atacantes só isolou o setor ofensivo e sobrecarregou demais Andrey Santos e Marlon Gomes. E esse não foi o único problema. Paulinho e Igor paixão embolavam demais o jogo pela esquerda e pouco acionavam Lázaro e Arthur no outro lado. E com muto campo para cobrir, os volantes começaram a conceder espaços demais na frente de Kaiky e Robert Renan. Faltou quem preenchesse melhor o meio-campo por dentro por conta desse problema do 4-4-2 de Ramon Menezes.
É verdade que a Seleção Olímpica conseguiu levar certo perigo em determinados momentos da partida. No entanto, isso só acontecia quando um dos volantes conseguiua escapar e acionar um dos quatro atacantes dentro ou próximo da área marroquina. Muito pouco para quem tem tanto talento à disposição. E o que mais chamava a atenção era o futebol burocrático e de toques para o lado de uma equipe com tanto potencial criativo. Nesse ponto, Ramon Menezes fez escolhas muito ruins diante do contexto que se apresentava. Nitidamente ficou claro que a formação escolhida travou o avanço dos laterais, esvaziou o meio-campo e sobrecarregou demais os volantes. Atuação bem abaixo da média.
Conforme mencionado anteriormente, a derrota para Marrocos não deve ser encarada como tragédia ou terra arrasada. No entanto, ela liga sim o alerta em torno do trabalho de Ramon Menezes. Várias das escolhas feitas no jogo desta quinta-feira (7) foram as mesmas realizadas no Mundial Sub-20. E o resultado todos nós sabemos qual foi. Pode ser que a saída passe pela escalação de mais um meio-campista no lugar de um dos quatro atacantes. Maurício (do Internacional) ou Alexsander (do Fluminense) pintam como os mais indicados para dividir a criação das jogadas com Andrey Santos e Marlon Gomes. Esse pode ser o caminho para a Seleção Olímpica ganhar um pouco mais de organização.
Por mais que Ramon Menezes exalte a qualidade do adversário, a impressão que fica é a de que a Seleção Olímpica ainda precisa de mais consistência em todos os setores. É compreensível que o treinador queria dar liberdade para seus jogadores criarem e resolverem os problemas dentro de campo, mas é necessário indicar possíveis soluções e facilitar o entendimento dentro de campo. O novo ciclo começa não com um alerta, mas com um lembrete que talento é importante, mas a organização tática também ajuda. Vejamos o que vai acontecer na próxima segunda-feira (11).