O empate contra o Corinthians dentro da Neo Química Arena não deixa de ser um resultado interessante para o Fortaleza. Mas o que mais chamou a atenção deste que escreve foram as atuações das duas equipes. Mesmo com a atmosfera favorável dentro do seu estádio, a equipe comandada por Vanderlei Luxemburgo encontrou uma série de dificuldades para chegar no campo de ataque e superar o eficiente bloqueio defensivo do Leão do Pici. Não é exagero nenhum afirmar que a equipe de Juan Pablo Vojvoda expôs vários problemas coletivos do Timão e só não saiu de São Paulo com a vitória e a vantagem nas semifinais da Copa Sul-Americana porque o goleiro Cássio fez a diferença mais uma vez.
Não que o Corinthians tenha jogado tão mal assim. A equipe paulista até conseguiu levar perigo ao gol de João Ricardo, mas apenas quando Renato Augusto tinha alguma liberdade (o que era raro) ou quando Yuri Alberto recebia algum passe em profundidade para brigar contra os zagueiros. Muito pouco para quem deseja conquistar um título internacional e menos ainda para quem precisava bater de frente contra o bem organizado Fortaleza de Juan Vojvoda. Por outro lado, o Leão do Pici também deixou a desejar em alguns momentos da partida desta terça-feira (26).
Seja como for, fato é que as duas equipes poderiam ter jogado mais e melhor por uma série de motivos que veremos a seguir. Mas ficou claro para este que escreve que o Corinthians segue com problemas coletivos sérios e que precisam de solução urgente por parte de Vanderlei Luxemburgo. É compreensível que o treinador queira reforçar o sistema defensivo antes de se pensar em organizar o ataque. Mas fosse o Fortaleza uma equipe mais incisiva na pressão na saída de bola, as coisas poderiam ter se complicado de verdade para o Timão na na Neo Química Arena.
Juan Vojvoda mandou o Fortaleza a campo com a mesma formação das últimas partidas. Guilherme (o ponta pela esquerda) arrastava Fagner para dentro e abria o corredor que Bruno Pacheco explorou bem no primeiro tempo. Essa movimentação fez com que Vanderlei Luxemburgo desfizesse seu 4-3-1-2 inicial e posicionasse Maycon (volante canhoto) pela direita para ajudar na cobertura defensiva. Giuliano não conseguia acompanhar Pochettino e nem fazer a bola chegar no setor ofensivo e o que se via no meio-campo corintiano era uma cratera na frente de Gabriel Moscardo e da última linha. Com isso, o Fortaleza ia dominando as ações e ocupando bem os espaços até abrir o placar.
Do outro lado, o Fortaleza abriu o placar com José Welison completando escanteio cobrado por Marinho aos 22 minutos do primeiro tempo. Quem esperava mais pressão na saída de bola, viu a equipe de Juan Vojvoda baixando demais as linhas e afrouxando demais a marcação em cima de quem estava com a bola. Esse erro seria fatal aos quarenta minutos, quando Fagner se livrou da marcação e deixou a bola com Renato Augusto. O camisa oito do Timão viu Yuri Alberto atacando o espaço às costas de Tite e fez o passe de primeira para o atacante chutar cruzado e empatar a partida. Esse foi um dos pouquíssimos momentos em que o Corinthians teve espaço para trabalhar a bola por dentro.
Na segunda etapa, o Fortaleza cresceu de produção com a entrada de Yago Pikachu no lugar de Marinho. O time de Vojvoda ganhou mais profundidade pela direita e passou a explorar os espaços que apareciam na frente da área, seja com Pochettino ou Guilherme aparecendo por dentro. Do outro lado, Vanderlei Luxemburgo facilitou ainda mais a vida do seu adversário ao sacar Wesley da partida. O camisa 36 levava vantagem pelo lado esquerdo e ainda dava um pé na marcação no setor junto de Fábio Santos. O panorama piorou ainda mais quando Gabriel Moscardo saiu para a entrada de Gustavo Mosquito. O Timão ainda concedia espaços demais pelo meio e passou a viver de bolas longas para Yuri Alberto.
É preciso dizer que o Fortaleza fez um bom segundo tempo, mas ainda abaixo do necessário para sair da Neo Química Arena com a vitória. Isso porque a equipe nordestina conseguia encaixar a marcação no seu campo, mas não tinha intensidade para acelerar quando retomava a posse e nem pressionar a saída de bola do Corinthians. E quando o Leão do Pici conseguia criar oportunidades, o goleiro Cássio apareceu novamente com pelo menos três grandes defesas. Do lado corintiano, ficou a certeza de que o time precisa de mais criatividade. Não foi apenas a ausência de Matías Rojas. Era visível a falta de organização ofensiva. Tudo dependia de Renato Augusto e Fagner. Muito pouco.
É preciso deixar claro que o Fortaleza fez um bom jogo dentro das suas pretensões e leva uam pequena vantagem para a Arena Castelão. E mais do que isso: o time de Juan Pablo Vojvoda expôs alguns dos problemas coletivos do Corinthians. Fosse o Leão do Pici um pouco mais intenso e um pouco mais incisivo na pressão pós-perda e na saída de bola, as coisas poderiam ter sido diferentes em São Paulo. E isso é motivo de preocupação para Vanderlei Luxemburgo e sua comissão técnica para a partida da volta em Fortaleza. Não é sempre que as individualidades vão resolver as coisas dentro de campo. E olha que ainda podemos discutir duas penalidades não marcadas em cima de Marinho e Bruno Pacheco.
É bem possível que o Leão do Pici jogue de maneira mais agressiva e intensa diante da sua torcida na próxima semana por conta da atmosfera favorável e pelos atalhos que encontrou no jogo desta terça-feira (26). Ao contrário do que muitos colegas de imprensa falaram, o Fortaleza esteve melhor na partida e criou chances para sair de São Paulo com a vitória e uma vantagem ainda maior. Lógico que as coisas podem ser diferentes quando a bola rolar na Arena Castelão. Mas o que se viu na Neo Química Arena é motivo de preocupação sim.