Vitória sobre o Fortaleza ameniza a crise, mas necessidade de reforços ainda é uma realidade no Palmeiras
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Abel Ferreira e o duelo de ideias contra Juan Vojvoda na beira do gramado
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Abel Ferreira e o duelo de ideias contra Juan Vojvoda na beira do gramado
O Palmeiras vive talvez o seu momento mais delicado desde que a “era Abel Ferreira” começou em 2020. Não é exagero afirmar que o atual campeão brasileiro perdeu um pouco da consistência defensiva e da intensidade características de um time que encantou este que escreve nos últimos meses. Por outro lado, muito disso passa pelas escolhas da atual diretoria e na confiança quase cega em cima de um elenco que precisa sim de peças de reposição. A vitória (justa) sobre o Fortaleza de Juan Vojvoda neste sábado (22) ajuda a amenizar um pouco a crise entre clube e torcida, mas a necessidade de se reforçar o grupo alviverde ainda é urgente e as últimas atuações comprovam essa tese.
É importante destacar que o Palmeiras não perdeu a organização tática e nem a concentração tão característica da equipe de Abel Ferreira. Por outro lado, está nítido que o treinador português vem encontrando dificuldades para rodar o elenco e encontrar soluções para os problemas que aparecem em cada partida. Embora o time tenha conseguido superar o Fortaleza e acabado com o jejum de cinco partidas sem vitórias, alguns momentos da partida escancararam essa necessidade de se reforçar o grupo. Se não fosse o goleiro Weverton, as coisas ficariam ainda mais complicadas para Abel Ferreira e seus jogadores. Ainda mais sabendo que a distância para o líder Botafogo vem aumentando.
A atuação do Palmeiras na primeira etapa comprova a tese deste que escreve. O time não tinha tanta pegada na defesa e chegou a sofrer com os contra-ataques bem encaixados pelo Fortaleza. Abel Ferreira manteve seu 4-2-3-1 básico com Jhon Jhon entrando no lugar de Dudu (preservado da partida por conta de dores na panturrilha direita) e com Richard Rios jogando ao lado de Zé Rafael no meio-campo. Do outro lado, Juan Vojvoda apostava numa formação mais ousada. Com o suporte de Emanuel Brítez, Yago Pikachu era mais ponta do que ala pela direita e se juntava a Lucero, Marinho e Tomás Pochettino num 4-1-4-1 de muita força, movimentação e intensidade nos contra-ataques.
O gol marcado por Richard Rios logo no começo da partida e as chances desperdiçadas por Rony e Raphael Veiga deixaram a impressão de que o Palmeiras não encontraria muitos problemas para acabar com o incômodo jejum de vitórias. No entanto, o Fortaleza começou a se aproveitar da fragilidade do time de Abel Ferreira pelo lado direito de defesa. Marcos Rocha voltava ao time, mas sentia demais a falta de ritmo e mostrava dificuldades imensas para conter as chegadas de Marinho, Lucero e Pochettino. Principalmente quando Gustavo Gómez saltava para a pressão. Não foi por acaso que o Leão do Pici começou a forçar mais jogadas por ali e chegou ao empate num pênalti confirmado pelo VAR.
Abel Ferreira entendeu que precisava reforçar o meio-campo e mandou Mayke e Gabriel Menino para o jogo nos lugares de Marcos Rocha e Jhon Jhon respectivamente. O Palmeiras ganhou mais consistência na marcação e se mostrou mais organizado, mas ainda sofria com os contra-ataques bem encaixados do Fortaleza. O time melhorou ainda mais com Breno Lopes e Luis Guilherme (olho nesse garoto) nas vagas de Artur e Richard Rios. Tanto que o Palmeiras chegou ao segundo gol com bela jogada trabalhada pelo lado direito. Rony, Gabriel Menino e Breno Lopes arrastaram a marcação do Leão do Pici para trás e abriram o espaço que Raphael Veiga aproveitou para acertar belo chute da entrada da área.
Ainda haveria tempo para Breno Lopes marcar o terceiro gol alviverde nos acréscimos. A vitória em cima do bem montado Fortaleza de Juan Vojvoda ajuda a amenizar um pouco a crise, mas não apaga aquilo que eu e você sabemos. O Palmeiras precisa sim de reforços. Abel Ferreira conseguiu encontrar soluções rápidas com as substituições que fez na partida deste sábado (22) e viu Luis Guilherme, Mayke e Breno Lopes darem o toque de intensidade que faltou ao time na primeira etapa. Mesmo assim, o melhor jogador da partida foi Weverton com pelo menos três grandes defesas durante a partida. E isso diz muito sobre uma equipe que perdeu consistência e intensidade ao longo dos últimos meses.
E que fique claro que a queda técnica desse Palmeiras que já é histórico por tudo que conquistou nos últimos anos não é culpa de Abel Ferreira. É nítido que o treinador português não tem tantas opções para manter o nível alto de competitividade na sua equipe. Lembrem-se de que Dudu ainda não tem um reserva confiável e que as saídas de Danilo e Gustavo Scarpa ainda não tiveram reposição. Fato é que Abel trabalha na “conta do chá” e não tem muito o que fazer. E fica difícil pensar em títulos numa situação complicada como essa.