Atlético-MG melhora desempenho com Felipão, mas ainda está longe do necessário para voltar a vencer
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a derrota para o Grêmio e as escolhas de Renato Gaúcho e Luiz Felipe Scolari
Este que escreve não chega a ser tão incisivo como Luiz Felipe Scolari foi na entrevista coletiva (ver no vídeo abaixo). Por outro lado, já passou da hora da CBF e do VAR reverem impedimentos milimétricos como o marcado no gol anulado de Alan Kardec. Difícil ver o atacante do Atlético-MG levando alguma vantagem real sobre a defesa do Grêmio. Só que nem isso apaga a realidade dos fatos: o Galo ainda está devendo bastante. É verdade que o time apresentou uma boa melhora sob o comando de Felipão e criou problemas para o time comandado por Renato Gaúcho no jogo deste sábado (22). O problema é que essa melhora ainda é insuficiente para voltar a vencer por uma série de motivos.
É preciso lembrar que o Atlético-MG ainda não venceu sob o comando de Luiz Felipe Scolari. Foram quatro empates e três derrotas desde a estreia do treinador pentacampeão do mundo no dia 21 de junho. Período longo demais para quem almeja brigar por títulos importantes ainda nessa temporada e para quem tem em mãos um elenco com boas opções. Hulk, Paulinho, Pavón, Battaglia, Mariano e outros nomes teriam vaga em quase todos os times que disputam o Brasileirão hoje em dia. E por mais que Felipão tenha certa razão em reclamar do gol anulado, fato é que sua equipe ainda não atingiu o patamar necessário para (finalmente) voltar a vencer e apresenta fragilidades em todos os setores.
O Atlético-MG entrou em campo jogando no 4-2-3-1/4-1-4-1 costumeiro de Luiz Felipe Scolari. Hulk não ficava preso ao comando de ataque. Era bastante comum ver o camisa sete buscando o lado direito para abrir espaço para o forte chute de esquerda com Pavón aparecendo por dentro e Paulinho entrando em diagonal na direção da área do goleiro Gabriel Grando. Mais atrás, Battaglia era presença constante na área enquanto Otávio guardava mais sua posição. Do outro lado, Renato Gaúcho apostava no 3-4-2-1/5-4-1 que deu liga no Grêmio com André Henrique no lugar de Suárez, Cristaldo e Bitello abertos e o jovem Ronald no lugar do paraguaio Villasanti, vetado momentos antes da partida.
Os problemas do Atlético-MG começaram logo no começo da partida deste sábado (22), quando Igor Gomes e Igor Rabello deixaram Ronald se antecipar e escorar o escanteio batido por Cristaldo para as redes. Novamente o Galo sofria com as bolas levantadas na área e mostrava certo nervosismo quando tinha a posse da bola. Paulinho era quem parecia destoar mais do time comandado por Felipão ao errar em várias tomadas de decisão quando recebia a bola. Aos poucos, com o recuo do Grêmio para seu campo, o Galo foi encontrando espaço para atacar e trabalhar mais as jogadas. E foi só a partir desse momento que o time comandado por Luiz Felipe Scolari conseguiu fazer o goleiro Gabriel Grando trabalhar.
Mesmo com toda a movimentação no setor ofensivo e com o espaço que tinha para trabalhar a bola, o Atlético-MG ainda sofria com os problemas na finalização de cada jogada. Com Alan Kardec, Saravia e Alisson em campo, o Galo ganhou ainda mais presença na área e ia conseguindo encontrar espaços na linha de cinco defensores do Grêmio. Mesmo assim, ficou a sensação de que o time de Luiz Felipe Scolari poderia ter trabalhado mais a bola ao invés de investir tudo nos cruzamentos para a área. Um pouco mais de repertório tático não faria mal nenhum nesse sábado (22). Enquanto isso, o time de Renato Gaúcho encaixou bons contra-ataques pelos lados e quase complicou ainda mais a vida do escrete atleticano.
Conforme mencionado anteriormente, Felipão tem certa razão ao reclamar do impedimento milimétrico marcado no gol de Alan Kardec. É o tipo de vantagem insignificante num lance como esse. No entanto, o treinador do Galo sabe muito bem que sua equipe ainda está devendo atuações mais seguras e mais consistentes. Este que escreve entende que o time vem apresentando desempenhos melhores do que nas útlimas partidas e que há também uma certa falta de sorte em determinados momentos. Por outro lado, não adianta na da Felipão culpar apenas o acaso, a arbitragem e falar que “o futebol acabou”. O Atlético-MG ainda apresenta problemas em todos os setores e a maior parte delas ainda está sem solução.
A atuação contra o Grêmio foi a melhor desde que Luiz Felipe Scolari assumiu o comando da equipe no mês de junho. E isso diz muito sobre uma equipe que perdeu o rumo depois de tantas polêmicas envolvendo a diretoria, elenco e comissão técnica nos últimos meses. Não é difícil imaginar Felipão pagando pelas escolhas ruins de uma diretoria que mostra dificuldades imensas para elaborar um planejamento minimamente aceitável com um elenco talentoso em mãos. Mais do que nunca, o Galo pode e deve jogar mais e melhor do que vem jogando nesses últimos dias.