O Cruzeiro não sabia o que era saborear uma vitória no Brasileirão há cinco rodadas. Quando se olha para os números da equipe comandada por Pepa dentro de casa, as coisas pioram bastante. A Raposa não vencia um jogo há 50 dias. Muita coisa para um clube que tenta se reerguer depois de pelo menos três temporadas catastróficas em todos os sentidos. No entanto, a vitória sobre o São Paulo de Dorival Júnior neste sábado (24) deixou a certeza de que a equipe celeste ainda precisa produzir muito mais se não quiser sofrer novamente e reviver dias mais difíceis. Não é sempre que o escrete comandado por Pepa vai ter a sorte do seu lado. O Cruzeiro teve méritos. Mas é preciso fazer mais.
Os números acima nos mostram que a Raposa venceu a partida na Arena Independência sem uma finalização sequer na direção do gol defendido por Rafael. O único gol da partida foi marcado por Rafinha (contra) após cruzamento de William. Esse é um dado significativo para se compreender o que foi o jogo neste sábado (24). O Cruzeiro fez um ótimo jogo sem a bola, fechou bem a entrada da área com até seis jogadores na última linha e obrigou o São Paulo a explorar os cruzamentos para a área buscando Calleri no meio dos zagueiros Lucas Oliveira e Reynaldo.
As duas equipes entraram em campo com novidades na escalação. Matheus Jussa entrava no meio-campo junto de Filipe Machado e Mateus Vital. Mais à frente, Wesley, Gilberto e Bruno Rodrigues formavam o trio ofensivo do 4-3-3/4-1-4-1 costumeiro de Pepa. Pelos lados do São Paulo, Dorival Júnior descansava Luciano (talvez pensando na última rodada da fase de grupos da Sul-Americana) e apostava num 4-2-3-1 que trazia Pablo Maia e Jhegson Méndez na “volância”, Wellington Rato e Rodrigo Nestor pelos lados e Alisson logo atrás do argentino Calleri.
Conforme mencionado anteriormente, o gol do Cruzeiro logo aos três minutos acabou condicionando todo o restante da partida na Arena Independência. Com isso, a equipe comandada por Pepa se fechou na frente da área do goleiro Rafael Cabral e apostou nos contra-ataques em velocidade. Com o meio bastante congestionado, o São Paulo passou a explorar mais os lados do campo. Wellington Rato e Caio Pauista exploravam bem o setor e obrigavam Wesley e Bruno Rodrigues a baixarem quase na linha dos zagueiros. Com o “ônibus estacionado” na frente da área e com os volantes saltando para a pressão nos momentos certos, a Raposa conseguiu conter o Tricolor Paulista nesses primeiros minutos.
É interessante notar que o Cruzeiro tinha espaços para contra-atacar. Não foram poucas vezes em que Mateus Vital recebeu a bola no meio-campo com certa liberdade para lançar e/ou fazer o passe em profundidade para Wesley e Bruno Rodrigues (que exploravam bem as costas de Rafinha e Caio Paulista). No entanto, é nesse ponto que o time de Pepa mais pecava: nas conclusões das jogadas de ataque. Um passe errado, uma finalização errada, uma tomada de decisão ruim, tudo isso influenciava no desempenho do escrete celeste neste sábado (24). Conforme o tempo ia passando na Arena Independência, o São Paulo ia crescendo e empurrando o Cruzeiro para trás. Faltava eficiência e tranquilidade.
Logo depois do intervalo, Dorival Júnior fez a alteração óbvia: sacou Alisson (que estava completamente desconfortável jogando por dentro) e mandou Luciano para o jogo. O São Paulo cresceu na partida e passou a pressionar ainda mais o Cruzeiro, que seguiu fechando a entrada da área. A diferença agora, no entanto, estava no fato de que o Tricolor Paulista estava mais atento aos cruzamentos e fazendo mais viradas de jogo. Rafael Cabral fez grandes defesas em duas finalizações de Calleri e uma de Wellington Rato. As entradas de Henrique Dourado e Stênio pouco ajudaram a Raposa a manter a bola no ataque. Não foi por acaso que o Tricolor Paulista mandou no segundo tempo. Faltou “apenas” colocar a bola na casinha.
É verdade que o Cruzeiro tem seus méritos na organização defensiva e na contenção de um adversário de respeito dentro da Arena Independência. Por outro lado, este que escreve ficou com a sensação de que ficou faltando mais alguma coisa na equipe de Pepa. Não que o treinador português tenha errado em alguma substituição ou na montagem da estratégia. A questão é que o elenco celeste não parece ter peças suficientes e/ou de qualidade para encarar a pegada de um Brasileirão. Os três pontos vieram depois de um longo e tenebroso inverno apenas pela eficiência da equipe e pela falta de efetividade do São Paulo. Está claro que a Raposa precisa fazer uma boa janela de transferências nesses próximos dias.
Mesmo assim, por mais que eu e você tenhamos a certeza de que o Cruzeiro precisa produzir mais se não quiser sofrer como sofreu em temporadas passadas, precisamos exaltar a organização da equipe de Pepa. O português não tem tanto tempo assim à frente da equipe celeste e já conseguiu tirar coisas boas de jogadores nem tão conhecidos assim. Se tiver peças de reposição e ganhar reforços de qualidade, é bem possível que o treinador da Raposa possa fazer esse time crescer. Por hora, ele faz aquilo que precisa ser feito dentro de um contexto ainda não tão favorável.