Home Futebol Chegada de Messi ao Inter Miami deve ser divisor de águas na MLS

Chegada de Messi ao Inter Miami deve ser divisor de águas na MLS

Chegada do craque deve beneficiar não só o Inter Miami, mas também toda a MLS

Flavio Souza
Formado em Gestão de TI e cursando Jornalismo. Desde 2006 escrevo sobre esportes em geral, ingressando em dezembro de 2018 no site Torcedores.com, onde atualmente exerço função de Colaborador Sênior. Atualmente meu foco é no futebol brasileiro e internacional, mas procuro falar sobre outras modalidades, como esportes olímpicos, por exemplo. Meu foco é trazer informações relevantes sobre os clubes fora de campo, como entrevistas, análises financeiras, desempenho das equipes em redes sociais e análises táticas.

Mesmo sem entrar em campo, Lionel Messi já causa um grande impacto na indústria esportiva e pode revolucionar a MLS.

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Um levantamento da empresa Big Data Sports aponta que a chegada do craque argentino tem tudo para mudar algo que vem sendo trabalhado pela liga norte-americana há tempos.

A chegada de Pelé em 1975, contratado pelo Cosmos foi o primeiro grande movimento nesse sentido. Já em 2007 aconteceu a chegada de Beckham, contratado pelo Los Angeles Galaxy.

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Mas a ida de Messi, um ícone do futebol mundial, é tratada como algo que pode realmente colocar a liga em outro patamar. Isso tanto dentro como fora de campo.

Modelo de negócio para viabilizar ida de Messi

É importante diferenciar a transferência do craque para o PSG da sua negociação com o Inter Miami.

Quando um jogador do porte de Messi muda de time, é claro que existe um aumento em venda de camisas e crescimento nas redes sociais. Mas sem a conquista da tão sonhada Champions League, sua passagem pela equipe terminou sem uma mudança significativa ou mesmo um legado.

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A situação é diferente ao olhar para o Inter Miami, já pensando no que foi feito para que essa transferência acontecesse:

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  • Adidas como patrocinadora técnica global das 29 franquias e com embaixadores totalmente identificados com a marca, como Beckham e Messi.
  • Apple TV+ como única proprietária dos direitos de dez anos e distribuidora do conteúdo da MLS, em um negócio sem precedentes em ligas esportivas profissionais do planeta.
  • Um futuro para Messi como acionista e membro da diretoria do Inter Miami, em uma possibilidade aparentemente não cogitada, e até inviável, nos clubes do formato europeu.
  • A MLS como organização esportiva que busca o equilíbrio econômico e esportivo em toda a liga com seus jogadores DP (jogadores franqueados), tetos salariais e benefícios coletivos para os clubes.

Messi vende camisas e todos os clubes ganham

A Adidas é a patrocinadora técnica da MLS desde sua criação em 1996. Veste todos os clubes do campeonato. A última renovação de contrato foi em janeiro de 2023 e com prazo estendido de seis anos. A Adidas paga à MLS, segundo cifras do mercado, 833 milhões de dólares por esse período.

Se Messi receberá parte de sua receita com a venda de camisas com seu nome, a situação não é diferente para clubes que não sejam o Inter Miami: todas as franquias recebem 15% da receita gerada com a venda das camisas. Isso significa que a venda das camisas de Messi no Inter Miami também é um benefício para os demais clubes.

Outro fato que fala do significado coletivo da MLS e de como as franquias não competem entre seus membros, mas buscam crescer juntas: em dezembro de 2023, o acordo que a liga fez com o Ai.io, ferramenta de prospecção que permite você detectar talentos à distância e em todos os cantos dos Estados Unidos a partir de um smartphone.

Foco no entretenimento

O Inter Miami ocupa a última posição da Conferência Leste, mas como é padrão nas ligas norte-americanas não existe rebaixamento.

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Outro ponto importante é que nos Estados Unidos eles pensam muito no esporte ligado ao show, ao entretenimento e a chegada de Messi tem grandes chances de trazer um impacto positivo na MLS nesse sentido.

Cada jogo onde o craque estará em campo será uma oportunidade tanto para os fãs, mesmo de outros times, terem a oportunidade de ver um jogador desse nível de perto.

Esse é um fato que não é inédito no esporte norte-americano. Um exemplo claro foi a década de 1990, quando Jon Spoelstra, um famoso profissional de marketing esportivo da NBA, projetou campanhas de marketing para a venda de ingressos do New Jersey Nets com base na influência e na imagem de Michael Jordan, que jogou pelo Chicago Bulls. Comprar ingressos locais para ver um time ruim -o dele- e que não acendeu paixões, foi o passaporte para ver o fenômeno Jordan quando ele visitou a cidade.

O valor dos ingressos para aquela ocasião subiu porque sendo torcedor do NJ Nets -hoje Brooklyn Nets- duas vezes por temporada era possível ir ao estádio ver Michael Jordan.

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Detalhes da MLS

A liga norte-americana foi criada em 1996, buscando aproveitar o “boom” da Copa do Mundo realizada no país em 1994. Mas antes disso o futebol teve um primeiro momento midiático com o Cosmo, que contou com Pelé, Beckenbauer e Giorgio Chinaglia nos anos 70.

Posteriormente o que se viu foi uma aposta em nomes de peso do futebol europeu. Um dos exemplos foi David Beckham, atual dono do Inter Miami.

A chegada de Messi chega em um momento em que a MLS tem um salto no seu número de franquias. De 10 clubes a MLS terá 30 em 2025, com a chegada de San Diego.

Outros pontos a serem destacados da liga:

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  • É uma “Sociedade de Responsabilidade Limitada” (LLC) organizada sob a figura de “Single Entity” ou entidade única;
  • A Liga é dona de todas as franquias;
  • Proprietários de franquias são investidores que pagam uma taxa para operar a franquia;
  • Cada franquia deve ter seu estádio;
  • Não há promoções ou rebaixamentos, é um campeonato fechado;
  • Todo o seu sistema é baseado no princípio da não competição entre seus membros

Mudança de patamar financeiro

Quando David Beckham chegou na MLS, há mais de 15 anos, o valor mais caro de uma franquia era de 10 milhões de dólares. O Toronto FC pagou esse valor em 2005.

San Diego se estabelecerá na MLS em 2025 como o 30º clube e o valor dessa franquia já é meio bilhão de dólares. Como em muitos outros setores, aqueles que chegaram lá primeiro fizeram negócios melhores. A vantagem de estar entre os pioneiros.

Messi e Apple TV+

O craque argentino é o primeiro jogador de futebol da história cuja transferência de um clube para outro é baseada em um modelo de assinatura de conteúdo. O acordo da MLS para a distribuição exclusiva de suas partidas e todo o conteúdo adicional por meio da plataforma Apple. O contrato é válido por dez anos por 2.500 milhões de dólares.

Todas as partidas serão transmitidas via streaming, nas mãos de um único detentor de direitos. A contratação de Messi permitirá ampliar a base de assinantes do Apple TV.

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  • No meio da temporada, a Apple TV oferece desconto na assinatura do MLS Pass;
  • Não é necessário ser assinante da Apple TV para acessar o MLS Pass, mas os assinantes do sistema pagam menos pela assinatura;
  • Cada assinante da Apple TV, pelo menos nesta primeira temporada, pode compartilhar sua assinatura com cinco membros.

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