Muita gente pensa que existe um hiato entre a era de Maria Esther Bueno e afirmação de Bia Haddad Maia nos dias atuais. Mas nas décadas de 70 e 80, o tênis feminino brasileiro foi composto por nomes como Patrícia Medrado, Niege Dias, Gisele Miró e Andrea Vieira.
E é, justamente, “Dadá” quem concede essa entrevista exclusiva ao Torcedores.com, perto de mais um torneio de Roland Garros. Foi no saibro do segundo Grand Slam da temporada que ela, hoje comentarista, atingiu a terceira rodada em 1989, na disputa de simples.
Vamos ao bate-papo na íntegra
Torcedores.com: Como foi o primeiro convite para ser comentarista?
Dadá Vieira: O primeiro convite veio através de um amigo meu, 15 anos atrás. Eles estavam montando uma equipe na SKY e ele me chamou. Naquele mesmo ano, fui cobrir Roland Garros. Nesse meio tempo, já passei pela Band e duas vezes na ESPN onde estou atualmente.
Torcedores: O quão feliz você está com o momento do tênis feminino? A Bia é o maior talento, desde o Guga?
Dadá: Sim, estou muito muito feliz com o momento do esporte. Sei que fiz parte disso, há muito tempo, mas a Bia teve uma evolução absurda. Três anos atrás, ela estava jogando torneios menores e hoje é uma das melhores do mundo. A Luísa (Stefani) com os resultados nas duplas, sem esquecer do bronze que ela conseguiu com a Laura (Pigossi) nos Jogos Olímpicos de Tóquio. É uma alegria ver tudo isso.
Torcedores: Uma dupla formada pela Bia e a Luísa, pode ser favorita a uma medalha em 2024?
Dadá Vieira: Com certeza, é uma dupla para ser olhada com carinho, apesar delas não jogarem juntas normalmente. Elas já provaram que combinam em quadra. Mas deixaria essa questão do favoritismo para quem já está acostumada a jogar junto e tem um ranking melhor, no momento.
Torcedores:- Se o tênis não aproveitar esse novo “boom” da modalidade, de quem será a maior culpa?
Dadá: Eu não vejo que teremos culpados. O importante é ter em quem se espelhar. Além das meninas, tem o Thiago Monteiro que está jogando muito bem, o (Thiago) Wild acabou de passar o qualy de Roland Garros. Felipe (Meligeni) em um bom momento. O Rafael Matos nas duplas. Os juvenis vem vindo aí. O João Fonseca tem um baita potencial. Esse “boom” é importante por isso.
Enfim, cada um faz a sua parte. Trabalho com a base no São Paulo e sei que o tênis brasileiro precisa ser olhado com mais carinho. Talento tem de sobra.
Torcedores: Qual sua expectativa para Roland Garros?
Dadá: A expectativa é a melhor possível. A Bia vem muito bem de Roma e está confiante. A gente sabe que Grand Slam mexe muito com a cabeça. Tem dias bons e ruins, mas o importante é torcer pelo tênis brasileiro. Vamos comentar mandando boas energias.
Torcedores: Como está o tratamento do câncer?
Dadá: Estou na fase de manutenção. No fim de 2022, descobri um mieloma múltiplo e fiz o transplante de medula óssea, passei pela quimioterapia e tenho tomado remédio. Espero continuar bem. A equipe médica é competente. Tenho muita coisa a fazer pelo tênis, ainda.